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A selecção nacional de futebol, os Mambas, defronta, na noite desta quarta-feira, a sua similar da Costa do Marfim, no jogo inaugural do grupo F do Campeonato Africano das Nações, CAN, que decorre em Marrocos. Os Mambas estão prontos para a festa do futebol africano e apostam em fazer história na sua sexta participação na competição.

Dia D para o combinado nacional de futebol! Os Mambas estreiam-se nesta quarta-feira no CAN de Marrocos diante da poderosa e candidata ao título africano, para além de ser detentora do troféu, a Costa do Marfim.

Moçambique entra como outsider no grupo, já que Costa do Marfim e Camarões, devido à sua posição no ranking da FIFA, para além de serem potências africanas e mundiais, serem candidatas a passar à fase seguinte, sem contar com o Gabão, que segue logo atrás das selecções poderosas.

Por isso mesmo, a ambição dos Mambas é maior nesta prova, depois do brilharete feito na última edição, em que fizeram vida negra a duas grandes potências, nomeadamente Egipto e Gana, com as quais empatou a duas bolas, e com os ganeses a serem eliminados por Moçambique.

O facto de Moçambique não ter somado nenhuma vitória na fase final do CAN em todas as cinco presenças e nem ter conseguido passar da fase de grupos é outro factor emotivo do lado dos jogadores, que querem mudar a história e começar a fazer diferente.

Chiquinho Conde está ciente de que o grupo é forte, mas diz que esta geração de jogadores dos Mambas é experiente e tem tudo para fazer uma campanha excelente. E mais: o facto de iniciar a competição defrontando a campeã africana em título é um factor motivador para qualquer jogador, mesmo reconhecendo que o primeiro jogo é sempre o mais importante e que define o que pode ser o resto da prova.

Aliás, Chiquinho Conde não quer “estender o tapete vermelho para a selecção campeã africana desfilar a sua classe” e promete muita luta, dificuldades ao adversário e, acima de tudo, “estamos consciencializados de que esta é uma prova única em África, e queremos aproveitá-la ao máximo para desfrutar e lutar, competir”.

Dominguez falou em nome dos jogadores e diz que, apesar de ser um adversário poderoso, logo na primeira jornada, “não vamos nos intimidar por causa disso”, garantido que a selecção vai tentar fazer o seu jogo, “respeitarmos a equipa campeã, cometer poucos erros e aproveitar as oportunidades”.

O capitão dos Mambas espera um jogo aberto e com possibilidades iguais de vencer, assegurando que o facto de defrontar a campeã africana aumenta a motivação, destacando que futebol é dentro das quatro linhas e “vamos ver o que vai acontecer”.

 

Terceiro jogo entre Mambas e Elefantes no CAN

O embate da noite desta quarta-feira entre Moçambique e Costa do Marfim é o terceiro em fases finais do Campeonato Africano das Nações, para além de outras quatro partidas em fases de qualificação para os Mundiais de 2010 e 2022.

O primeiro jogo entre ambos foi na estreia absoluta dos Mambas num CAN, no Egipto, em 1986, com Chiquinho Conde a integrar o “onze” inicial, juntamente com os seus irmãos Geraldo e Elcídio, para além de outros emblemáticos jogadores, casos de Filipe, Joaquim João, Gil Guiamba, entre outros.

Nesse jogo, os Mambas perderam por 3-0, ainda a mostrar a sua inexperiência em provas similares.

Dez anos depois, as duas selecções voltaram a cruzar-se numa fase final do CAN, desta vez na vizinha África do Sul, com os Mambas a voltarem a perder, desta vez à tangente, ou seja, 1-0.

Esta é a terceira vez que se cruzam e Chiquinho Conde espera que “a terceira seja de vez” e que os Mambas consigam, finalmente, vencer.

Os outros jogos entre ambos aconteceram nas fases de qualificação para os Mundiais de 2010 e 2022. Para o Mundial da África do Sul, os Elefantes venceram a primeira mão por uma bola sem resposta e na segunda volta houve empate a um golo em Maputo.

Para a qualificação para o Mundial do Qatar, a turma costa-marfinesa voltou a vencer o primeiro jogo, desta feita por 3-0, mas registando-se mais um empate, novamente a um golo, em Maputo.

No cômputo geral, os Mambas e Elefantes defrontaram-se seis vezes, com Costa do Marfim a vencer quatro jogos e Moçambique a somar apenas dois empates, com dez golos marcados pelos marfinenses e apenas dois remates certeiros dos moçambicanos.

 

CHIQUINHO CONDE

Seleccionador nacional

Esta nova geração, já com alguns dos jogadores catapultados do último CAN, já tem um capital de experiência maior e, como primeiro jogo, obviamente que queremos começar bem. Vamos começar com uma selecção forte, que é a campeã africana, o que aumenta o nosso grau de dificuldade. Mas como é um torneio curto e a experiência que nós adquirimos no último CAN, onde estávamos também num grupo difícil… a importância do primeiro jogo é relevante e nós queremos começar bem. Não queremos desta vez só participar, como temos feito nas outras edições. Estamos consciencializados de que esta é uma prova única em África, e queremos aproveitá-la ao máximo para desfrutar e lutar, competir. Não vamos estender o tapete vermelho para que a selecção campeã africana desfile a sua classe.

 

DOMINGUEZ

Capitão dos Mambas

Sabemos que defrontamos a Costa do Marfim, mas não vamos nos intimidar por causa disso, vamos tentar fazer o nosso jogo. Respeitamos a equipa campeã africana, mas vamos tentar fazer o nosso jogo e cometer poucos erros, porque futebol é sobre isso, cometer poucos erros e aproveitar as oportunidades. Então, vai ser um jogo aberto, e acho que uma das duas equipas pode ganhar. Sabemos que eles trazem o título de serem os campeões da África, mas isso é um motivo para nos dar ainda mais moral, porque sabemos que tudo é possível, futebol é dentro das quatro linhas e vamos ver o que vai acontecer.

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O Egipto anunciou ontem o repatriamento de 2632 cidadãos egípcios, alegadamente imigrantes ilegais, detidos na Líbia desde o início do ano, em colaboração com as autoridades da região leste da Líbia e da região de Tripoli.

Segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio, trata-se de “cidadãos egípcios desaparecidos” na Líbia, um grupo cujo número exacto, bem como a sua “situação e destino”, são desconhecidos, mas que o Governo egípcio tem tentado repatriar em contactos com as autoridades líbias.

“Os nossos esforços já deram resultados tangíveis, incluindo o repatriamento bem-sucedido, a 27 de Novembro, de um grupo de 131 cidadãos egípcios que estavam num centro de detenção da Líbia”, refere o comunicado.

O Governo egípcio adianta que esses esforços permitiram que, “desde o início deste ano, fossem repatriados 1132 cidadãos egípcios de Trípoli e da região oeste, e mais de 1500 de Benghazi e da região leste”.

O comunicado enfatiza que as conversações tentam também determinar o paradeiro e repatriar um grupo de migrantes egípcios sem documentos, cujo barco partiu da Líbia há duas semanas e afundou perto da ilha grega de Creta, no Mediterrâneo.

O ministério egípcio não divulgou o número total de egípcios que seguiam a bordo do barco, mas na terça-feira passada tinha anunciado a morte de 14 dos seus cidadãos que viajavam com outros 34 migrantes indocumentados numa embarcação que partiu a 07 de Dezembro da costa de “um país vizinho” e naufragou no Mediterrâneo oriental, perto de Creta.

A Líbia é um importante centro de migrantes irregulares no Norte de África, servindo tanto como destino de trabalho como ponto de partida preferencial para aqueles que tentam atravessar o Mediterrâneo central em direcção à Europa, particularmente para Itália ou Malta.

Cinco organizações da sociedade civil exigem da Procuradoria-Geral da República (PGR) esclarecimentos urgentes sobre a responsabilização dos autores da violência registada durante as manifestações pós-eleitorais, que resultaram em centenas de mortos e milhares de detenções. A exigência foi formalizada através de uma exposição submetida nesta segunda-feira, na Cidade de Maputo.

A iniciativa surge dias depois de o Chefe do Estado, Daniel Chapo, não ter detalhado, no seu Informe Anual sobre o Estado Geral da Nação, os danos humanos provocados pelos protestos, uma omissão que, segundo as organizações, contribui para a normalização da violência e da impunidade.

A sociedade civil ainda quer esclarecimentos sobre os indultos anunciados por Chapo e aponta que há uma distinção entre indulto e amnistia. 

Durante a audição de exigência de informação junto à PGR, a sociedade civil alertou que cerca de quatro mil cidadãos continuam detidos no contexto das manifestações, sem informação clara sobre a sua situação processual.

“Estamos a falar de milhares de pessoas privadas de liberdade sem que o país saiba em que condições estão detidas, que crimes lhes são imputados e que tratamento estão a receber. Isto fere princípios básicos do Estado de direito”, afirmou Quitéria Guirengane, representante das organizações da sociedade civil.

As organizações exigem informações detalhadas sobre mortes, baleamentos, casos de tortura e desaparecimentos forçados registados entre Outubro de 2024 e Março de 2025. Segundo dados avançados pelo grupo, mais de 350 pessoas perderam a vida durante os protestos, muitas delas alegadamente mortas por agentes da polícia, incluindo crianças.

Questionada pela sociedade civil sobre a identificação e responsabilização dos agentes da Polícia implicados nos actos de violência, a Procuradoria-Geral da República garantiu que irá partilhar informação sólida e fundamentada.

“A PGR comprometeu-se a disponibilizar informação factual sobre os processos instaurados, os agentes implicados e as diligências em curso. Esperamos que esse compromisso seja honrado de forma pública e transparente”, sublinhou a representante da sociedade civil.

O pedido de informação foi submetido ao abrigo do artigo 48 da Constituição da República e da Lei do Direito à Informação e exige dados estatísticos e factuais sobre cidadãos detidos, presos, feridos, baleados, torturados ou assassinados, bem como esclarecimentos sobre medidas de reparação e garantias de acesso à justiça para as vítimas e seus familiares.

“Sem verdade não há justiça e sem justiça não há paz social. O país precisa de respostas claras e não de discursos que ignoram o sofrimento das vítimas”, reforçou Guirengane.

O documento é assinado pelas organizações Justiça Ambiental, Observatório das Mulheres, Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), Rede dos Defensores dos Direitos Humanos (RDDH) e Centro para o Desenvolvimento Alternativo (CDA).

Recorde-se que, em Abril último, a Procuradoria-Geral da República anunciou a abertura de 31 processos-crime, alguns dos quais envolvendo membros da Polícia da República de Moçambique. No entanto, apenas dois tiveram despacho de acusação e, até ao momento, não há qualquer actualização pública sobre o estágio dos restantes processos.

“Esta ausência de informação reforça a sensação de impunidade. O que exigimos não é favor, é o cumprimento da lei e das obrigações do Estado moçambicano em matéria de direitos humanos”, concluiu Quitéria Guirengane.

O Governo já disponibilizou cerca de duzentos milhões de Meticais para ajudar na recuperação de empresas afectadas pelos ciclones Chido e Jude, incluindo os empresários que registaram prejuízos durante as manifestações pós-eleitorais que deixaram a província economicamente débil.

Os acordos de funcionamento de empresas de Cabo Delgado que sofreram prejuízos resultantes de calamidades naturais e manifestações pós-eleitorais foram entregues pela Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte, ADIN, a instituição responsável pela coordenação do programa de recuperação empresarial ao nível da província.

De acordo com Nocif Magaia, representante da ADIN em Cabo Delgado, os financiamentos não irão chegar para todos de uma só vez e explica: “à medida que forem sendo lançadas mais linhas, mais oportunidades surgirão e mais empresas poderão beneficiar-se das subvenções compartilhadas, bem como de outros financiamentos disponibilizados pelo governo”, disse.

O Governo  promete mobilizar mais apoios para recuperação económica de Cabo Delgado, mas pede aos empresários tempo e paciência. “Esta é a segunda edição do Fundo de Recuperação Empresarial, dentro do Fundo Catalítico. Colocámos à disposição do nosso sector privado cerca de 200 milhões de Meticais para 34 micro, pequenas e médias empresas”, anotou Valige Tauabo, Governador de Cabo Delgado.

O dirigente provincial destacou ainda que se estima que até 2026-2027 sejam financiadas mais empresas com estes fundos “e o pacote global de financiamento deverá atingir cerca de 600 milhões de Meticais”.

A quinta edição do Fundo Catalítico para Inovação e Demonstração, também conhecido por Fundo de Recuperação Empresarial, foi lançado pelo Presidente da República em Março deste ano, e segundo previsões, o programa deverá terminar em 2027.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) prevê a continuação da ocorrência de chuvas moderadas a fortes, acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas, em vários distritos das províncias de Niassa, Nampula, Zambézia, Tete, Manica e Sofala.

Segundo o INAM, está prevista a queda de chuvas moderadas, que podem atingir até 30 milímetros em 24 horas, e localmente fortes, ultrapassando os 50 milímetros no mesmo período, associadas a trovoadas e ventos fortes, o que poderá aumentar o risco de inundações, cheias repentinas e danos em infraestruturas frágeis.

Na província de Niassa, o alerta abrange os distritos de Mecula, Marrupa e Nipepe. Em Nampula, a previsão inclui Malema, Lalaua e Ribaué. Já na Zambézia, os distritos afetados são Nicoadala, Inhassunge, Mopeia, Namacurra, Gurué, Namarrói, Ile, Maganja da Costa, Mocubela, Pebane, Maquival, Luabo, Chinde e a cidade de Quelimane.

Em Tete, a previsão incide sobre os distritos de Doa, Changara, Cahora Bassa, Angónia, Marávia, Zumbo e a cidade de Tete. Na província de Manica, estão abrangidos Sussundenga, Manica, Macossa, Tambara, Guro, Barué, Gondola e Vanduzi. Em Sofala, o alerta aplica-se aos distritos de Chemba, Caia, Muanza, Cheringoma e Marromeu.

Face a este cenário, o INAM recomenda a tomada de medidas de precaução e segurança.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, destacou a necessidade de negociações de paz construtivas nos Estados Unidos, mas lamentou que “apenas cheguem sinais negativos” da parte russa.

“Estamos a fazer progressos bastante rápidos, e a nossa equipa na Flórida tem trabalhado com o lado americano. Também foram convidados representantes europeus. É importante que estas negociações sejam construtivas, e muito depende de a Rússia sentir a necessidade de realmente acabar com a guerra e não se envolver em jogos retóricos ou políticos”, escreveu Zelensky na rede X.

 As conversações estão em curso em Miami, na Flórida, entre o enviado do Kremlin, Kirill Dmitriev, e os representantes da Casa Branca Steve Wittkoff e Jared Kushner, sobre o plano de paz para a Ucrânia, após uma reunião na sexta-feira com a delegação ucraniano e também com elementos europeus.

Na sua mensagem, o Presidente ucraniano criticou porém que, “infelizmente, os sinais reais vindos da Rússia são apenas negativos”.

Zelensky relatou que prosseguem “os ataques nas linhas da frente, os crimes de guerra russos nas zonas fronteiriças”, bem como os bombardeamentos das infra-estruturas energéticas, comentando que “o mundo não pode permanecer em silêncio perante tudo isto”.

Ao mesmo tempo, afirmou que existe um sentimento generalizado de que, após o trabalho que está a ser realizado pela equipa ucraniana nos Estados Unidos, liderada pelo secretário do Conselho de Segurança Nacional, Rustem Umerov, “seria aconselhável realizar consultas num contexto mais alargado” com os parceiros europeus.

A equipa da Universidade Pedagógica de Maputo (UPM) conquistou a medalha de bronze no Campeonato Africano de Voleibol em seniores femininos, após vencer a formação do Spikings Stars do Botswana, por 3-1. Assim, as “pedagogas” voltam a ocupar uma posição de destaque naquela que é a maior competição de voleibol africano a nível de clubes. 

O Reitor da UPM, Jorge Ferrão, considera que esta conquista eleva a instituição e reitera o compromisso de continuar a apoiar as iniciativas do desporto. 

Em uma mensagem dirigida às atletas, equipa técnica e direcção do clube, Ferrão disse que “as nossas meninas voltam ao pódio. Pode não ser o lugar mais alto desta vez, mas continua a ser um lugar nobre, digno e profundamente orgulhoso”, lê-se. 

O Reitor da Universidade Pedagógica de Maputo refere ainda que durante a prova as atletas mostraram raça, disciplina, espírito de equipa e a capacidade rara de superar a tristeza e transformar desafios em conquistas.

“São campeãs no jogo, na atitude e na forma como representam o país e a UPM”, anota Jorge Ferrão.

Moçambique continua a investir pouco na sua própria defesa, apesar de ser um país rico em recursos naturais e cada vez mais exposto a ameaças internas e externas. O alerta foi lançado de forma directa pelo antigo vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Bertolino Capetini, durante o debate sobre defesa e segurança no âmbito do Diálogo Nacional e Inclusivo. Com base na sua experiência no desenho de estratégias militares do país, o general na reserva traçou um retrato crítico do sector, apontando fragilidades estruturais, decisões estratégicas inconsistentes e uma resposta considerada insuficiente ao terrorismo em Cabo Delgado, num contexto em que a segurança, a economia e a soberania nacional continuam profundamente interligadas.

Foi no espaço do Diálogo Nacional Inclusivo, dedicado às questões de defesa e segurança, que o general na reserva Bertolino Capetini, antigo vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, voltou a falar de forma frontal sobre o terrorismo em Cabo Delgado e sobre aquilo que considera serem fragilidades estruturais profundas do Estado moçambicano em matéria de defesa nacional. Antes mesmo de entrar no dossier do norte do país, Capetini centrou a sua intervenção numa crítica directa ao baixo nível de investimento do Orçamento do Estado no sector da defesa, num país que descreve como rico em recursos naturais, mas vulnerável do ponto de vista da segurança. Para o general, a projecção de que, em 2029, a defesa possa representar cerca de um por cento do orçamento é um sinal preocupante, que compromete a capacidade do Estado de proteger o seu território e os seus cidadãos.

Usando metáforas simples, mas contundentes, Capetini comparou o país a uma casa cheia de bens, mas sem vedação, onde qualquer um pode entrar. Para o antigo responsável militar, a defesa e a economia são dois pilares inseparáveis, e a fragilidade de um compromete inevitavelmente o outro. Na sua leitura, não há investidor sério disposto a aplicar recursos num país que não transmite segurança nem previsibilidade. Referiu, nesse contexto, a retirada temporária de grandes projectos energéticos como um exemplo concreto de como a instabilidade afecta decisões estratégicas de investimento e gera custos elevados para o país.

Capetini defendeu que a consequência directa da fraca aposta financeira na defesa nacional é a utilização de meios inadequados pelas Forças de Defesa e Segurança, o que limita a capacidade de resposta do Estado perante ameaças internas e externas. Questionou escolhas feitas no passado recente, sobretudo no domínio naval e terrestre, argumentando que determinados equipamentos adquiridos não respondem às reais necessidades operacionais do país. Para ilustrar, referiu que alguns meios não têm autonomia nem alcance compatíveis com a dimensão da zona económica exclusiva moçambicana, o que fragiliza a vigilância marítima num país com extensa costa e interesses estratégicos no mar.

Com anos de envolvimento directo na definição de estratégias de defesa, o general foi mais longe ao apontar o que considera ser falta de seriedade na tomada de decisões estratégicas ao mais alto nível. Relatou episódios de encontros regionais no âmbito da cooperação em segurança, em que, segundo descreveu, Moçambique apresentou relatórios excessivamente optimistas sobre a situação interna, contrastando com informações mais duras trazidas por países vizinhos. Para Capetini, essa discrepância fragiliza a credibilidade do país e dificulta uma resposta regional eficaz ao fenómeno do terrorismo.

Ao abordar especificamente Cabo Delgado, o general na reserva afirmou que Moçambique tem reagido de forma tardia, fragmentada e excessivamente reativa ao terrorismo. Defendeu a necessidade urgente de uma estratégia clara, coerente e de longo prazo, sustentada por objectivos bem definidos, meios adequados e uma cadeia de comando funcional. Para Capetini, as Forças Armadas são uma ciência, com componentes terrestre, aérea, naval e logística que devem funcionar de forma integrada, e não como um simples ajuntamento de homens enviados para o teatro de operações sem planeamento adequado.

Na sua intervenção, criticou também a ideia recorrente de que a solução passa apenas por concentrar efectivos em Cabo Delgado, sublinhando que uma força militar eficaz depende de comando, logística, inteligência e coordenação entre níveis estratégico, operacional e táctico. Alertou que decisões tomadas sem compreensão profunda do funcionamento das Forças Armadas acabam por gerar desgaste, ineficiência e riscos acrescidos para os próprios militares no terreno.

Capetini chamou igualmente a atenção para uma dimensão que considera negligenciada: a defesa cibernética. Num contexto em que o Estado aposta cada vez mais na digitalização de serviços, incluindo a cobrança de impostos e a gestão administrativa, o general alertou para os riscos de um sistema vulnerável a ataques informáticos. Defendeu que a segurança nacional já não se limita ao território físico e que um eventual colapso digital pode paralisar o funcionamento do Estado e afectar directamente a vida dos cidadãos.

Outro ponto central da sua intervenção foi a forma como Moçambique encara o seu espaço marítimo. Para Capetini, o país tem tratado o mar com negligência, apesar da sua importância estratégica para a soberania, a economia e a segurança nacional. Defendeu a necessidade de uma autoridade marítima funcional, capaz de articular fiscalização, investigação e resposta rápida a infrações no mar. Sublinhou que outros países da região avançaram nesse domínio, enquanto Moçambique continua a debater modelos institucionais sem implementar soluções eficazes.

O general destacou ainda a importância de investir seriamente na inteligência como ferramenta central no combate ao terrorismo. Na sua análise, cortar as linhas de abastecimento, financiamento e logística dos grupos armados é tão ou mais decisivo do que a resposta militar directa. Referiu que as redes terroristas utilizam meios simples, incluindo plataformas digitais e transferências financeiras, e defendeu um reforço da capacidade nacional para monitorar e neutralizar esses fluxos.

Capetini alertou para o risco de subestimar a capacidade de adaptação dos grupos armados e deixou um aviso claro sobre a necessidade de prevenir ataques fora das zonas tradicionalmente afectadas. Na sua leitura, a segurança não pode ser tratada como um problema distante, restrito a uma província, quando as fragilidades estruturais do Estado podem ter impacto em qualquer ponto do território nacional.

Na mesma intervenção, o general na reserva abordou a questão da atribuição de nacionalidade e documentos moçambicanos a cidadãos estrangeiros, classificando a situação como um risco sério para a segurança nacional. Defendeu maior rigor nos processos de identificação e verificação, sublinhando que falhas nesse domínio podem ter consequências de longo prazo para a soberania do Estado e para o funcionamento das próprias instituições de defesa e segurança.

O encontro, realizado no âmbito do Diálogo Nacional Inclusivo, teve como objectivo recolher contributos técnicos e experiências acumuladas para alimentar o debate sobre reformas estruturais no sector da defesa e segurança. As intervenções, como a de Bertolino Capetini, trouxeram para o centro da discussão temas sensíveis, muitas vezes ausentes do debate público, mas considerados fundamentais para a estabilidade do país.

Num contexto marcado por desafios internos e regionais complexos, a mensagem deixada pelo general na reserva foi clara: sem uma aposta consistente, estratégica e sustentada na defesa, Moçambique continuará vulnerável, independentemente da riqueza dos seus recursos naturais. Para Capetini, a segurança não é um custo, mas uma condição básica para o desenvolvimento, a confiança dos investidores e a própria sobrevivência do Estado enquanto entidade soberana.

As autoridades nigerianas garantiram a libertação de 130 alunos raptados em 21 de novembro por homens armados no dormitório de uma escola católica na região centro-norte do país, anunciou hoje um porta-voz presidencial.

Uma centena de alunos da mesma escola, também raptados a meio da noite, já tinham sido libertados no início de dezembro.

“Cerca de 130 outros estudantes raptados no estado do Níger foram libertados, nenhum permanece em cativeiro”, afirmou Sunday Dare, porta-voz da presidência nigeriana, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), acompanhada de uma fotografia de crianças sorridentes.

Uma fonte da Organização das Nações Unidas (ONU), citada pela agência noticiosa France-Presse, indicou que os alunos libertos serão transferidos na terça-feira para Minna, capital do estado do Níger.

Em 21 de Novembro, centenas de alunos e funcionários foram raptados do internato misto St. Mary’s, na remota aldeia de Papiri, no estado do Níger, centro-norte da Nigéria.

Segundo a imprensa internacional, a Nigéria tem vivido uma onda de raptos em massa que faz lembrar o rapto de quase 300 raparigas pelo grupo extremista Boko Haram em Chibok, em 2014.

Além da insurgência ‘jihadista’ activa desde 2009 no nordeste do país, os últimos anos têm sido marcados por ataques, pilhagens e raptos perpetrados por bandidos, motivados mais por interesses financeiros do que ideológicos, nas regiões noroeste e central desta nação da África Ocidental.
O número exato de pessoas raptadas e de quem ainda está em cativeiro permanece incerto desde o ataque à escola.

Entre sorrisos cúmplices, abraços demorados e memórias partilhadas, colaboradores do Grupo SOICO reuniram-se numa confraternização que foi muito mais do que um simples momento social. Foi um encontro de histórias cruzadas, de percursos construídos com sacrifício e de uma identidade coletiva moldada ao longo de anos de desafios, reinvenção e aprendizagem constante. Num ambiente descontraído, longe da pressão diária das redações e dos prazos apertados, celebrou-se o que sustenta o grupo desde a sua fundação: as pessoas.

O encontro acontece num ano simbólico para a empresa. O Grupo SOICO assinala 25 anos de existência, enquanto a STV completa 23 anos de emissão, consolidando-se como uma das principais referências da comunicação social moçambicana. Ao longo deste percurso, marcado por transformações profundas no sector dos media, a empresa enfrentou ciclos de crescimento, crises, inovação tecnológica e mudanças estruturais que exigiram resiliência e capacidade de adaptação.

Intervindo no encontro, o Presidente do Conselho de Administração do Grupo SOICO, Daniel David, descreveu a empresa como uma verdadeira escola de vida, não apenas profissional, mas também pessoal. Para o gestor, cada etapa do percurso do grupo representou um processo contínuo de aprendizagem, muitas vezes duro, mas essencial para o amadurecimento institucional e humano de quem faz parte da organização.

Daniel David reconheceu que o ano foi particularmente exigente, sublinhando que os últimos tempos trouxeram desafios que obrigaram a repensar modelos, processos e formas de fazer televisão. Num discurso marcado por franqueza, comparou o momento atual a um recomeço, uma espécie de renascimento, em que é preciso reconstruir com humildade, visão e coragem. Para ele, a longevidade do Grupo SOICO não se explica apenas por decisões estratégicas, mas sobretudo pela capacidade dos seus colaboradores de aprender, errar, corrigir e seguir em frente.

Ao falar do futuro, o PCA destacou a aposta em novos formatos e plataformas digitais, defendendo que o Grupo SOICO está a preparar-se para um novo ciclo da comunicação social. Segundo Daniel David, a lógica tradicional de televisão está a mudar rapidamente e o grupo procura posicionar-se nesse novo ecossistema, onde cada profissional também passa a ser produtor de conteúdos, voz ativa e ponto de contacto direto com o público. Uma visão que, segundo explicou, pretende colocar a empresa na linha da frente da transformação digital no país.

Mas se o discurso da liderança apontou caminhos estratégicos, o ambiente da confraternização revelou a dimensão humana da empresa. Jornalistas, produtores, técnicos, realizadores e outros profissionais partilharam momentos de descontração, reforçando laços que se constroem no dia a dia das redações, muitas vezes sob pressão intensa. Ficou evidente que por detrás das câmaras, dos microfones e das notícias que chegam diariamente aos moçambicanos, existe uma equipa que partilha sonhos, frustrações, conquistas e uma vontade comum de fazer melhor.

Para muitos colaboradores, o encontro simbolizou um reencontro de família. Um espaço para refletir sobre o percurso feito, mas também sobre aquilo que o Grupo SOICO representa nas suas vidas. Alguns destacaram o papel da empresa na sua formação profissional, outros sublinharam o impacto na sua formação pessoal, num contexto em que a exigência diária do jornalismo ensina disciplina, ética, responsabilidade e resistência emocional.

O momento serviu igualmente para renovar energias e reforçar o compromisso com o futuro. Num sector em permanente mutação, os colaboradores reconhecem que o caminho não é fácil, mas acreditam que a força do grupo reside precisamente na sua capacidade de se reinventar sem perder identidade. A confraternização funcionou, assim, como um ponto de equilíbrio entre o passado que se honra e o futuro que se constrói.

Um dos momentos mais simbólicos do encontro foi a homenagem aos colaboradores que dedicaram grande parte da sua vida profissional ao crescimento do Grupo SOICO e que agora se despedem da vida ativa para um merecido descanso. Foram lembrados como pilares da história da empresa, pessoas que estiveram presentes nos primeiros passos, atravessaram períodos difíceis e ajudaram a consolidar a marca que hoje é reconhecida a nível nacional. O legado deixado por estes profissionais foi apontado como exemplo de compromisso, entrega e sentido de missão.

Num tom mais leve, a confraternização abriu ainda espaço para inverter papéis. Quem habitualmente faz perguntas passou, por instantes, para o outro lado da câmara, assumindo o lugar de entrevistado. Um gesto simbólico, mas revelador do espírito de proximidade e informalidade que marcou o encontro, reforçando a ideia de que a comunicação no grupo também se faz de dentro para fora.

A celebração não foi apenas sobre números ou datas comemorativas. Foi, sobretudo, sobre pessoas. Sobre a consciência de que o Grupo SOICO é feito de profissionais que enfrentam diariamente desafios complexos, que erram, acertam, aprendem e seguem juntos. Numa altura em que o sector da comunicação enfrenta profundas transformações, a empresa reafirma-se como um espaço onde o compromisso coletivo continua a ser a base para enfrentar o futuro.

Mais do que fechar um ano, a confraternização serviu para reafirmar uma identidade: a de um grupo que se constrói todos os dias, com trabalho, entrega e sentido de pertença. Uma escola de vida que continua aberta, exigente e em constante aprendizagem.

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