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Gilberto Mendes: “Selecção não é um sítio para ganhar dinheiro”

Gilberto Mendes diz que a selecção nacional não é um lugar para ganhar dinheiro, mas sim para exaltar o patriotismo. O secretário do Estado de Desporto diz ainda que o que aconteceu na Argélia revela a falta de comunicação entre a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) e os jogadores.

Ausência dos jogadores e da equipa técnica marcou a reunião convocada pela Secretaria do Estado de Desporto, a fim de se inteirar dos acontecimentos da Argélia relacionados com a greve dos atletas em reclamação ao pagamento do prémio de jogo, em face da qualificação para os quartos-de-final do CHAN.

Os jogadores exigiram à FMF o pagamento de 60 por cento dos 400 mil dólares, o equivalente a 25 milhões de Meticais pela qualificação, facto que foi prontamente recusado pelo organismo que superintende o futebol moçambicano.

Dos 40 mil Meticais previamente acordados, os jogadores elevaram a fasquia para 150 mil, o que não foi possível. Depois de muitas negociações, a Federação Moçambicana de Futebol prontificou-se para pagar 75 mil Meticais. Esse facto concorreu para um ambiente de crispação no seio da selecção, com os jogadores a ameaçarem não sair do hotel em que estavam hospedados de volta a Moçambique.

Para o secretário do Estado de Desporto, Gilberto Mendes, a quem coube a missão de dirigir o encontro desta segunda-feira, em que apenas os membros da direcção da FMF se fizeram presentes, a falta de comunicação poderá ter sido um dos motivos para que se chegasse à fase em que o assunto atingiu.

O governante disse ainda que não se pode permitir que o movimento desportivo se desvie daquilo que é o seu valor mais precioso, que é o patriótico e não o financeiro.

“A selecção nacional não é um sítio para ganhar dinheiro, mas sim para exaltar o patriotismo e de orgulho nacional. Não estou a dizer que a federação não possa nalgum momento premiar os jogadores pelos feitos que possam alcançar”, diz Gilberto Mendes, sublinhando que se desviou do foco principal que eram os resultados desportivos, para discutir prémios de jogos.

Gilberto Mendes considera que a atitude dos jogadores dos Mambas pode ter um efeito multiplicador noutras federações, facto que não pode cair bem para o desporto moçambicano. Durante o encontro, Mendes disse que o Governo tem o direito de saber o que é que, de facto aconteceu, pois tem tirado dinheiro para custear as despesas das participações internacionais das selecções nacionais.

Em relação à ausência dos jogadores e da equipa técnica no encontro, o governante classificou a situação como preocupante, pois era preciso ouvir as partes do processo, de modo a encontrar-se uma solução viável.

SED CRIA COMISSÃO DE INQUÉRITO

Paralelamente à medida da Federação Moçambicana de Futebol, a Secretaria do Estado de Desporto nomeou uma comissão de inquérito, que se vai encarregar de apurar o que é que aconteceu na Argélia.

Segundo Gilberto Mendes, a referida comissão vai apurar o comportamento dos jogadores e tentar entender junto da federação os reais motivos que levaram os atletas a agirem daquela maneira.

“É do nosso interesse saber a verdade. A comissão vai investigar os jogadores e a própria federação. Talvez possamos investigar também como Secretaria do Estado de Desporto. A verdade é que precisamos de apurar a verdade”, disse Gilberto Mendes. Em relação à comissão de inquérito criada pela FMF, Gilberto Mendes considera que o organismo reitor do futebol moçambicano agiu de cabeça quente, na medida em que poderia ter consultado às outras instituições.

FMF NÃO VAI PAGAR NENHUM VALOR AOS ATLETAS

A Federação Moçambicana de Futebol diz que não vai pagar nenhum valor aos jogadores dos Mambas, dos 400 mil dólares disponibilizados pela Confederação Africana de Futebol. A FMF justifica que o regulamento da CAF não determina isso e, por isso mesmo, não há obrigatoriedade de se dividir o valor com os atletas.

O vice-presidente para a Área de Administração e Finanças, Jorge Bambo, por sinal chefe da delegação que esteve na Argélia, entende que há muito barulho à volta da selecção, o que, para ele, não faz sentido. Diz ainda que, quando se foi ao CHAN, não havia nenhum anúncio de prémio. Ou seja, a FMF só tomou conhecimento de que a CAF iria alocar um valor às federações durante a competição.

Sobre o termo de compromisso assinado com os jogadores aquando da partida da Argélia para Moçambique, Jorge Bambo diz que o mesmo não tem nenhum valor jurídico, até porque foi rubricado fora do país e sob pressão.

Justifica que só fez como forma de garantir que os jogadores saíssem do hotel, pois a sua permanência mancharia a imagem do país e colocaria a federação numa posição descredibilizada dentro da CAF.

No seu discurso, Jorge Bambo falou de supostos detractores, aqueles que, na sua opinião, estão a desestabilizar a selecção nacional, por motivos por si desconhecidos.

“Devo garantir que essas pessoas serão apanhadas. Estamos a trabalhar no sentido de as neutralizar”, garantiu Jorge Bambo.

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