Mais de quatro mil alunos estudam em salas improvisadas em Matlemele
A Escola Primária Completa de Matlemele, no Município da Matola, continua encerrada devido à água que inundou as salas de aula e o pátio. A situação obrigou cerca de quatro mil alunos a ficarem em casa durante mais de duas semanas, sendo que as aulas só se iniciaram esta segunda-feira, em salas improvisadas.
A Escola Primária Completa de Matlemele, na autarquia da Matola, está abandonada devido a inundações. Mais de quatro mil alunos foram forçados a não iniciar as aulas no mesmo dia que as outras.
Duas semanas depois, as crianças começaram a estudar no espaço onde estava a ser construído o aterro sanitário de Matlemele.
Pretende-se construir, no local, um total de 25 salas, sendo que, até agora, 13 delas estão prontas.
A situação vivida na manhã desta segunda-feira, 19 de Fevereiro, foi de total agitação, com os pais e encarregados de educação, na companhia dos seus educandos, a procurarem pelas turmas.
“Estou a trazer as crianças para estudarem. Ainda não identifiquei a sala de aula para elas. Está tudo desorganizado, mas vou continuar a procurar”, reclamou Sofia Bernardo, encarregada de educação.
As salas de aula são feitas de madeira e zinco. O chão não está cimentado e as carteiras não chegam para todos, situação que não satisfaz os encarregados de educação, embora reconheçam que seja melhor que as crianças estudem no actual cenário do que na anterior escola, cheia de água.
“Comparando com aquela, esta é melhor. Mas não é a melhor escola. Se o Governo pudesse fazer o melhor, seria bom para nós. A escola não está tão segura. Como se pode ver, está cercada de mata. A escola é um pouco distante para algumas crianças”, queixou-se Américo Vunjane, encarregado de educação.
São, ao todo, 4117 alunos, divididos em 75 turmas, em regime de três turnos, com uma média de 50 alunos por turma. O director da escola, Francisco Alissene, diz que, para já, é importante garantir que os meninos estudem.
“Como vê, hoje é o primeiro dia e estamos ainda a construir a escola. Neste momento, o importante é garantir que as crianças tenham condições para estudar.”
Joaquim Malate, professor, já tem a turma composta e já começou com a actividade lectiva, interagindo com os seus alunos. Malate contou ao “O País” que a situação vai exigir muito dos professores, visto que as condições não são adequadas.
“Dá para trabalhar. Como está a ver, estão aqui os meninos. Estamos conscientes de que não é possível fazer tudo num único dia. Vamo-nos esforçar e, acima de tudo, trabalhar e acreditar que os próximos dias vão ser melhores.”
É possível ver-se, no recinto escolar, um enorme espaço que não tem vedação e algumas sombras no pátio. Tudo está a ser improvisado, incluindo os sanitários.
Não existem, ainda, bloco administrativo nem gabinetes para os gestores da escola. Mas o director da instituição garante que os compartimentos serão construídos.
“São situações possíveis, que o Governo do distrito da Matola encontrou para proporcionar o mínimo de condições para que o trabalho prossiga. Estamos cientes dos desafios e estaremos cá para fazer o melhor.”
A escola vai funcionar naquele espaço provisoriamente, enquanto se procura identificar um local seguro para a construção do novo recinto escolar.