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O Presidente da República, Daniel Chapo, afirmou hoje que a assinatura dos contratos-programa com os ministros do Governo marca o início de uma nova etapa da governação moçambicana, centrada na responsabilização, na avaliação baseada nos resultados e no impacto real das políticas públicas na vida dos cidadãos, sublinhando que “esta não é uma governação de complacência”, mas sim “uma governação de exigência, de disciplina, de ética, de integridade e de compromisso com o interesse nacional”.

Falando na Presidência da República, durante a cerimónia de assinatura dos contratos-programa com os membros do Governo, o Chefe do Estado classificou o acto como “de elevada importância política, institucional e simbólica”, frisando que não se trata de “um simples exercício administrativo”, mas de “um momento de afirmação clara de um novo modo de governar, centrado na responsabilidade, na transparência e nos resultados concretos para o povo moçambicano”.

O Presidente Chapo explicou que a iniciativa dá cumprimento a um compromisso público assumido no seu Discurso de Investidura, a 15 de Janeiro de 2025, de instituir uma governação orientada por indicadores e metas claras, “em que cada dirigente público responde pelo desempenho do sector que dirige, em nome do interesse nacional e do povo moçambicano”.

Segundo o estadista, naquele momento, o Executivo assumiu a meta de construir “um Governo eficaz, disciplinado e responsável”, “um Governo que presta contas” e “um Governo que respeita o esforço do povo moçambicano e utiliza cada recurso público com rigor, ética e sentido de missão”, tendo igualmente deixado claro que cada Ministro e dirigente público seria chamado a assumir compromissos formais de desempenho.

O Chefe do Governo moçambicano reconheceu que a assinatura dos contratos ocorre no fim do primeiro ano governativo, explicando que este período foi dedicado ao lançamento de bases estruturantes, como a concepção da Estratégia Nacional de Desenvolvimento, a elaboração do Programa Quinquenal do Governo e a preparação e aprovação do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE), além da reorganização interna dos sectores e da definição dos seus planos estratégicos.

Para o Presidente da República, “governar exige método e planeamento” e seria “praticamente impossível assinar os contratos- programa” sem esses instrumentos estruturantes, razão pela qual considerou que este é o momento certo para rubricar os compromissos de desempenho com cada membro do Governo.

Ademais, destacou que os contratos-programa estabelecem, de forma clara, os objectivos estratégicos, indicadores, prazos e responsabilidades de cada sector, alinhando-se com o Programa Quinquenal do Governo, e sublinhou que “não são instrumentos de desconfiança, mas de responsabilidade”, sendo “pactos de confiança entre o Presidente da República e cada ministro, e, sobretudo, entre o Governo e o povo moçambicano”.

O Chefe do Estado foi categórico ao afirmar que os contratos serão acompanhados, monitorados e avaliados, garantindo que “o mérito será reconhecido” e que “o incumprimento injustificado será também avaliado e com as suas consequências”, reforçando que a avaliação incidirá sobre a execução, a qualidade das políticas públicas e a capacidade de transformar recursos em benefícios concretos para a população.

Na sua mensagem final, o Presidente Daniel Chapo reiterou que os contratos representam “contratos de trabalho com o povo moçambicano” e que ninguém deve governar sem prestar contas, concluindo que a nova etapa da governação será marcada pela execução e pelos resultados.

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A Comissão Política da Renamo marcou para Março de 2026 a realização de mais um Conselho Nacional e diz tratar-se de uma reunião que visa integrar todos os generais e membros que têm contribuído desde a existência do partido. 

Em declarações prestadas à imprensa nesta terça-feira, o partido liderado por Ossufo Momade assegurou que a marcação de mais uma reunião se enquadra nas iniciativas que visam colocar fim à “situação” que a Renamo atravessa.

O partido Renamo serviu-se ainda da ocasião para queixar-se de actos de  desinformação e para condenar a vandalização das suas delegações.

Sobre outras situações e processos internos do partido, o porta-voz da Comissão Política da Renamo, Saíde Fidel, anunciou ainda a marcação de uma reunião que poderá acontecer em Janeiro de 2026 e que servirá de ponte para o Conselho Nacional 2026, que afirma ser mais abrangente e diferente da reunião de 16 Outubro deste ano, realizada pela ACOLDE.

Aliás, de acordo com o porta-voz do órgão, a reunião de Março é donde poderá sair a data do Congresso Nacional.

O porta-voz da Comissão Política da Renamo, Saúde Fidel, falava nesta terça-feira, em Maputo, após mais uma sessão do órgão.

Um agente de segurança privada foi filmado a agredir uma criança de oito anos de idade numa área de exploração de areias pesadas em Inhassunge, província da Zambézia. O agressor está foragido, de acordo com o Governo.

O caso que chocou a sociedade foi exposto através de um vídeo que viralizou nas redes sociais. O agente de segurança privada, ora em parte incerta, segundo o Ministério do Trabalho, Género e Acção Social, alegou que a criança teria furtado bens de uma empresa mineira que explora areias pesadas em Inhassunge – a Africa Great Wall Mining.

O caso levou o Ministério do Trabalho, Género e Acção Social a convocar uma conferência de imprensa, nesta terça-feira, para reagir à situação. A instituição diz que a empresa de segurança não está a prestar informações precisas sobre o seu trabalhador.

“Foi destacada uma equipa multissectorial para ir ao terreno, onde se constatou que, de facto, o menor foi violentado. O trabalhador não é da mineradora, ele é de uma empresa de segurança que presta serviço de segurança”, disse Baltazar Egídio, porta-voz do Ministério de Trabalho, Género e Acção Social.

Na ocasião, assegurou que a polícia está a trabalhar para apurar elementos relevantes, incluindo a localização do infractor. O menor e a respectiva família foram localizados, e o ministério garante que vai prestar apoio à vítima, embora haja uma contrariedade sobre a data dos factos.

“No contacto com a família, constatámos que há informação divergente. Há uma informação que dá conta de que os factos ocorreram no mês de Dezembro, mas a outra dá conta de que os factos ocorreram em Janeiro.”

O facto passa, agora, de um assunto laboral para criminal: a procuradoria já abriu um processo para a responsabilização do agente de segurança privada.

O escritor moçambicano Carlos dos Santos  lança o novo infanto-juvenil do escritor moçambicano intitulado “A voz da sombra”. 

A obra, de 88 páginas, tem como protagonista Facamoto, um rapaz conhecido pela aparência desleixada e pelo comportamento travesso, que inquieta colegas e vizinhos. Com a camisa sempre fora dos calções, a roupa manchada e o cabelo desgrenhado, Facamoto contrasta de forma surpreendente com a sua própria sombra. É neste confronto entre Facamoto e a sua sombra que se desvela uma história sobre responsabilidade e sobre os direitos e deveres das crianças.

O enredo de “A voz da sombra” recorda-nos que a liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro; que nos ensina a não fazer ao outro aquilo que não gostaríamos que nos fizessem; que os direitos do colectivo têm primazia sobre os direitos individuais; e que não há direitos sem deveres, porque ambos são faces da mesma moeda. Acima de tudo, lembra-nos que devemos agir sem temer penalizações ou esperar qualquer tipo de recompensa.

SOBRE O AUTOR 

Carlos dos Santos, nascido em Maputo em 1962, é psicólogo, pedagogo e profissional da educação desde 1981. Autor prolífico, publicou obras infanto-juvenis como “O Conselho” (2007), “O Passeio pelo Céu” (2012), “Na Esteira das Estrelas” (2018) e “O Domador de Medos” (2024). Na ficção científica destacam-se “A Quinta Dimensão” (2006/2010) e “O Eco das Sombras” (2016). Escreveu ainda manuais técnicos e pedagógicos, participou em antologias e assina poesia sob o pseudónimo “Nyama”. Colabora regularmente com jornais e revistas em Moçambique e Angola

A Guiné-Bissau suspendeu “todas as suas actividades” na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) “com efeito imediato”, segundo anunciou o Governo de transição no poder naquele país.

A decisão foi comunicada numa carta endereçada ao secretariado da CPLP, segundo a imprensa internacional, onde o Ministério dos Negócios Estrangeiros guineense justifica a medida com a alegada exclusão do país de reuniões e processos de tomada de decisões nas estruturas da CPLP.

O governo de transição, criado pelos militares que protagonizaram o golpe de Estado na Guiné-Bissau no dia 26 de Novembro último, considera que a postura da organização que junta os países lusófonos “fere o princípio da igualdade soberana entre os Estados-membros, consagrado nos estatutos”.

“As decisões da CPLP não têm sido acompanhadas de fundamentação clara, transparência processual e mecanismos de acompanhamento de modo a garantir a legitimidade e eficácia das acções adoptadas, o que põe em causa a sua transparência e credibilidade”, refere na carta.

O documento realça ainda que constitui “afronta grave o desrespeito pela presidência da CPLP exercida (actualmente) pela Guiné-Bissau” por isso o país se vai afastar da organização até que sejam restabelecidos plenamente o cumprimento rigoroso dos estatutos.

O governo guineense nota que esta sua decisão “firme e categórica” reflete a determinação do país em defender a sua soberania e exigência ao cumprimento integral dos princípios que regem a CPLP.

A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado em 26 de Novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.

O Conselho de Ministro das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) também recomendou aos chefes de Estado a suspensão do país naquela organização.

As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes, mas na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar que nomeou o Presidente de transição, o general Horta Inta-A.

O general anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro e ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló.

Um novo Governo de transição foi, entretanto, empossado, com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.

No golpe, o líder do PAIGC, Simões Pereira, foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.

Mais uma vez Rodrigo Rocha volta a colocar o nome de Moçambique no panorama Internacional do desporto automóvel, ao ser reeleito vice-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para África. O Presidente do Automóvel e Touring Clube de Moçambique Rodrigo Rocha foi reconduzido ao cargo de vice-presidente da Federação Internacional de Automobilismo para o continente Africano, e Moçambique estará novamente no centro das grandes decisões do futuro do desporto automóvel em África e a nivel internacional.

A reeleição de Rodrigo Rocha para o cargo de vice-presidente da FIA para África é o culminar do trabalho desenvolvido com sucesso pela equipa liderada por Mohammed Ben Sulayem que foi, também, reeleito, na Assembleia-Geral da FIA, para dirigir os destinos do órgão máximo do desporto motorizado automóvel no mundo nos próximos quatro anos.

A reeleição de Rodrigo Rocha para dirigir os destinos do desporto motorizado em África na componente desportiva nos proximos quatro anos, é fruto do trabalho desenvolvido com sucesso no primeiro mandato, que por sinal está a registar um crescimento assinalável em todas as modalidades de automobilismo.
Sob a liderança de Rocha, nos últimos anos o desporto automóvel no continente africano, em particular na região e em Moçambique, ganhou uma nova dinâmica e visibilidade em todas as modalidades de automobilismo. Recorde-se que no primeiro mandato, Rodrigo Rocha e a sua equipa conseguiram forticar o intercâmbio com todos os países e clubes membro da FiA, o que têm estado a contribuir positivamente na evolução e crescimento do desporto em África, bem como no aumento da participação regular dos pilotos e equipas nas competições regionais e internacionais, reguladas pela FIA.

No primeiro mandato, Rodrigo Rocha como vice-presidente da FIA para África conseguiu consolidar na região, em particular em Moçambique, a realização com sucesso das corridas internacionais que culminou com a reactivação das 3/4 Horas das corridas de Resistência no Autódromo Internacional de Maputo no ATCM 56 anos depois.

Entretanto, no novo ciclo de vice-presidente da FIA para África inserido na sua recondução ao cargo, um dos grandes desafios de Rodrigo Rocha e a sua equipa é assegurar a continuidade do trabalho desenvolvido com sucesso no primeiro mandato, e manter a dinâmica que está a ter o desporto motorizado em África. Constitui também uma das grandes prioridades no novo desafio de Rocha na FIA, manter o desporto motorizado automóvel em África no centro das atenções a nível mundial.

O Instituto Nacional do Mar (INAMAR) apreendeu, na madrugada desta segunda-feira, na cidade de Tete, um camião que transportava duas toneladas de peixe de tamanho considerado miúdo, cuja captura e comercialização são proibidas.

Trata-se principalmente do peixe Tilápia,  de tamanho considerado miúdo, cuja captura e comercialização são proibidas no país.

Segundo informações avançadas pela fiscalização do INAMAR, a apreensão ocorreu durante uma acção de controlo rodoviário, quando o camião, proveniente do distrito de Cahora Bassa, foi interpelado à entrada da cidade de Tete.

As autoridades explicam que o pescado apreendido não obedecia às normas legais, por se tratar de espécies abaixo do tamanho mínimo permitido, situação que compromete a sustentabilidade dos recursos pesqueiros na albufeira e garantiram a responsabilização dos infratores. 

Os proprietários da carga reconhecem a infracção, porém defendem que as acções de fiscalização deveriam iniciar na albufeira, local de origem do pescado, e não apenas na cidade, argumentando que a intervenção tardia penaliza sobretudo os revendedores e transportadores da mercadoria.

A apreensão insere-se no âmbito de uma campanha de fiscalização levada a cabo pelas autoridades marítimas, iniciada a 18 de Novembro e com término previsto para 20 de Dezembro. 

Desde o arranque da operação, as acções de controlo já culminaram na apreensão de cerca de cinco toneladas de pescado diverso, capturado e comercializado à margem da lei.

O Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos lançou, nesta segunda-feira, o projecto-piloto de monitoração de reclusos através de pulseiras electrónicas. Com a implementação desta medida, que vai abranger três mil reclusos que cumprirão penas de prisão domiciliar, o Estado vai poupar cerca de 360 milhões de meticais por ano, dos mais de três mil milhões que gasta para manter os prisioneiros nas cadeias.

No âmbito do lançamento do projecto-piloto das pulseiras electrónicas, foi inaugurada uma sala de comando que contará com equipas em serviço durante 24 horas por dia, para garantir a monitoração dos movimentos dos reclusos que passam a cumprir pena de prisão domiciliar, mas controlados através de dispositivos electrónicos.

Trata-se de uma iniciativa que visa aliviar os desafios enfrentados no sistema nacional penitenciário, que actualmente apresenta uma superlotação de mais de 200 por cento, o que se traduz num custo de cerca de três mil milhões de meticais ao Estado por ano.

O sistema penitenciário enfrenta um desafio estrutural que exige respostas inovadoras e responsáveis. Administra actualmente cerca de 20 mil reclusos, uma superlotação que se traduz num custo elevado para o Estado, pois, em média, Moçambique gasta três mil milhões de meticais por ano para manter o sistema penitenciário em funcionamento, referiu Mateus Saize, ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.

O projecto vai permitir uma redução imediata das despesas do Estado para o sector da justiça em cerca de 360 milhões de meticais por ano.

“A introdução inicial de três mil pulseiras electrónicas constituirá um passo estratégico rumo à humanização dos estabelecimentos penitenciários, pois aliviará a pressão sobre o sistema  penitenciário e permitirá a redução imediata das despesas do Estado para este sector, de cerca de 360 milhões de meticais por ano, o equivalente a 12 por cento do orçamento anual do Serviço Nacional Penitenciário”, disse.

Deste modo, o Estado, que tem gastado cerca de 150 mil meticais por cada recluso anualmente, passará a gastar 30 mil meticais.

“Cada recluso em regime fechado gasta aproximadamente 150 mil meticais anualmente. Segundo cálculos, um recluso sob monitoração electrónica representa uma redução em cerca de cinco vezes, o que significa que gastará cerca de 30 mil meticais por ano”, acrescentou.

O Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime, que oferece, não só apoio financeiro, mas também técnico para o projecto, expressou orgulho em participar no projecto e poderá usar de diversas regras para contribuir na eficiência do projecto.

Com esta iniciativa, cidadãos poderão cumprir penas sem estar no espaço penitenciário, o que, para o ministro da Justiça, representa marco de novo capítulo na modernização da justiça penal em Moçambique.

O preço do frango começou a subir de forma visível na província de Inhambane, acendendo um sinal de alerta numa altura em que o consumo tradicionalmente aumenta devido à quadra festiva. O frango, uma das proteínas mais acessíveis para grande parte das famílias, passou dos anteriores 300 para cerca de 350 meticais por unidade, um aumento que pesa directamente no orçamento doméstico e expõe fragilidades estruturais na cadeia de produção avícola local. Avicultores explicam que o encarecimento resulta sobretudo da subida acentuada do preço dos pintos e de outros insumos essenciais, como rações, medicamentos veterinários e custos de transporte.

Na cidade da Maxixe, um dos principais pontos de comercialização de frango na província, o movimento é intenso, mas o cenário está longe de ser homogéneo. Em alguns aviários há frango disponível, enquanto noutros as capoeiras estão praticamente vazias, denunciando que a produção local ficou aquém das previsões iniciais para esta época. Criadores locais, com diferentes escalas de produção, garantem que existe frango no mercado, mas admitem que a oferta é insuficiente para responder plenamente à procura típica da quadra festiva.

Entre vendedores e compradores, o discurso é marcado por cautela. Há quem assegure que o frango existe, mas ainda não atingiu o peso ideal para o abate. Outros reconhecem que a escassez de pintos nos últimos meses comprometeu seriamente o planeamento da produção. Luísa Manuel, vendedeira de frango na cidade da Maxixe, explica que muitos criadores até têm aves, mas estas ainda estão em fase de crescimento. “Aqui na cidade da Maxixe existe frango, são muitos nas capoeiras, só que ainda não cresceram”, afirma, deixando claro que o problema não é apenas a ausência total de produção, mas a incapacidade de colocar frango pronto para venda no momento certo.

Apesar destas garantias pontuais, a realidade revela-se mais dura quando se observa o interior de vários aviários. Capoeiras vazias tornaram-se um retrato silencioso de uma crise que começou meses antes da quadra festiva. Em Inhambane, a escassez de pintos afectou directamente a capacidade produtiva dos avicultores e muitos deles ficaram impossibilitados de garantir frango para comercialização neste período de maior procura. Vilma Samuel, criadora de frangos, reconhece que, apesar do esforço dos produtores, os custos de produção dispararam, tornando inevitável a subida do preço final ao consumidor.

A situação é confirmada pela Associação dos Avicultores, que acompanha de perto o impacto da falta de pintos no sector. Eduardo Lichucha, representante da associação, explica que desde o mês de Outubro o pinto começou a escassear no mercado. “O pinto não só subiu de preço, mas também deixou de estar disponível. Isso comprometeu toda a programação que tínhamos para garantir frango nesta quadra festiva”, afirma. Segundo Lichucha, o problema não foi apenas a escassez, mas também a forma irregular como os poucos pintos disponíveis eram distribuídos aos criadores.

De acordo com o responsável associativo, em condições normais o pinto era comercializado a cerca de 55 meticais por unidade, mas o preço chegou a subir para 85 meticais. A este aumento juntaram-se outros custos, como a subida do preço das rações e dos medicamentos, criando um efeito dominó que encareceu toda a cadeia produtiva. “Não foi só o pinto que subiu. Todo o insumo da criação subiu. No fim, isso reflete-se inevitavelmente no preço do frango”, explica.

A crise afectou mais de metade dos cerca de 40 criadores de frango registados ao nível da cidade, deixando muitos sem capacidade de responder à procura do mercado. Lichucha detalha que mais de 50% dos membros da associação enfrentam a mesma situação, com aviários subutilizados ou completamente vazios. “Eu, por exemplo, tenho dois pavilhões com capacidade para 500 frangos cada, totalizando mil. Chegámos a uma fase em que nos prometeram apenas 150 pintos, e ainda assim em fases, o que não é sustentável”, relata.

Outros criadores, segundo a associação, receberam quantidades ainda menores, como 30 pintos, apesar de terem infraestruturas com capacidade para mais de 200 aves. Esta realidade tornou inviável qualquer tentativa de produção em escala suficiente para responder à procura da quadra festiva. O resultado é um mercado pressionado, com menos frango disponível e preços em alta.

Perante este cenário, Inhambane vê-se obrigada a recorrer ao abastecimento externo. Uma parte significativa do frango que será consumido na província terá de ser adquirida fora do território provincial, aumentando a dependência de fornecedores externos e pressionando ainda mais os preços finais. Esta dependência expõe uma vulnerabilidade estrutural do sector avícola local, que continua altamente dependente da disponibilidade de pintos e de insumos vindos de fora da província.

Para os consumidores, a consequência é imediata: frango mais caro numa altura em que as despesas familiares aumentam. Para os criadores, o momento é de frustração, por verem oportunidades de negócio perdidas numa época que tradicionalmente garante maior rendimento. Para a economia local, o impacto traduz-se na saída de recursos financeiros para fora da província, num contexto em que se esperava precisamente o contrário.

A situação levanta também questões mais profundas sobre a necessidade de reforçar a produção local de pintos, melhorar o acesso a insumos a preços mais estáveis e criar mecanismos de planeamento que permitam aos avicultores responder de forma mais eficaz aos picos de procura. Enquanto essas soluções não chegam, o frango continuará a chegar à mesa dos consumidores, mas a um preço mais elevado, refletindo uma crise silenciosa que começou muito antes da quadra festiva e que agora se torna impossível de ignorar.

Várias mulheres continuam a ser vítimas de agressão física, emocional e financeira. A socióloga Karen Fumo alerta que grande parte desse cenário crítico decorre da fraca actuação da polícia, que ainda trata a violência doméstica como assunto privado, deixando as vítimas desamparadas e perpetuando o ciclo de abuso.

Durante uma entrevista ao “O País”, a socióloga Karen Fumo destacou que, muitas vezes, quando mulheres recorrem à polícia para denunciar agressões, são desencorajadas de formalizar a queixa ou instruídas a resolver os conflitos em família. “Quando uma vítima apresenta uma queixa, muitas vezes a polícia pergunta se ela realmente deseja que o agressor seja preso, como se fosse um problema privado. Isso mostra que a sociedade ainda não entende que a violência doméstica é crime público e que todos temos um papel na prevenção”, explicou.

Um exemplo recente ocorreu na província de Gaza, onde uma mulher vítima de dois anos de conflitos conjugais tentou alertar vizinhos, pedindo ajuda imediata, mas não obteve qualquer socorro. “Este caso demonstra que a violência doméstica é, muitas vezes, normalizada pela sociedade e que ainda persiste um sentimento de posse do homem sobre a mulher, que o leva a acreditar que pode agir impunemente”, acrescentou a socióloga.

Fumo alerta que a violência doméstica raramente ocorre de forma súbita. “O agressor mata emocionalmente, financeiramente e psicologicamente, até que a violência física culmina em tragédia. Se a vizinhança perceber sinais precoces e accionar as autoridades, muitos casos poderiam ser evitados”, disse.

Segundo a especialista, a raiz deste problema está na forma como homens e mulheres são educados na sociedade moçambicana. “Desde cedo, os meninos são educados para assumir determinados papéis sociais e de autoridade, enquanto as meninas são condicionadas a aceitar subordinação. Essa socialização desigual alimenta comportamentos abusivos e fortalece a ideia de que a mulher é propriedade do homem”, explicou.

A violência baseada no género não é um fenómeno exclusivo de Moçambique. Dados internacionais e relatos de redes sociais mostram que casos similares ocorrem em países como o Brasil, evidenciando que a desigualdade de género e o feminicídio são problemas globais. Apesar disso, a socióloga ressalta que movimentos feministas têm desempenhado papel crucial na denúncia e visibilização desses casos, sendo instrumentos fundamentais na luta por igualdade de direitos e protecção das mulheres.

De acordo com relatórios recentes de organizações nacionais, mais de 300 mulheres são vítimas de feminicídio por ano em Moçambique, muitas delas em contexto de violência doméstica. Estes números reflectem, não apenas a gravidade do problema, mas também a necessidade urgente de uma actuação efectiva das autoridades policiais e judiciais.

A legislação moçambicana prevê instrumentos específicos para combater a violência baseada no género. A Lei n.º 29/2009, sobre prevenção e combate à violência doméstica, estabelece que qualquer acto de violência contra a mulher é crime público, podendo qualquer pessoa denunciar situações de abuso, mesmo sem que a vítima apresente queixa formal. No entanto, a aplicação da lei ainda enfrenta desafios, como a resistência cultural e o desconhecimento por parte de algumas autoridades locais.

Karen Fumo sublinha que é fundamental que a sociedade compreenda que a violência doméstica não é um problema privado, mas um reflexo da forma como homens e mulheres são socializados e da tolerância social à agressão. “Se a vizinhança não intervier e as autoridades não cumprirem o seu papel, as mulheres continuarão a ser vítimas de violência, e casos de feminicídio seguirão crescendo”, alertou.

A socióloga também deixou recomendações directas às mulheres: “Observem sinais de relacionamentos abusivos, como controlo excessivo, agressividade, ciúmes patológicos ou restrição da liberdade. Ao menor sinal de perigo, denunciem ou saiam do relacionamento. Não fiquem caladas. Denunciar é um acto de protecção e não de vergonha”.

Para a sociedade, em geral, Fumo enfatiza que todos têm responsabilidade na prevenção da violência: filhos, irmãos, pais e vizinhos devem estar atentos aos sinais de abuso e agir em conjunto para proteger as vítimas. “Quando uma mulher é violentada, toda a sociedade falha. Precisamos de reflectir sobre nosso papel para garantir que as mulheres vivam com dignidade e segurança”, concluiu.

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