O País – A verdade como notícia

Os analistas Esaú Cossa, Ricardo Raboco e Zito Pedro defendem que a Polícia deve ter cautela ao justificar ocorrências criminais sem apresentar provas concretas. Os analistas chamam ainda atenção para a descredibilização da corporação na esfera pública.  

As mortes por arma de fogo, na via pública e à luz do dia, de um lado de polícias e de outro de supostos criminosos, abrem espaço para inúmeras análises sobre a capacidade da Polícia de garantir a segurança pública.

“Em vez de parecer um avanço para um combate ao crime, é um sinal, um alerta vermelho sobre a situação de segurança  e justiça no país, porque uma justiça que é feita com balas não é justiça, é medo. Uma Polícia que mata antes de investigar não é uma Polícia preparada, mas perigosa. Acima de tudo, o Estado não pode esquecer o seu papel de garante da legalidade (…) É preciso seguir uma cadeia de justiça para garantir que haja justiça. O que está a acontecer não está a transmitir uma ideia de justiça, o que é perigoso para a segurança e a justiça no país”, explicou Esaú Cossa. 

Cossa diz que a Polícia deve ter cautela em justificar ocorrências sem apresentar provas concretas.

“Estavam devidamente identificados, ou existem provas que mostram que eles foram ali e tiveram confrontação com essas pessoas, ou se tratou de uma execução sumária por parte da Polícia. Esses cenários, de acordo com a história, provam que há um problema de operação aqui. O que preocupa é que quem deve justificar isso é a PRM ou é a Polícia de Investigação Criminal”, questionou o analista.  

O cientista político Zito Pedro vai mais longe e fala da possível existência de facções na corporação.

“Há possibilidade, por exemplo, de facções dentro da corporação, que começam a crescer e a lutar entre elas. Porque os que estão a ser assassinados são membros da corporação, fazem parte da secreta ou mesmo da polícia de protecção e tem havido esta aparente confrontação. Isto é preocupante, porque, chegando a um nível mais alto, a própria polícia não vai ter um controle total”, explicou. 

Ricardo Raboco avança hipóteses de purificação de fileiras. “É muito estranha aquela situação em que a Polícia aparece, faz operação e desaparece, e tempos depois é que aparece a Polícia de protecção a dar explicações que alimentam este mundo de especulação. Há questões que se podem colocar, que se, na verdade, há captura, a neutralização dos supostos bandidos não era de capital importância para a segurança do próprio Estado. Quem sabe aqueles grupos têm tentáculos que, a sua captura, poderia ajudar   a desmantelar outros grupos”, explicou Raboco. 

Os comentadores falavam no programa Noite Informativa desta sexta-feira.

Motoristas de Táxis por aplicativo na cidade e província de Maputo queixam-se de insegurança. Os transportadores falam de dias difíceis, devido a onda de assaltos.

Relatos de assaltos, agressões e roubo de viaturas é o que mais se ouve dos transportadores de táxi por aplicativos, na cidade e província de Maputo. 

Um vídeo amador, partilhado nas redes sociais,   retrata como um motorista foi assaltado, há cerca de uma semana, depois de ser fisicamente agredido, no bairro Pessene, província de Maputo. 

“Temos dentro da viatura esta corda, o pau que eles usaram para poderem dar os golpes, as cordas que usaram para amarrarem as pernas, a corda que usaram para amarrar as mãos, o sangue nas cadeiras. Uma pessoa estava aqui em frente e a outra estava aqui atrás. Seguraram esta corda e amarraram o pescoço dele, juntamente com a cadeira do motorista”.

Não poucas vezes, estes motoristas têm de trabalhar também de noite, deslocam-se para locais distantes e com passageiros desconhecidos. 

E porque as queixas só aumentam, consideram a actividade arriscada.  

“Hoje em dia, principalmente depois das manifestações, as noites são muito violentas. Muitas das vezes somos roubados as nossas viaturas, com recurso a armas brancas e de fogo. Há colegas que até perderam a vida”.

A Associação dos Motoristas por Aplicativo diz ter registado mais de 30 queixas de assaltos e agressões, este ano, e considera um problema grave. 

“Praticamente não existe nenhuma segurança. O passageiro faz um pedido, o táxi vai ao local da recolha e é levado para lugares recônditos, sem iluminação. Quando chegam no destino, já estão lá os comparsas dos bandidos que fazem o assalto. Já tivemos dois motoristas assassinados, vários outros amarrados e roubados os carros”.

Os motoristas lamentam o facto de um simples pedido de viagem poder resultar na perda das suas viaturas ou até em morte. 

Outra preocupação é com o surgimento de assaltantes que se fazem passar por motoristas. 

Os motoristas contestam também as tarifas cobradas pelo aplicativo e afirmam que as mesmas não correspondem aos quilômetros percorridos durante a viagem, o que torna a actividade insustentável.  

 

Fugiu do hospital provincial de Gaza, o agente da Polícia, que recentemente incendiou a casa dos pais, em Xai-Xai, em disputa por herança familiar. De volta a casa, o agente é acusado de protagonizar novas ameaças de mortes, deixando os residentes do Bairro 13 em pânico. Autoridades do bairro exigem resposta da PRM.

O Agente da polícia deu entrada na maior unidade hospitalar de Gaza, há duas semanas com ferimentos graves, após incendiar completamente a casa dos pais e tentar matar a mãe de 60 anos de idade, na sequência de uma disputa por herança familiar. A direção confirma a fuga e há suspeita do envolvimento da esposa do agente. 

A situação que acorreu por volta das quatro horas, da quinta-feira, só foi detectada ao amanhecer. Stélio Tamele esclarece que o paciente apresenta ligeira melhoria no quadro clínico, mas ainda demandava cuidados médicos.

Autoridades do bairro 13 alertam para insegurança no seio da comunidade e exigem intervenção das autoridades policiais para evitar nova onda de agitação.

Sector da Educação em Sofala avançou que existem mais de 700 turmas ao relento na província. Só nas Escolas Primária de Matadouro e Metodista, cerca de 300 alunos estudam, desde o início do ano, em condições deploráveis e são obrigados a levar para as salas de aulas  bancos, capulanas ou outros tipos de objectos para ser usados como assento. 

Desde o arranque das aulas no presente ano lectivo, cerca de 300 crianças, que estudam em salas anexas da Escola Primária de Matadouro e Escola Metodista,  vêem-se obrigadas a  transportar, para as salas de aulas,  nas suas mochilas escolares, capulanas,  além dos seus livros, cadernos e outro material escolar.

As capulanas são usadas nas salas de aulas como carteiras, uma realidade que condiciona o processo de ensino e aprendizagem, tendo em conta a posição que são obrigados a sentar para 

Uma das salas da Escola Primária de Matadouro foi construída pela comunidade local, que pretendia encurtar a distância que os seus filhos percorriam para terem aulas, evitando que as crianças atravessassem todos os dias a EN6.  

Lucrencia Tome, professora, lamentou as condições. “O quadro, mandamos guardar numa casa aí, para sempre levar e devolver. Não temos onde deixar o quadro, porque se deixarmos aqui, pode ser roubado. Quando chove, a tendência é de não termos aulas (…) Além disso, quando chove esse quintal enche água, então as crianças ficam em casa”, disse a professora, apelando por ajuda. 

Os pais lamentam igualmente a precariedade nas suas salas de aulas, onde os alunos são, algumas vezes, feridos pelas estacas. “É muito triste ver as crianças assim, sentadas no chão e sem carteira. Elas até podem aprender,  porque no nosso país é tudo improvisado”, lamentou um encarregado de educação. 

Outra sala anexa da escola Metodista é usada um local para culto aos fins de semana. No local  são usados blocos e capulanas como assento. Os alunos clamam por melhores condições.

O sector da Educação em Sofala disse que está a par das dificuldades enfrentadas pelos alunos e professores nas duas  salas anexas e lamenta a situação, indicando que é um problema nacional.

“As infra-estruturas escolares não acompanharam o crescimento da população (…) Sabemos quantos conflitos armados tivemos e, se calhar, os recursos não tinham como ser canalizados para os sectores  sociais. Por conta disso, a província de Sofala tem 708 turmas ao relento (…) Também temos as 924 salas de aulas que foram assoladas pelo Idai, que ainda não tiveram parceiros”, explicou   Romão Senda, Porta-voz da Educação em Sofala. 

O sector da Educação garantiu que, através do governo provincial e central,  continua em contacto com diversos parceiros nacionais e estrangeiros, para a busca de soluções a curto e longo prazo, de forma a tirar os alunos da precariedade. 

Romão Senda lembrou  que no semestre findo  foram entregues a várias comunidades quatro escolas primárias, num total de 79 salas de aulas.  Contudo, há ainda o desafio das carteiras. Os dados oficiais apontam para um défice de cerca de 46 mil carteiras e 167 mil degradadas. A solução passa pela mobilização de recursos para aquisição de novas carteiras e reabilitação das degradadas com recursos próprios.

A Renamo reagiu, esta sexta-feira, aos baleamentos em série ocorridos na Matola. O partido apelou à responsabilização dos autores dos crimes. 

O partido de Ossufo Momade lamentou os últimos acontecimentos na cidade da Matola. Marciel Macome, porta-voz do partido, disse que é preciso que haja responsabilização dos envolvidos neste crime.

“Independemente do crime que tenham cometido, trata-se de vidas humanas, trata-se de pais de família, trata-se de pessoas que têm dependentes directos e trata-se de pessoas que também têm direito a vida, que é um direito salvaguardado pelos Direitos Humanos”, disse. 

Para o porta-voz, estes baleamentos prejudicam a imagem do país. “Esta acção, esta forma de agir leva-nos, mais uma vez, a ser conhecidos pelos piores motivos”, sublinhou, apelando que as instituições façam alguma coisa para mudar o cenário.

A vice-presidente do Tribunal Supremo diz que a magistratura judicial não tolera casos de corrupção e a expulsão é o único caminho para os que se envolvem nessa prática criminosa. 

O caso da expulsão de um juiz em Nacala associado à corrupção não é um acto esporádico. Trata-se de uma orientação clara de purificação do sistema judicial, perante um fenómeno cada vez mais crescente.

E não se trata apenas de juízes. Os oficiais de justiça, escrivães, escriturários e oficiais de diligências também não escapam ao olhar atento das entidades de supervisão e disciplina.

Matilde de Almeida esteve em Nampula em visita de trabalho na cidade e nalguns distritos. A questão das vandalizações a que foram visados os tribunais durante as manifestações violentas ainda é tema do dia.

Nalguns casos os prejuízos ainda estão por quantificar, mas o certo é que a tramitação de processos está a ser afectada.

Foram hoje enterrados os restos mortais de Antonio Domingos Cavele, inspector principal da Polícia, e Abílio Janeiro, agente operacional no Serviço Nacional de Investigação Criminal, vítimas de assassinato.

Com cânticos carregados de lágrimas que substituíram os ruidosos sons de arma de fogo que, de forma brutal tiraram a vida de António Domingos Cavele, na passada quarta-feira. Familiares, amigos e colegas de trabalho acompanharam o inspector principal da Polícia à sua última morada, com cortejo policial.

Como que a recordar o som que tirou a vida do Agente, o comandante da parada deu a ordem e uma salva de tiros rompeu os céus de Michafutene, aumentando a dor de quem fica.

Inconsolável,  a viúva recebeu a bandeira e o fardamento do finado, enquanto a terra recebia o seu corpo… A família Cavele diz que perdeu o seu suporte.

“A morte não se apaga. Ele deixa um vazio muito grande, tendo em conta que era um jovem ainda. Deixa filhos por educar, missões por realizar, deixa esposa. Então, como família, estamos cheios de tristeza, mas a vida segue em frente, o que resta são as memórias e as coisas boas que ele deixou”, disse Ernesto Matlombe, primo do finado.  

Mais do que a sua ausência, o que indigna a família é a forma como o seu ente morreu. “Estamos de coração dilacerado pelo sucedido e pela forma como ele foi barbaramente assassinado, não encontramos razões para isso, enquanto família. Era uma pessoa simples, de trato humilde, amigo dos amigos e pai dos seus filhos e tínhamos uma relação saudável enquanto família”, recordou Ernesto Matlombe. 

Ainda nesta sexta-feira foi enterrado, em Chibuene, distrito de Moamba, Abílio Janeiro, agente operacional da segunda no Serviço Nacional de Investigação Criminal, morto na companhia de Cavele, na manhã de quarta-feira última, na zona de Manduca, na província de Maputo.

A província de Cabo Delgado importa em média cerca de duas mil viaturas usadas por ano. Segundo a Autoridade Tributária de Moçambique, o posto de fronteiriço de Negomano, regista a entrada de quase 170 viaturas por mês.

A importação de viaturas usadas do Japão a partir da República Unida da Tanzânia começou em 2010, pouco depois da inauguração da ponte da unidade, que liga os dois países.

Hoje, cerca de quinze  anos depois, o rio Rovuma tornou-se na principal porta de entrada de viaturas usadas compradas no Japão.

A importação de viaturas usadas melhorou a receita fiscal no posto fronteiriço de Negomano, que, actualmente, é uma das principais fontes de renda para os cofres do Estado em Cabo Delgado, uma província que oficialmente ainda não está a exportar nada para a Tanzânia através do corredor de Mtwara.

Uma parte das viaturas usadas e importadas do Japão, que entram em Moçambique via Tanzânia, ficam em Cabo Delgado, sendo o maior número distribuído  por quase todo país.

Antes da inauguração da ponte da Unidade sobre o rio Rovuma, os importadores recebiam viaturas do Japão, a partir de Nacala, considerado um dos maiores portos de Africa.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou que os quatro indivíduos mortos durante uma operação policial na cidade da Matola eram malfeitores armados que pretendiam assaltar uma empresa de betão e construção civil.

Segundo as autoridades, os indivíduos integravam uma quadrilha criminosa e foram surpreendidos no momento em que se preparavam para executar a acção. Ao se aperceberem da presença da força operativa, abriram fogo contra os agentes, dando início a um confronto que resultou na morte dos quatro.

“Esta quadrilha, composta por quatro elementos, pretendia perpetrar uma acção criminosa. Ao chegarmos ao local, os malfeitores abriram fogo contra a polícia e, em resposta proporcional, foram abatidos”, declarou o porta-voz da PRM.

Durante a operação, a Polícia recolheu quatro armas de fogo, incluindo duas pistolas e duas AK-47, além de carregadores, encontrados nas proximidades da cena do crime. Um dos abatidos foi identificado como Rashid Ahmad Khan, apontado como membro de uma quadrilha envolvida em sequestros e procurado pelas autoridades.

A PRM desmentiu ainda rumores sobre a existência de um quinto criminoso em fuga e sobre o alegado ferimento de uma cidadã durante o tiroteio, afirmando que não há registo oficial de tais ocorrências.

“Vamos continuar a trabalhar para garantir a segurança e a tranquilidade públicas. Reiteramos o nosso apelo à população para denunciar atividades suspeitas”, acrescentou o porta-voz.

A Polícia assegura que as investigações continuam para esclarecer todos os contornos da tentativa de assalto frustrada.

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