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Renamo garante não voltar a pegar em armas

Foto: O País

O presidente da Renamo acusa o Governo de continuar a violar o acordo sobre o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos seus guerrilheiros. Ossufo Momade diz que os primeiros 10 oficiais desarmados ainda aguardam a integração no Comando-Geral da Polícia. Garante, porém, que, independentemente disso, não voltará às matas.

A Renamo está reunida, desde a manhã desta segunda-feira, na quarta sessão ordinária do Conselho Nacional do partido.

Trata-se de um órgão deliberativo que se reúne anualmente para discutir sobre a vida do partido e do país.

Durante o discurso de abertura, o presidente da Renamo reafirmou o compromisso do seu partido em manter a paz, através do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos seus membros, entretanto, mais uma vez, acusou o Governo de violar o que foi acordado a 06 de Agosto de 2019.

Ossufo Momade diz que as acções do Governo vão em contramão com os objectivos do processo, pois o seu partido nunca poupou esforços no processo de DDR, tendo como resultado a adesão de 4001 dos 5254 combatentes, o correspondente a cerca de 80%. Deste universo, apenas 46 combatentes foram enquadrados na Polícia da República de Moçambique.

“Infelizmente, para acrescentar a manifesta falta de vontade do Governo em prosseguir com o processo de paz, os primeiros 10 oficiais ainda aguardam, sem justificação, a sua integração no Comando-Geral da Polícia, segundo o acordado. Porém, os combatentes já desmobilizados continuam a aguardar a fixação das pensões, apesar da nossa permanente exigência ao Governo, que se remete ao silêncio maquiavélico”, disse Ossufo Momade.

Segundo Momade, a postura do Governo visa desestabilizar o partido, mas este não cederá à pressão, nem voltará a pegar em armas.

“Sabemos que todas estas artimanhas e manobras dilatórias têm o objectivo de nos distrair e fazer-nos perder a paciência para, depois, nos atribuir a culpa dos fracassos da governação. Cientes disso, não iremos embarcar nessa onda, nem iremos demonstrar musculatura e posição de força, apesar de não nos faltar, em respeito aos moçambicanos e à nossa palavra de honra”, garantiu Momade.

Sobre o terrorismo, o líder do maior partido da oposição exigiu do Governo uma postura mais actuante e aberta na luta contra este mal, bem como contra outros tipos de criminalidade.

“O país está a confrontar-se diariamente com crimes como raptos, sequestros e correspondentes exigências de resgates milionários, cujos principais autores são agentes da PRM e SERNIC, servidores públicos que têm o dever especial e moral de defender os cidadãos. Por isso, perante tais actos criminosos, não há ninguém em condições morais e objectivas de parar com a criminalidade, incluindo o próprio Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança que também não é fiel ao seu juramento”, afirmou o líder da Renamo, condenando o que chamou de “captura da soberania do Estado”.

Ossufo Momade instou os participantes da 4ª sessão ordinária do Conselho Nacional a discutirem com sabedoria os problemas do país, bem como a preparação para as eleições autárquicas de 2023 e gerais de 2024.

O ponto mais alto da sessão em curso será a indicação do secretário-geral do partido, que vai substituir André Magibire, exonerado em Setembro último, uma figura que terá a especial missão de conduzir administrativamente o partido, sendo “um exímio conhecedor dos desafios do nosso partido e capaz de implementar exemplarmente as nossas aspirações, através de estratégias consentâneas com os desafios, como as eleições”, terminou.

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