O País – A verdade como notícia

No ano passado, pelo menos cinco pessoas perderam a vida no rio Licungo, vítimas de ataques de crocodilos. Este ano, já foram registados vários ataques, e o fenómeno preocupa as comunidades que usam a água do rio para as actividades domésticas.

O perigo no rio Licungo continua crescente para as várias famílias que buscam desta fonte a água para lavar a roupa, tomar banho e outras necessidades diárias.

Entretanto, os relatos de medo de ataques de crocodilo são de todos os que escalam o rio. A nossa equipa de reportagem interagiu com um pescador que salvou uma criança no final do ano passado, quando estava prestes a ser devorada por um réptil problemático.

Rainha Francisco, que vive no distrito de Mocuba, também contou que foi por pouco que escapou de um ataque de crocodilo em 2012.
Segundo fontes do sector da agricultura em Mocuba, “não há nenhum trabalho exclusivo em curso, além da sensibilização”.

Os meses de Dezembro são os mais preocupantes em termos de ataques de crocodilo. O que sucede é que, com o baixar do leito, o crocodilo passa a residir distante das comunidades. Porém, quando o caudal aumenta o volume de água, passa a estar próximo das comunidades ribeirinhas.

A escritora Paulina Chiziane diz que o país está a sofrer um colonialismo tecnológico, revelando ainda que os cientistas nacionais desconhecem a terra que os viu nascer. Chiziane falava  durante a cerimónia de celebração dos 60 anos da Faculdade de Veterinária da Universidade Eduardo Mondlane.

Num evento organizado pela  Universidade Eduardo Mondlane,  com o objectivo de celebrar os 60 anos da  Faculdade de Veterinária, Paulina Chiziane foi uma das principais oradoras convidadas.
Depois de afirmar que  a colonização virá em nome da religião, a escritora disse que existe uma nova forma do fenómeno em Moçambique.

“Estamos a absorver o ‘Google’ e  a  ‘internet’, que é o ocidente, das américas, mas nem conhecemos nada no nosso país. Pouco ou quase nada conhecemos do nosso próprio continente e julgamos que somos alguma coisa. Gente, nada somos! Gostaria de pedir para termos este instante, colocar o meu olho com a transcendência. Quando falo da transcendência, estou a falar daquilo que um dia iremos ser, uma comunidade livre, que sofre este colonialismo tecnológico  e  a que nos submetemos pensando que somos alguma coisa. Temos, sim! Isso é real, temos uma casa, temos um professor… temos, mas não somos”, argumentou Paulina Chiziane.

A escritora disse ainda que a única forma de combater esta colonização é através daquilo que chama olhar transcendente.

“Eu não faço exercício de transcendência porque eu não me comunico com a minha consciência, porque eu não fortaleço o meu próprio ser. Eu tenho, mas eu não sou”, frisou.

No painel das celebrações, esteve, também, o reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Manuel Guilherme, que falou de alguns desafios da instituição de ensino.

“Continuar a formar com excelência e desenvolver a pesquisa, tendo em vista a resolução dos problemas reais do nosso país, também, de promover a segurança alimentar, numa altura em que nos deparamos com as mudanças climáticas, resistência antimicrobiana e outros males que enfermam a saúde animal, humana e ambiental”, frisou.

Por outro lado, o reitor da UEM  apelou à Faculdade de Veterinária para desenvolver mais pesquisas e assegurar uma melhor ligação com a sociedade.

Uma em cada cinco pessoas passou fome em África em 2023, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado ontem, no Rio de Janeiro, Brasil.

De acordo com o relatório da FAO, citado pelo “Notícias ao Minuto”, África é a região com a maior percentagem (20,4%) de população que passa fome, cuja estimativa, para o ano de 2023, é de 298,4 milhões de pessoas.

A prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave em África foi de 58% em 2023, quase o dobro da média global, sendo que estes valores se mantiveram praticamente inalterados de 2022 para 2023.

“O número de pessoas incapazes de pagar uma dieta saudável desceu abaixo dos níveis pré-pandémicos na Ásia, na América do Norte e na Europa, mas aumentou substancialmente em África, onde subiu para 924,8 milhões de pessoas em 2022, mais 24,6 milhões do que em 2021 e 73,4 milhões em comparação com 2019”, salientou.

No entanto, a Ásia, cuja percentagem de população que passa fome é de 8,1%, continua a ser o continente com mais pessoas a passar por esta realidade: 384,5 milhões de pessoas, indicou.
Segundo as previsões apresentadas pela FAO, em 2030 África passará a representar 53% das pessoas subnutridas no mundo – ultrapassando a Ásia.

Estima-se que, nesse ano, 582 milhões de pessoas sofram de subnutrição crónica no mundo. “A falta de melhorias na segurança alimentar e os progressos desiguais no acesso económico a regimes alimentares saudáveis ensombram a possibilidade de alcançar a Fome Zero no mundo, a seis anos do prazo de 2030”, lamentou.

Segundo a FAO, é necessário acelerar a transformação dos sistemas agro-alimentares para reforçar a sua capacidade de resistência aos principais factores e combater as desigualdades, a fim de garantir que os regimes alimentares saudáveis sejam acessíveis e estejam disponíveis para todos.

“Em dois países de baixo rendimento – o Benim e o Uganda – a despesa pública com a segurança alimentar e a nutrição parece estar a aumentar. Em média, durante os períodos analisados, 65% do total da despesa pública em segurança alimentar e nutricional no Benim e 73% no Uganda foram dirigidos ao consumo de alimentos e ao estado de saúde; a parte restante destinou-se aos principais factores subjacentes aos recentes aumentos da fome, da insegurança alimentar e da malnutrição”, exemplificou.

A ajuda pública ao desenvolvimento e outros fluxos oficiais para a segurança alimentar e a nutrição, de 2017 a 2021, “cresceram esmagadoramente mais para África, em todas as regiões”, frisou.

Alguns funcionários públicos, entre eles da Polícia da República de Moçambique e do Ministério da Justiça, acobertam e encorajam actos de violência doméstica, na zona Sul da província de Sofala, por consideraram normal esta prática, facto que está a contribuir para perpetuar este mal.

Actos de violência doméstica são frequentes nos distritos de Búzi, Chibabava e Machanga, localizados no Sul da província de Sofala, sob o olhar cúmplice das comunidades e algumas autoridades locais, pois, para elas, violentar uma mulher é uma forma de educar e mostrar a masculinidade.

Esta anormalidade culmina com ferimentos, entre eles ligeiros e graves, e, por vezes, com a morte.

Esta forma de ser  e de pensar  destas comunidades estende-se alguns até aos funcionários públicos, que lidam com estes casos, normalizando-os, pois, vezes sem conta, não tomam as acções necessárias para responsabilizar os autores, depois de uma queixa, o que está a contribuir para a continuidade do mal.

Uma organização religiosa católica, denominada ESMABAMA, está a capacitar os funcionários públicos daquela região da província de Sofala, que lidam com  casos de violência baseada no género, de modo a darem o devido seguimento aos mesmos.

Para os participantes, o maior desafio será encontrado nas comunidades que não possuíam nenhum conhecimento sobre violência baseada no género.

Acções de capacitações como estas serão estendidas para outras regiões de Sofala, onde, anualmente, são registados inúmeros casos de violência  doméstica e muitos deles nem sequer são reportados às autoridades.

O Hospital Geral de Mavalane está sem máquina de raio X há mais de três meses. Todos os pacientes que chegam àquela unidade sanitária da Cidade de Maputo são enviados para o Hospital Geral da Polana Caniço, mas lá o atendimento é deficitário.

Na noite de terça-feira o jornal O País visitou alguns hospitais da capital Maputo, para  medir o “pulsar” do atendimento aos utentes, antes do início da greve dos médicos, agendada para a próxima segunda-feira.

No Hospital Geral de Mavalane, o banco de socorros até funciona normalmente, mas nem tudo vai bem.

O sector de radiologia está encerrado porque a máquina de Raio X está avariada há meses.

Bancos abandonados e portas encerradas caracterizam o sector de radiologia naquela Unidade Hospitalar. O facto é que a máquina de Raio X está parada há cerca de três meses. Os utentes que buscam pelos serviços são enviados para o Hospital Geral de Mavalane, informação que se lê num papel colocado no vidro da cabine de aceitação.

Entretanto, a nossa equipa de reportagem dirigiu-se à Polana Caniço, onde, logo ao chegar, se deparou com uma idosa transtornada no corredor, que abandonava o hospital com o neto às costas, sem ter sido atendida.

“Fui ao Hospital Geral José Macamo e Mavalane, agora chego aqui e dizem que não há máquina. Eu vivo em Hulene, lá longe. Só posso ir massagear o pé com água quente em casa”, disse Rebeca Mondlane.

De hospital em hospital, Rebeca Mondlane foi dispensada por alegada insatisfação da classe médica, segundo conta.

“Ele disse que não há técnicos por alegadas dificuldades que todos acompanham na televisão. Se quiserem, vão a José Macamo ou ao Centro de Saúde de Alto Maé.

Fui a Mavalane. Um hospital daquele tamanho não conseguir reparar a avaria de uma máquina, faz sentido? Dizem que a máquina não funciona, sabe-se lá há quantos meses. No tempo de Samora, não passávamos por isto”, disse, magoada, a idosa.

Quem também esperou mais de três horas sem ser atendida na Polana Caniço é uma senhora que tentava apoiar-se em muletas para abandonar os bancos de espera.

Segundo Roberto Manhiça, filho da paciente, os técnicos presentes informaram que deviam tentar um outro hospital, porque o responsável pelo sector não se faria presente, por razões não esclarecidas.

“O médico que nos atendeu diz que o técnico de raio X não se fez presente no dia de hoje. Isso é muito caricato, porque estão aqui doentes que querem fazer raio X, porque provavelmente têm problemas graves, igual à minha mãe. Estamos aqui há três horas”, explicou Roberto Manhiça.

Refira-se que os médicos retomam a greve na próxima segunda-feira, em jeito de reivindicação de meios de trabalho, desde ligaduras, soro, até seringas e muito mais.

O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) garante que o livro escolar da segunda classe já está no País, seis meses depois do início do ano lectivo e há menos de três semanas para o fim do segundo trimestre.

A garantia é dada por Manuel Simbine, porta-voz do MINEDH, que, em conferência de imprensa, disse que os mesmos já estão a ser descarregados no Porto de Maputo e, ao longo dos próximos dias, serão distribuídos pelas escolas.

Entretanto, algo chama que atenção é o facto do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano não saber, ainda, quando é que o manual chegará às escolas e as mãos dos alunos que, desde o início do ano, têm apenas o caderno e o improviso dos professores para aprenderem.

“Nos próximos dias, poderemos ter melhor informação para partilhar porque é preciso recolher os dados. É preciso ir ao terreno. O importante é que os livros já chegaram e os camiões estão lá. As datas dependem do fluxo de circulação, pois, o processo é complexo”, disse Manuel Simbine, porta-voz do MINEDH.

Simbine acrescentou que tudo depende da flexibilidade da retirada do livro do Porto de Maputo, mas garante que o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano está a “correr” contra o tempo.

Recorde-se que Manuel Simbine disse que os livros estavam no país, em Março, numa entrevista exclusiva para “O País”. O porta-voz do MINEDH disse ainda que os livros já estavam a ser distribuídos em mais de 60 por cento deles e, na altura, revelou ainda que os manuais tinham sido impressos no País.

Na Conferência de imprensa de ontem, o MINEDH abordou também a questão das horas extras, num caso em que os professores reclamam valores relacionados aos anos de 2022 e 2023.

Simbine garantiu, na ocasião, que o pagamento está a ser feito mas a demora se deve ao processo de verificação .

“Para o pagamento das horas extras, antes tem que se passar por um processo de verificação e validação. Neste momento, pelas informações que temos da equipa de trabalho, está-se no processo de finalização do pagamento das horas extras do ano 2022 e, depois, vai iniciar o processo de pagamento de 2023. Sempre acompanhado pelo processo de verificação e validação”.

A fonte explicou que processo é gradual e pode acontecer que, na mesma escola, alguns professores já tenham recebido e outros ainda não. A gonte esclareceu, a propósito, que quem está à frente do processo é o Ministério da Economia e Finanças que paga directamente, na conta dos professores, cujas horas extras foram verificadas e validadas.

Sobre as dívidas que as escolas têm com os fornecedores de água e energia, Simbine garante que todas elas já foram pagas e o fornecimento retornou, mas não sabe quanto é que os estabelecimentos de ensino deviam. Ademais, precisou que não tem informação sobre o valor das horas extras em dívida com os professores.

O presidente da Comissão Nacional de Eleições apela aos eleitores para que não se abstenham das eleições gerais de 09 de Outubro. Matsinhe diz que só assim poderão contribuir para a democracia multipartidária.

Mais de 17 milhões de eleitores são esperados nas urnas, no escrutínio do dia 9 de Outubro.

O presidente da Comissão Nacional de Eleições lembra que é só através do voto que o cidadão pode escolher os seus representantes. “Nos últimos processos eleitorais, o nível de abstenções revelou-se um tanto quanto elevado. Esta situação não deve ser encarada como problema apenas dos órgãos eleitorais, mas, sim, de toda a sociedade moçambicana. A participação massiva do eleitorado demonstrará a sua maturidade e o compromisso com os valores da democracia multipartidária”, disse Carlos Matsinhe, presidente da Comissão Nacional de Eleições.

Para sensibilizar os eleitores a aderirem ao processo, foram mobilizados mais de seis mil agentes de educação cívica. “Os agentes de educação cívica eleitoral farão a campanha de várias formas, desde visitas porta-a-porta, nos aglomerados populacionais, nos mercados, escolas, paragens e outros sítios permitidos por lei, para levar mensagens sobre as responsabilidades e tarefas do cidadão eleitor no processo eleitoral”.

Carlos Matsinhe falava esta quarta-feira, no lançamento da campanha de educação cívica. “Queremos apelar à população, em geral, e, de forma dirigida a todos os eleitores, para uma participação colaborativa neste processo, acatando as mensagens a si dirigidas e, por conseguinte, participar na votação do dia 09 de Outubro. A campanha é um acto importante, porque visa consciencializar sobre a participação activa dos cidadãos na construção da democracia moçambicana”.

A campanha de educação cívica decorre de 25 de Julho a 23 de Agosto em todo o país.

“Agricultura como actividade de reinserção social: cultivando oportunidades e transformando vidas” foi o tema tratado por Vasco Chemane, da Conecta Negócios, neste dia inaugural da MOZGROW. Na Arena 3D, na Catembe, Cidade de Maputo, o orador explicou aos participantes por que a sua instituição tem apostado na formação como meio para a sustentabilidade.

Segundo disse Vasco Chemane, estudos apontam para uma relação entre mega projectos e Pequenas e Médias Empresas (PME). Fundamentalmente, tudo gira em torno de três problemas. Primeiro, a competência das pessoas. Segundo, a gestão da qualidade. Terceiro, o financiamento.

Assim, o que a Conecta Negócios procura fazer, nas suas oficinas, é, sobretudo, reduzir os recorrentes problemas relacionados com a competência, a gestão da qualidade e o financiamento, de modo que o número de dificuldades de empresas formadas seja o mínimo possível.

Na Conecta Negócios, a formação em gestão e empreendedorismo tem 36 horas. A formação em gestão dura uma semana. Vasco Chemane acrescentou: “A empresa, para se considerar apta, tem de começar na base da pirâmide, na qual se aprende lições sobre gestão e empreendedorismo, até chegar ao topo da pirâmide, no qual se tem acesso ao financiamento. Para o efeito, o desempenho e o comportamento ao longo da formação é importante”.

A meta da Conecta Negócios é de formar 10 mil entidades em seis anos.

Comunidades do Santuário Bravio de Kewene, em Inhambane, queixam-se de ataques de animais selvagens que invadem áreas de residências e “machambas”. As comunidades dizem ainda que os gestores da área de conservação devem construir cercas eléctricas para evitar invasão de animais selvagens.

O Santuário Bravio de Kewene existe há mais de 20 anos como uma área de conservação da vida selvagem e marinha.

Porém, em algumas áreas do santuário, existem comunidades que dizem estar a sofrer ataques de animais que invadem as suas residências e áreas de cultivo.

“Não estamos bem. Os animais atacam-nos. Antigamente, vivíamos bem. Nas nossas casas, somente convivíamos com homens e sem as nossas mulheres. Elas estão noutra comunidade que tem cerca, daí que cultivam lá. Os animais não chegam ao local”, contou Gabriel Dziwane, residente em Kewene.

Sem grandes possibilidades para cultivar, as comunidades vivem da pesca, mas, ainda assim, com muitas limitações, devido à falta de meios de conservação.

“Quando pescamos e vemos que os peixes ainda estão em condições, mandamos para Vilankulo, mas, por vezes, chegam lá enquanto já está podre”, frisou Américo Huo, outro residente.

A administração do Santuário Bravio de Kewene reconhece os problemas e explica que está a trabalhar para construir cercas que vão proteger as comunidades.

Segundo Jorge Saiete, gestor do Santuário, há um trabalho que se está a desenvolver para evitar ataques de animais à população local.

Para já, como forma de melhorar as condições dos pescadores, foi adquirido um barco e meios de processamento de pescado para a comunidade. De acordo com Francisco Pagula, administrador de Vilankulo, esta iniciativa visa melhorar as condições de vida da população.

No Santuário Bravio de Kewene, existem cerca de dois mil animais, na sua maioria antílopes. Já houve um casal de rinocerontes, entretanto um foi morto por caçadores furtivos e o outro foi devolvido por segurança.

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