O País – A verdade como notícia

Há falta de passageiros no Terminal Rodoviário Interprovincial da Junta, na cidade de Maputo, devido aos protestos contra os resultados eleitorais divulgados pela CNE. Os transportadores dizem que levam dois dias de Maputo para Inhambane e chegam a contrair dívidas para abastecer viaturas.     

Os transportadores interprovinciais consideram anormal a situação que vivem, desde que iniciaram os protestos contra os resultados eleitorais. Há falta de clientes e a escassez é pior que os tempos da COVID-19. 

Esta sexta-feira, viaturas, poucos ou nenhum autocarro de transporte interprovincial de passageiros saiu do Terminal da Junta. 

Vendedores também se queixam da falta de clientes e até falam de pouca movimentação no interior do terminal. 

Os operadores que conseguem levar passageiros, falam de dificuldades durante o seu percurso. 

Feitas as contas, o negócio não compensa, disse Gulamo, transportador de passageiros.

Esta é a situação a que os transportadores interprovinciais de passageiros na capital do país estão sujeitos, por conta de protestos contra os resultados eleitorais. 

E outros sectores, não poucos, podem estar a experimentar as mesmas dificuldades.

 

   

 

  

 

 

 

O distrito de Massingir, na província de Gaza, passa, desde esta sexta-feira, a contar com um edifício do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), construído de raiz, no âmbito da expansão da cobertura de serviços à população.

A inauguração da infra-estrutura do INSS foi feita pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no âmbito da visita de trabalho àquele distrito situado a norte da província de Gaza.

Neste contexto, já foram inaugurados, igualmente pelo chefe de Estado, os edifícios onde funcionam as delegações distritais de Metuge, em Cabo Delgado, que foi o primeiro deste modelo, de Namaacha e Magude, na província de Maputo, Moatize, em Tete, Malema, na província de Nampula, Milange, na província da Zambézia e Nhamatanda, na província de Sofala.

Na sua conta Facebook, o Presidente da República escreveu, a propósito do evento, que “Gaza avança na segurança social. Massingir recebe hoje um sinal claro de progresso e inclusão com a entrega do edifício para o funcionamento da Delegação Distrital do INSS. Esta moderna infraestrutura traz proximidade, eficiência e dignidade no acesso aos serviços de segurança social”.

Na mesma página oficial do Facebook, Nyusi acrescenta que ao encurtar distâncias e melhorar o atendimento, “reafirmamos o nosso compromisso com o bem-estar e o futuro dos trabalhadores moçambicanos. Que esta obra seja cuidada por todos como parte do caminho para um país mais justo e desenvolvido”. .

André Mulungo defende que a actuação da polícia é que tem contribuído para que haja violência nas manifestações. Para o comentador do programa Noite Informativa da STV, as pessoas atingiram um “alto nível de saturação”. O mesmo pensamento é partilhado por Elídio Mendes, que diz que a gestão das manifestações é feita de forma errada 

Um parecer que buscava responder como parar com a violência nas manifestações. O comentador André Mulungo apontou para o alto nível de saturação das pessoas, em relação ao Governo do dia, aliado à “má actuação” da polícia, como o impulso para o alto nível de violência, nas manifestações pós-eleitorais. 

“O Governo da Frelimo sempre usou a polícia para partir para cima das pessoas e chegou-se a um nível de saturação em que as pessoas demandam mudança mesmo. Por isso, chegamos ao ponto em que chegamos. As pessoas fazem aquilo porque, provavelmente, acham que o Governo não as ouve, e pensam que sentar e dialogar [não trará solução]”, disse Mulungo. 

Para André Mulungo, as instituições não funcionam e precisam que lhes seja feita pressão para que funcionem como devem. 

“As instituições não funcionam. A Comissão Nacional de Eleições, que nos criou os problemas ano passado, que continua a criar problemas, ainda é a mesma. O Conselho Constitucional continua a ser a mesma coisa, os tribunais continuam a ser a mesma coisa, o Ministério Público continua a fazer a mesma coisa (…). O ponto mesmo é que o povo chegou a um ponto de saturação (…), o povo precisa de mudanças e acredito que, por esta via, provavelmente, consigam mudar as coisas”, explicou. 

Elídio Mendes, também comentador do programa Noite Informativa, acrescenta que  a gestão das manifestações está a ser feita de forma  errada. “Estamos a dizer que a reacção da polícia está a funcionar como uma espécie de gasolina, no meio da população”. 

Mendes explica que já há uma “cólera, uma insatisfação colectiva”, que está a ser mal acolhida pela polícia. 

O comentador sublinhou que não é a presença da polícia que provoca a violência, mas a reacção das Forças de Defesa e Segurança. 

 

O ministro dos Transportes e Comunicações lançou, hoje, o projecto Internet Para Todos, que visa expandir o acesso à internet para todos os moçambicanos  até 2030. Mateus Magala diz que não faz sentido que até hoje apenas 7.8 milhões de moçambicanos tenham acesso a internet.

O projecto Internet para todos é lançado poucos dias depois de se terem registado restrições de internet devido a onda de protestos pós-eleitorais.    

Mateus Magala avança que a ideia é tornar a internet um direito de cada cidadão, independentemente da sua origem.

Residentes de alguns bairros da vila sede distrital de Chongoene, em Gaza, clamam por corrente eléctrica para iluminação e execução de outras actividades dependentes deste recurso.

A situação compromete, inclusive, o único sistema de abastecimento de água, instalado na zona que, actualmente, depende de paineis solares para seu funcionamento. 

“O funcionamento do nosso sistema depende da irradiação solar, sem a qual não há água. Por exemplo, ‘hoje’, não tivemos água durante o período da tarde porque as baterias não acumularam carga suficiente para assegurar o funcionamento do sistema”, diz Marcos Mahumane, operador privado do sistema de abastecimento de água. 

Face à falta de corrente elétrica da rede pública, assim como Marcos Mahumane, residentes de quatro bairros de Ngonwanine chegam a percorrer quase quatro quilómetros para carregarem as baterias dos telemóveis.

Enquanto aguardam pela execução da fase dois do projecto “Energia para todos” cujo arranque estava previsto para Janeiro do ano em curso, assim vivem pelo menos 10 mil famílias que passam dificuldades.

“Praticamente, o nosso bairro não se desenvolve por falta de energia”, sublinhou um dos moradores.

Contatado pela O País, o administrador de Chongoene, Artur Macamo, esclareceu que o atraso na implementação da fase dois do projecto fica a dever-se ao incumprimento das garantias de parceiros no desembolso dos fundos para o efeito.

“ Na verdade, a execução desta actividade estava prevista para Janeiro passado, entretanto, com o atraso no desembolso dos fundos, por parte do nosso parceiro financeiro, a mesma passou para finais deste ano”, esclareceu Macamo.

No distrito de Chongoene, a taxa de cobertura da rede elétrica é de cerca de 59% para uma população estimada em 121 mil habitantes.

O Presidente da República diz que Fernando Faustino foi um dirigente de referência e que lutava pela melhoria das condições dos combatentes da luta de libertação nacional. Filipe Nyusi falava durante o velório na sede do partido, na cidade de Maputo.

Filipe Nyusi prestou condolências, hoje, à Família de Fernando Faustino, veterano da luta de libertação nacional, que perdeu a vida na vizinha África do Sul, vítima de doença.

Na ocasião, o chefe de Estado enalteceu a contribuição de Faustino na construção do país e na Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN).

Filipe Nyusi define Fernando Faustino como um dirigente de referência e que tudo fez para a melhoria das condições dos antigos combatentes.

A jovem de 29 anos, atropelada, pelo carro blindado das Forças Armadas de Moçambique (FADM) está fora de perigo, embora continue internada no Hospital Central de Maputo.   

A informação foi avançada pelo director do serviço de Urgências do Hospital Central de Maputo, Dino Lopes, que explicou que a paciente chegou em estado grave e inconsciente, mas, após os cuidados médicos, encontra-se “estável” e consegue interagir com os familiares e profissionais de saúde. 

“A jovem teve lesões na cabeça, membros inferiores, abdômen, tórax e bacia e pescoço estão intactos e, segundo os exames que fizemos, só teve lesões na cabeça, mas não precisamos fazer nenhuma intervenção cirúrgica. Estamos a fazer o tratamento medicamentoso”, explicou o médico.     

O médico garante que, em uma semana, a paciente poderá ter alta. 

Além da paciente de 29 anos, esta quarta-feira, mais cinco pessoas deram entrada ao hospital, devido às manifestações. 

Trata-se de “uma jovem com lesões, causada por queda, outros tiveram lesões leves por bala de borracha. Tivemos dois com lesão no olho e os outros nos membros inferiores, possivelmente, causados por cartuchos de gás lacrimogêneo, pela extensão das feridas”.

Segundo o médico todos os pacientes tiveram alta e vão continuar com o tratamento nas unidades sanitárias, próximas das suas residências.

É o segundo dia dos três dias de manifestação convocados pelo candidato presidencial suportado pelo PODEMOS, Venâncio Mondlane, e mais uma vez, cidadãos bloquearam algumas avenidas da cidade de Maputo, montando barricadas na estrada. Os manifestantes dizem reivindicar a verdade eleitoral e pedem por justiça.

A avenida Acordos de Lusaka, por exemplo, foi bloqueada, de forma que os condutores não tenham acesso ao Centro da Cidade de Maputo, nem no sentido contrário. 

Jorge Manjate, um dos manifestantes disse que seu único apelo é pela verdade eleitoral. “Estamos aqui a reivindicar a justiça eleitoral e o custo de vida. Também estamos a pedir as mesmas oportunidades que todos têm. As crianças não conseguem ir à escola por falta de carteiras e outros bens públicos”, disse. 

A polícia esteve no lugar para retirar as barricadas, mas logo que saísse do local, os manifestantes voltavam a colocar.

O mesmo cenário verificou-se  na Avenida 25 de Setembro, onde vários autocarros e carros particulares estavam estacionados à espera de retomarem às suas actividades, depois das 15.30.

Falando ao “O País”, um dos condutores dos autocarros estacionados lamentou que, nos últimos dois dias, tem sido difícil trabalhar. “Desde ontem, não se trabalha. Não há pessoas, as pessoas só vêm aqui e depois voltam a pé. Depois das oito horas há muitos obstáculos na estrada, só depois das 16 e 17 é que se pode andar”, disse Sérgio Arthur. 

A Unidade de Intervenção Rápida (UIR) fez-se ao local, para avaliar e monitorar o ponto de situação, e não houve registo de confronto com os manifestantes.

 

 

Abdul Machava diz que o atropelamento da cidadã, na Avenida Eduardo Mondlane, na manhã de quarta-feira, por um blindado das Forças Armadas de Defesa de Moçambique foi um acto premeditado e doloso. 

O comentador do Programa Noite Informativa da STV reagiu ao atropelamento da jovem de 29 anos, na Avenida Eduardo Mondlane. Abdul Machava defende que não há nenhuma explicação para o acidente, que segundo ele, é um acto bárbaro e criminoso. 

“Trata-se de um carro de combate, aquele carro de assalto, é um carro que está preparado e fabricado com um alto nível de carbono. É preparado para resistir ao impacto de projécteis de calibre, que podem chegar a 14,5 mm”, explica.

Machava acrescenta que “Isso significa que não é uma pedra, não é um pneu, nem um pau, que seria capaz de colocar em perigo aqueles agentes. Dito isto, não resta outra análise, além de dizer que aquilo foi uma acção premeditada”, disse Machava. 

O capitão-tenente na reserva lembrou ainda aos polícias e militares que o pagamento dos salários e do equipamento das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) é feito pelo povo. 

 “Há um contrato social que é resultante do sufrágio universal, as eleições, em que o povo elege um grupo de pessoas  que vai dirigir o destino do país, num período de cinco anos (…). É neste âmbito que o povo delega a tarefa de defender o país, de educação, saúde e outras actividades a determinadas pessoas. E o povo vai pagando os seus impostos, para assegurar a vida dessas pessoas [eleitas pelo povo], cuja tarefa é garantir a segurança. Aquele militar que atropelou aquela cidadã é paga pelos impostos do povo”. 

 

MACHAVA DESVALORIZA COMUNICADO DO MINISTÉRIO DA DEFESA

Abdul Machava criticou também o comunicado do Ministério da Defesa, por trazer informações vagas, o que, na sua opinião, denota que há uma impunidade total. E deixa um apelo à PGR. 

“Gostaria de apelar a Procuradoria Geral da República, uma vez que este é um crime público (…) porque como advogado do povo, tem aqui matéria, para, num prazo muito curto, trazer o processo criminal contra esses fulanos, tendo em conta toda a cadeia até ao fulano que estava no volante. Trazer também um processo cívil, como aconteceu com os outros que já foram indiciados, em curto espaço de tempo”, apelou.

 

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