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Por: Eduardo Quive

 

A peça “O embondeiro que sonhava pássaros”, exibida na passada sexta-feira, no Centro Cultural Franco-Moçambicano, teve em palco os astros do teatro nacional a contracenar as nossas esperanças e certezas. Uma obra escrita e encenada por Evaristo Abreu e inspirada num conto de Mia Couto. Esta peça fez mais do que dar teatro ao público, reabriu um drama da cultura moçambicana, o debate sempre adiado e o descortinar de um futuro cheio de incertezas. Muito tem se falado destes tempos como a grande dúvida, Lipovetsky (1983) chegou mesmo a escrever o ensaio “A era do vazio”, onde parecer é ser, tudo é efémero, passa tão rápido que sequer chegou a acontecer. Mas já lá vamos, primeiro, exaltemos o espectáculo que, de certeza, mostrou-nos que a alma do teatro moçambicano está em chamas e que todas as gerações dão-nos garantias.

Ver em palco Adelino Branquinho, Yolanda Fumo e Elliot Alex, a contracenar com Horácio Guiamba — que já não tem mais nada a provar —, Fernando Macamo e Lucrécia Noronha, estes dois que já performaram em alguns espectáculos e a estudante Shércia Carolina que se mostrou à altura do desafio, é um acontecimento marcante. São actores de gerações diferentes, o que deixa à vista que o teatro vive, sobrevive e pode ganhar outras vidas, como por exemplo, o facto de as salas de teatro estarem em extinção ou a servir para outros fins, a falta do necessário apoio institucional e mecenas, tudo isto, curiosamente, quando já há um curso superior de teatro e muitos actores à disposição.

Em palco estava o passado que facilmente se confunde com o presente e, se não houver “vigilância” —  os acontecimentos diários mostram isso — pode se repetir esse passado tenebroso: escravatura, exploração e segregação. O resto é actual, as personalidades feitas de ira – de fúria irracional —, a coisificação do outro, o racismo, a bajulação e o cumprimento de ordens sem questionar. Em meio a tudo isso há um belo que se não vê: o encanto na natureza, nas coisas simples como os pássaros de várias espécies a voar livremente e a cantar para os humanos tomados pela insanidade instalada, o tempo que nos falta para contemplar de forma desinteressada o belo, mas também a classificação dos seres. Como pode uma criança branca brincar com uma negra? Como se não bastasse, falarem a mesma língua, apreciarem a mesma natureza e ainda mergulharem nas realidades de cada sociedade. A partir do diálogo dessas duas personagens, a preta e cuidadora de pássaros — Yolanda Fumo — e a criança branca — Shércia Carolina — encontram-se dois mundos: no mundo dos brancos representado por Adelino Branquinho, sempre zangado, com o chicote e a esbracejar “igual a uma coruja”; e, por outro lado, estão os pretos, representados por Yolanda Fumo, que compreende o desejo e a essência dos humanos, igual aos pássaros, nascidos para serem livres.

É uma família dominante, branca, vive amargurada e na encruzilhada do racismo, sobretudo por se julgar uma classe superior, que tem o direito à terra, os recursos, incluindo as pessoas pretas que são objectos de uso, força bruta, sem sequer capacidade de raciocinar — Elliot Alex, Fernando Macamo e Lucrécia Noronha —, que vai se ver desestruturada por uma criança que decidiu ignorar as diferenças, olhou com os olhos inocentes de uma criança o mundo à sua volta.

É possível ler-se os papéis de Elliot, Fernando e Lucrécia nas entrelinhas das personagens da vida real, capazes de aplaudir e executar tarefas sem questionar, por vezes, com danos sobre gente da mesma classe social que a sua. A ideia de estar com quem manda e que faz pensar que temos poder e por isso os outros seres humanos não valem nada, está muito bem representada.

O narrador Horácio Guiamba conseguiu ser o pivô da trama, sem deixar que ela se transformasse numa história contada, antes, um elemento para conectar os acontecimentos que ocorrem num ritmo frenético. Escusado é dizer que começa a ser moda o narrador Horácio Guiamba em palco (o actor cumpriu quase o mesmo papel em “Aqueles dias da rádio”, musical dirigido por Zé Pires). O acompanhamento musical de Cheny wa Gune e Xixel Langa foi certeira por torná-los presente no espectáculo, preencheu as cenas.

Foi, em suma, um trabalho ao nível do senhor de teatro que é Evaristo Abreu. O que nos leva à questão seguinte.

  1. As condições em que a peça foi exibida foram as melhores possíveis, é verdade. Aliás, não é em vão que o CCFM é dos melhores espaços culturais da cidade. Porém a sala grande não foi capaz de dar as condições que o teatro precisa: a acústica necessária para a projecção das vozes, para que as palavras sejam ouvidas e compreendidas. Apesar de todo empenho e esforço até, muitas foram as palavras que coube ao espectador mais atento tirar as certezas se foi dito. As falas de Adelino Branquinho, por exemplo, e até do Elliot Alex, foram disso exemplo. O Horácio cuja presença era sobretudo em discurso, não sei se não lhe sobraram dores pelo esforço para se fazer ouvir. E, aliado a tudo isso, como havia a voz no microfone e os instrumentos musicais, o desnível foi evidente. Ao contrário do que se viu e se vê com os especáculos do género quando acontecem no auditório. Esse, sim, era o sítio indicado.
  2. O cenário podia ser melhor, a sensação de um imenso vazio é inquietante. Sim, é a nossa realidade, fazer muito com pouco, mas foi notável o sofrimento dos actores naquele palco, ora à procura de prencher espaços ou a cuidarem para não se deixar derrubar nas poucas coisas ali presentes, porém de uma precariedade patente. Por outro lado, foi como se aqueles elementos fossem estranhos aos actores. Não será pelo tempo de ensaio com o cenário do espectáculo?
  3. Quando vai parar a sina de ver só uma vez os bons espectáculos de teatro, penso eu com os meus botões enquanto oiço os murmúrios dos espectadores. Compreendo as várias razões por detrás das instituições e do cenário artístico nacional, mas é um desperdício dos níveis de quem deixa uma torneira aberta com a água a escorrer pelas areias. Não é assim só com este espectáculo, foi assim com “Aqueles dias de rádio” (2023), por exemplo, uma das melhores obras de arte em palco que se produziu nos tempos actuais. Como é possível um elenco daquele nível, os ensaios de meses, a publicidade feita — a acrescer a que continua a ser feita por via de comentários positivos dos que viram o espectáculo — resultar em apenas uma apresentação? Será que o custo de uma repetição é maior que o de tudo o que se investiu para conceber o trabalho? Esta questão não é dirigida ao CCFM, é sobretudo uma reflexão que todo o sector cultural deve fazer. Um pouco por todos os centros culturais os espectáculos são exibidos só uma vez, nunca percebo as razões, mas se elas se prenderem com o factor “oportunidade para todos”, “cabimento orçamental” ou “público”, então é uma questão talvez mais fácil de resolver. Mas se a razão for do tipo fazer muito eventos e acolher a todos ou for por importar os hábitos da música para o teatro, então a situação é grave. Enquanto a música pode ser gravada e ouvida através de várias plataformas, a qualquer momento, o teatro precisa de palco para ser visto, e o bom teatro, ainda mais.

Quando a arte é exposta desta maneira, incorre-se ao risco de banalizar-se o talento, o trabalho árduo e comprometer o profissionalismo nas artes, como analisa Mário Vargas Llosa em A Civilização do Espetáculo (2012).

Pensar em tudo isto, na esteira de “o embondeiro que sonhava pássaros”, que instiga a memória colectiva, revisita a história, reflecte a contemporaneidade dos comportamentos, das trivialidades e desperta-nos para uma sociedade em modo loop — as diferenças entre classes, o medo de sonhar, os limites às liberdades —, é no mínimo exercer o próprio papel do teatro, despertar-nos para o drama da vida, dos indivíduos, das sociedades, enfim, levar ao palco os nossos dilemas e contextos.

Um trabalho como o visto no dia 12 de Abril de 2024, deveria ser possível revisitá-lo, pelo menos, mais três vezes. Ao contrário disso, quando tudo é dado assim, aos bocados, honestamente, é fácil cair na banalidade, no vazio enfim, no esquecimento.

 

 

 

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Por: Hélder Nhamaze

 

Heródoto, um geógrafo de Halicarnasso, recebeu o título de “Pai da História” pelo Orador Romano Cícero, graças à sua detalhada descrição das Guerras Greco-Persas. Dessa forma dava-se início ao estudo e documentação sistemática do passado humano. O estabelecimento da História como uma disciplina académica e como uma prática científica particular, não foi feito sem os obstáculos epistemológicos que circundam esses processos. Várias foram as correntes que se posicionaram sobre o objecto de estudo da História, linhas de pensamento que questionaram o lugar do sujeito do conhecimento na ciência histórica, ou criticaram a validade das fontes históricas usadas em períodos ou lugares determinados.

Por volta de 1840 o filósofo e ensaísta Escocês Thomas Carlyle lançou aquela que viria a ser conhecida como a Teoria do Grande Homem. Segundo ela a História pode ser amplamente explicada pelo impacto de grandes homens ou heróis, indivíduos altamente influentes e únicos que, devido aos seus atributos naturais, como intelecto superior, coragem heróica ou inspiração divina; têm um efeito histórico decisivo. Nas suas próprias palavras “A história do mundo é apenas a biografia dos grandes homens”1. Essa corrente historiográfica viria ser rebatida pela chamada História Vista de Baixo, também conhecida por História Popular, cunhada por Lucien Febvre em 1932. Na visão desta última a construção da História deveria ter como base as “pessoas comuns”, os oprimidos, os pobres e os excluídos; grupos até então nunca inclusos na narrativa da História.

Porque é que iniciamos com este longo intróito sobre a História? Porque esse é precisamente o cruzamento onde nos coloca Adelino Timóteo com este seu “Jorge Jardim: O Ano do Adeus ao Ultramar”. Timóteo nos resgata uma figura multidimensional, se formos parcimoniosos nas palavras. Ficam dúvidas se se está perante um “grande homem” ou um “homem comum”, se se trata de um nacionalista ou um ambicioso colonialista, um maquiavélico monstro ou um visionário sem igual. Ao nos apresentar “O Ano do Adeus ao Ultramar” com uma riqueza de fontes, relatos e narrativas inéditas, Adelino Timóteo obriga a que à entrada do nosso meio século de vida como Nação formalmente independente componhamos o nosso quadro histórico.

A Historiografia de Moçambique possui algumas características que são bastante peculiares, e nalguns casos únicas. O processo de erecção de uma nova Nação teve os seus alicerces num processo de legitimação do Partido-Estado através de uma epopeia libertadora, que João Paulo Borges Coelho designa de Roteiro da Libertação2. A luta pela independência nacional da qual resultou um regime de partido único, implicou igualmente que a sua história tivesse que se revestir de tons monolíticos que eram operacionalizados como instrumentos políticos e ideológicos de exercício de poder.

Tal como acontecera com os Estados-Nação Europeus alguns séculos antes, Moçambique ergueu-se por cima de uma narrativa histórica precisa. Uma epopeia fundacional que continha uma identificação clara de quem foram os heróis, quem foram os “traidores”, quais foram os eventos marcantes, que conquistas e vitórias foram alcançadas e em que circunstâncias houve massacres e assassinatos, com os seus respectivos mártires. Apesar de poder haver mérito em discutir-se e submeter-se ao crivo da veracidade cada um desses elementos, o aspecto mais impactante da historiografia Moçambicana aí patente é a sua pobreza. Não é tão relevante onde e quando se deu o primeiro tiro da Luta Armada de Libertação Nacional, como o é o facto de não haver uma pluralidade de fontes e recursos que possam ser usados para aferir tal facto.

Essa é uma grande lacuna que Adelino Timóteo contribui para suplantar com o seu “O Ano do Adeus ao Ultramar”. Probabilisticamente inspirado por Chimamanda Ngozi Adichie e o seu “Perigo de Uma História Única”, Timóteo nos narra sobre o fim do colonialismo a partir de um ângulo diferente daquele único paradigmático e dominante a que a maioria de nós teve acesso. Com testemunhos e documentos inéditos a obra enriquece a nossa memória colectiva desse período, e aguça a nossa compreensão de vários processos subsequentes.

Moçambique está em vias de completar meio século de vida. Essa etapa marcante da nossa vida como “Comunidade de Destino”, nas palavras do nosso filósofo mor, deve coincidir com uma reflexão sobre a nossa História, o nosso Património e a nossa Identidade. Essa reflexão deve ser feita de forma aberta, franca, sincera e inclusiva, mantendo sempre o princípio da comunhão de Destino (o povo sempre diz “Estamos Juntos”). Temos que olhar para a nossa História de frente e coabitar com ela incluindo os momentos menos gloriosos, de derrota ou simplesmente complexos e problemáticos; para deles aprendermos. E talvez depois desse exercício encontraremos a resposta para a pergunta sobre porque é que estamos a ter tantas dificuldades em definir o nosso Futuro.

Geração para a Nação

Kudumba Root

Muito obrigado!

 

Referências

  1. Carlyle, T (1897) Heroes and Hero worship. New York: The Macmillian Company.
  2. Coelho, J (2019) “Política e História Contemporânea em Moçambique: Dez Notas Epistemológicas” in Revista de História, N. 178.

*Notas apresentadas no lançamento de Jorge Jardim: o ano do adeus ao ultramar, de Adelino Timóteo,  no dia 11 de Abril de 2024

 

A Associação Kulemba, em parceria com a Cornelder de Moçambique, lançou, esta semana, a segunda edição do Prémio Literário Mia Couto, cujas inscrições estão abertas até 10 de Maio.

O Prémio Literário Mia Couto pretende estimular a produção literária de qualidade em Moçambique, distinguindo as melhores obras publicadas anualmente. O Prémio tem duas categorias (prosa e poesia), devendo-se distinguir uma obra em cada categoria. Para a categoria da prosa, nos anos pares, o prémio será atribuído ao melhor livro de conto, e, nos anos ímpares, ao melhor romance. Assim, em 2024, o Prémio distinguirá um livro de contos.

O Prémio Literário Mia Couto é outorgado a livros de autores moçambicanos, publicados em língua portuguesa, devendo a primeira edição ter sido publicada entre os dias 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2023. Os livros concorrentes devem ter sido publicados em versão impressa. O livro concorrente deve ser original, não podendo apresentar nenhuma parte já publicada antes em livro. Do mesmo autor, não deverá ser distinguida mais do que uma obra.

Os concorrentes deverão preencher uma ficha de inscrição, que deverá ser entregue juntamente com cinco (5) exemplares do livro, num envelope fechado, constando no sobrescrito a categoria a que concorrem. As inscrições relativas a esta segunda edição deverão decorrer de 10 de Abril a 10 de Maio de 2024.

A avaliação das obras será feita em duas fases, sendo a primeira para apurar os cinco finalistas de cada categoria e a segunda para indicar os vencedores do prémio. As obras finalistas serão anunciadas no site e nas redes sociais da Associação Kulemba no dia 05 de Julho. Os vencedores do prémio serão divulgados até 05 de Agosto de 2024. A cerimónia de premiação dos vencedores irá decorrer em Setembro de 2024, durante a Feira do Livro da Beira, FLIB 2024.

O processo de avaliação dos livros inscritos será feito por um Júri constituído por cinco elementos, designados pela organização, devendo decidir com a presença de maioria dos membros. O Júri deverá seleccionar um vencedor por cada categoria. Os vencedores serão agraciados com valores pecuniários, na ordem de 400.000 MZN (quatrocentos mil meticais) para cada categoria.

Na primeira edição do Prémio foram distinguidos Bento Baloi (prosa) e Belmiro Mouzinho (poesia).

 

Por: Natércia Manhenje

 

Nas telas que nos são apresentadas, Mourana nos oferece uma poesia lírica cantada através de traços únicos que fazem uma ode à Mulher e ao que de mais profundo e belo ela pode representar e apresentar. A música está patente de forma explícita em alguns quadros e de forma implícita em quase todos os quadros onde vemos representado o sorriso, a alegria, a escuta, a dança, a melodia, o amor e até um olhar de esguelha.

Pode-se dizer que cada quadro apenas se encontra acabado depois de analisado pelo observador, tendo em conta o momento e o diálogo travado entre ambos. Um diálogo que dispensa a figura do artista, que se isola, totalmente da tela e deixa o seu outro Eu navegar num mundo que nem ele mesmo conhece, mas que é movido por esse Eu que o leva a desencadear uma série de traços, aparentemente sem significado, mas que se vão unindo, trazendo realidades que só quem os vê, aprecia e analisa, os consegue alcançar. Em cada traço e mistura de cores nota-se um discurso misterioso, que melhor se entende com uma observação mais cuidada e profunda.

Trata-se de uma exposição essencialmente figurativa, que contém raízes profundas no mundo real com um toque de grande misticismo, regado com toque de crítica social virada para o mundo globalizado, como o quadro garotas da Town, por um lado e, de forma particularizada, como é o caso dos quadro Filhas da Lua, e ainda de forma especializada, como o caso dos quadro Xiguiane.

Sua técnica, que é bem persuasiva e com uma característica muito pessoal e de estilo que o enquadra no mundo surreal, com a particularidade de nos levar para um caminho sem retorno e sem vontade de voltar ao mundo real. O uso de cores e formas, que nos levam a interpretar de um modo mais amplo tudo o que está em nosso redor, nunca descurando o seu próprio estilo e traço, levam a cada um a transportar-se para um infinito de imagens de um modo aberto, criando emoções que exaltam a alma, em consonância com as suas vivências.

A mulher e a música casam nas telas de Mourana e trazem um elemento arquitectónico que abre outras realidades, que muitas vezes são apresentadas em situações inusitadas, numa combinação de fragmentações e montagem do real, desarticulado, suscitando o estranho, de uma imagem que é ao mesmo tempo nova e familiar.

Cada tela é como um capítulo solto de uma obra completa, mas, ao mesmo tempo em construção, levando-nos a uma viajem que pode surpreender, a cada momento, criando a espectativa de uma obra progressiva.

O convite a genesis com a representação de parte de criação do mundo com Pecado de Adão que nos sugere de onde tudo começou, até a Longa espera de uma realidade escondida no Livro dourado da sereia onde pode se antever uma Peregrinação infinita, em melodias surdas que nos levam a hoyozelar a filha da lua com a magia dança da Bailarina divina sob o Olhar de esguelha das siamesas nos levam das emoções de um Lirismo amoroso ao apocalipse da Metáfora do amor das Melodias Curvilíneas.

 

*Texto lido na sessão de abertura da exposição “Melodias curvilíneas”, de PMourana, na FFLC, no dia 5 de Março de 2024.

 

O Serviço Nacional de Investigação Criminal passa a contar com um laboratório digital forense. Para o ministro do Interior, Pascoal Ronda, o laboratório inaugurado ontem vai ajudar na resposta aos crimes, cuja complexidade requer o uso de meios tecnológicos modernos.

Trata-se de uma laboratório equipado com material tecnológico moderno, orçado em cerca de 700 mil dólares norte-americanos. A infra-estrutura vai aumentar a capacidade do SERNIC para esclarecer vários crimes, segundo Pascoal Ronda, ministro do Interior que falava no evento de inauguração do laboratório.

“O Laboratório Forense que acabamos de receber enquadra-se no conjunto de medidas que o Governo de Moçambique tem estado a implantar no quadro da modernização institucional do Serviço Nacional de Investigação Criminal, com vista a reforçar a capacidade de resposta a casos criminais que são cometidos com recurso a meios tecnológicos modernos, cuja complexidade requer a utilização de ferramentas forense especializada” , pronunciou-se o ministro do Interior, durante o evento.

O laboratório foi financiado pelo Governo chinês, representado pelo embaixador Wang Hejun, que espera ver melhorado o combate à criminalidade em Moçambique.

“Este é mais um resultado da cooperação entre os dois países no campo da paz e segurança. Acredito que esse lote de materiais ajudará a capacitação da Polícia de Moçambique, criando condições mais favoráveis para salvaguardar a segurança pública em Moçambique”, disse  o representante do Governo do país asiático.

Numa altura em que o país se depara com a ascenção do crime organizado, com destaque para onda de raptos, tráfico de droga, incluindo o terrorismo, a China diz estar disponível para aprofundar a cooperação com Moçambique no capítulo de segurança, factor que vai influenciar no melhoramento do ambiente de negócios.

O sorteio do Moçambola 2024 determinou que o Costa do Sol e a Black Bulls vão protagonizar o primeiro grande jogo da prova, na jornada inaugural, enquanto o campeão nacional, Ferroviário d Beira, começa a defesa do título em Nampula, para defrontar o seu homónimo. A cerimónia de abertura do Moçambola 2024 terá lugar na cidade de Pemba entre o Baía e a Associação Desportiva de Vilankulo.

O Moçambola 2024 arranca a 20 de Abril, ou seja, dentro de oito dias, e já se conhece o cruzamento das equipas. E para começar um clássico da cidade de Maputo entre o Costa do Sol e a Black Bulls.

Trata-se do embate entre o campeão nacional de 2019 e o campeão nacional de 2021 que vão se cruzar no Matchiki Tchiki, pela segunda vez este ano, depois do jogo das meias-finais do provincial da cidade de Maputo, ganho pelos “touros” nas grandes penalidades.

O Ferroviário da Beira, campeão nacional, vai iniciar a defesa do título com uma deslocação, a Nampula, onde vai ter pela frente o homónimo local. Ainda entre “locomotivas”, a primeira jornada reserva um Ferroviário de Lichinga e Ferroviário de Maputo a jogarem entre si.

No centro haverá outro derby, entre Textafrica do Chimoio e União Desportiva de Songo. Duas equipas que se defrontam pela terceira vez num espaço de um mês. Há duas semanas, em Songo, os “fabris” do Planalto vencerem à tangente, e na semana passada, na Soalpo, com os “hidroeléctricos” deram o troco na mesma moeda, ambos jogos de controlo.

Entretanto, o Moçambola vai arrancar, efectivamente, em Pemba, Cabo Delgado, onde vai decorrer a cerimónia de abertura e o jogo entre o Baía e Associação Desportiva de Vilankulo.

Para fechar os jogos da primeira jornada teremos o embate entre primodivionários: Brera Tchumene FC e Desportivo de Nacala, duas equipas que ascenderam ano passado ao Moçambola.

A prova terá uma boa nova a partir desta edição.

Estão, assim, lançados os dados para o Moçambola 2024 que terá 132 jogos ao longo das 22 jornadas, e um campeão nacional que vai receber cinco milhões de meticais de prémio.

Jacob Zuma acusa o seu sucessor, Cyril Ramaphosa, de desrespeitar a Justiça por não comparecer ao tribunal, num processo aberto pelo ex-Presidente sul-africano contra o actual.

Foi no ano passado que o ex-presidente da África do Sul, Jacob Zuma, decidiu abrir um processo contra o actual chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, por não ter reagido a uma suposta má conduta do procurador público Billy Downer.

O magistrado, segundo Zuma, terá tentado afastar um processo judicial sobre suborno e alegada corrupção pública na compra de armamento pela África do Sul.

A decisão sobre a acção judicial particular do ex-Presidente Zuma contra Ramaphosa foi adiada pelo Tribunal Superior de Gauteng, em Joanesburgo, para 6 de Agosto. O ex-Presidente Zuma considera que o seu sucessor desrespeita a justiça da África do Sul por não ter comparecido no tribunal e considerou que a liderança Ramaphosa é um problema para o país.

Diz, também, que assumiu recentemente a sua dissidência do antigo movimento nacionalista africano, ANC, no qual militou desde os anos 1960, e criou a nova formação política uMkhonto weSizwe (MKP) para, segundo diz, salvar a nação do ANC de Ramaphosa.

A Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) entregou, na manhã de quarta-feira, dezenas de livros infanto-juvenis e materiais de apoio didáctico à Associação para o Desenvolvimento da Leitura e Escrita (ADELE).

Segundo uma publicação da Escola Portuguesa de Moçambique, o apoio, enquadrado na sua missão de cooperação no domínio da Língua Portuguesa, visa, igualmente, contribuir para desenvolver habilidades de leitura e escrita nos alunos e professores de escolas moçambicanas, no âmbito da promoção da literacia, e incentivar o hábito da leitura.

“Os exemplares doados, maioritariamente vocacionados para crianças e jovens, e editados pela nossa Escola, incluem temáticas diversas, desde o imaginário popular das histórias tradicionais de Moçambique, até aventuras e sonhos. A doação dos livros enquadra-se na iniciativa da ADELE de reforçar a literacia nas escolas moçambicanas, promovendo actividades com alunos e professores”, lê-se na mesma publicação da Escola Portuguesa de Moçambique.

Os livros foram entregues à representante da Associação para o Desenvolvimento da Leitura e Escrita (ADELE), Maria José Pereira, por Luísa Antunes, presidente da Comissão Administrativa Provisória da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP).

 

No próximo dia 18 deste mês de Abril, às 16 horas, no auditório do Centro Cultural Franco-Moçambicano, na Cidade de Maputo, será lançado o projecto Cultiv’arte.

A iniciativa Cultiv’arte é da União Europeia, devendo ser implementada pela Expertise France, em parceria com o Ministério da Cultura e Turismo. Essencialmente, Cultiv’arte visa promover o sector cultural em Moçambique.

A cerimónia de lançamento de Cultiv’arte irá contar com intervenções dos embaixadores de França, da União Europeia e da Ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula.

A iniciativa que terá duração de quatro anos, conta com o fundo de 5.000.000 euros, e tem como objectivo aumentar a contribuição do sector cultural para o desenvolvimento social e económico, especialmente para os jovens e as mulheres como motores de mudança.

O projecto CULTIV’ARTE pretende reforçar a governação e profissionalização do sector, incluindo a utilização de tecnologias digitais, através do reforço das competências dos recursos humanos (1); apoiar a cooperação e a criação de redes de operadores culturais a nível nacional e internacional (especialmente na região da África Austral e na Europa) (2); e reforçar as capacidades do Ministério da Cultura e do Turismo e de outros organismos públicos descentralizados, a fim de assegurar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento do sector cultural (3).

Os beneficiários directos da acção são intervenientes do sector das indústrias culturais e criativas, incluindo as autoridades públicas, empresários criativos, artistas e profissionais da cultura, bem como organizações da sociedade civil.

 

A propósito do Dia Internacional do Jazz, que se comemora anualmente a 30 Abril, o Centro Cultural Franco-Moçambicano realiza, no dia 20 deste mês, a partir das 17h, a sexta edição do Festival Jazz no Franco, a decorrer nos palcos do Jardim e Sala Grande.

Inaugurado em 2018, o Festival Jazz no Franco tem sido um marco na cena musical local, com uma rica programação de artistas nacionais e estrangeiros. Para a sexta edição, o evento conta com a participação de Frank Paco, Deodato Siquir, Fearless Souls e The Brother Moves On (África do Sul). “Adicionalmente, teremos um DJ Set com DJ Bob, da África do Sul, tanto às 17h como às 22h”, lê-se na nota do Franco.

Frank Paco começou a tocar bateria com a tenra idade de 11 anos, em Moçambique, e, em 1994, decidiu continuar os seus estudos em jazz matriculando-se na Universidade de Cape Town, onde obteve um diploma com distinção em “Performance de Jazz”. Em 2000, Frank foi convidado a gravar com os melhores músicos da África do Sul pela Sheer Sound Jazz Label, da qual sua composição “Milagre” foi escolhida para o vídeo-clip. O grupo também ganhou o South African Music Awards (SAMA), na categoria de “Melhor Álbum de Jazz Contemporâneo”, e recebeu um convite para o Den Hague e se apresentar no Festival de Jazz do Mar do Norte, em 2001. Na sua carreira como músico de estúdio, Frank gravou em mais de 40 álbuns, 10 dos quais receberam prémios e 4 foram nomeados. Percorreu muitos palcos do mundo e a sua carreira impressionante inclui destaques como o concerto 46664 Mandela AIDS ao lado de muitos grandes músicos do mundo, como a lendária banda Queen, Bono, Jimmy Cliff, Angelique Kidjo, Johnny Clegg, Brian May e Peter Gabriel. Depois de décadas a viver na África do Sul, reside actualmente na Ilha da Reunião

Deodato Siquir, nasceu em 1975, em Maputo. Cresceu em uma família musical e começou a tocar bateria improvisada na infância. Juntou-se à sua primeira banda em 1988 e aos 15 anos já se apresentava com orquestras profissionais e músicos internacionais.

Entre 1990 e 2000, trabalhou como acompanhante de diversos artistas em Moçambique. Em 1997, fundou sua primeira banda, Mozafro, e contribuiu para a compilação “Music from Mozambique”. Em 2000, participou do álbum “Mozambique Relief” para arrecadar fundos para vítimas de uma enchente. Em 2001, emigrou para a Escandinávia, onde se tornou um músico requisitado no cenário do jazz e world music. Lançou seus álbuns solo “Balanço” (2007) e “Mutema” (2011), que alcançaram sucesso internacional, entrando no Top 10 da World Music Charts Europe. Seu terceiro álbum original, “TOGETHER”, concorre actualmente ao World Music Charts Europe. Sua carreira na Escandinávia incluiu colaborações com uma ampla gama de artistas, consolidando sua reputação como um talentoso percussionista e compositor.

Fearless Souls é uma banda moçambicana de Jazz/Fusion cuja sonoridade é influenciada pela música tradicional e folclórica de Moçambique, bem como pelos mais diversos géneros musicais. A banda é formada por Vando Infante, Albano Gove, Lívio Monjane, Mahú Mucamisa e Roberto Chitsonzo Jr., tendo alguns já colaborado com grandes figuras da música a nível internacional como Jimmy Dludlu, Moreira Chonguiça, More Jazz Big Band, Stewart Sukuma, Sandra Saint Victor, Ghorwane, Judith Sephuma, Sipho “Hotstix” Mabuse, Pathorn Srikaranonda, entre outros.

The Brother Moves On é um grupo de arte performática sul-africano sediado em Joanesburgo, Gauteng. Fundado entre 2008 e 2010 por Nkululeko Mthembu, um artista versátil, e seu irmão Siyabonga Mthembu, o grupo começou como um colectivo de arte aberto, abrangendo artistas gráficos e performáticos. Hoje em dia, é mais conhecido como uma banda liderada por Siyabonga Mthembu nos vocais, acompanhado por Zelizwe Mthembu na guitarra, Ayanda Zalekile no baixo e Simphiwe Tshabalala na bateria. Este núcleo é frequentemente complementado por colaboradores de diversas disciplinas. Este grupo é reconhecido por seus shows ao vivo multidisciplinares, descritos como uma “fusão futurista de tradições ancestrais afrocentricas com influências transatlânticas”. Durante estes espectáculos, os membros principais e artistas convidados assumem papéis variados, combinando narrativa, teatro, desenho, instalação de vídeo e outras formas de mídia experimental.

 

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