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“Vamos juntos resgatar o ‘bom nome’ do partido”

Samora Machel Júnior submeteu pré-candidatura ao partido Frelimo rumo às eleições presidenciais de Outubro. “Samito” diz que a sua candidatura é um misto de inquietações, mas também de esperança, visando dar respostas aos problemas e desejos dos moçambicanos.

O Comité Central da Frelimo começa já na sexta-feira, e o que poderia não ser debatido deverá entrar na agenda, principalmente depois da submissão da pré-candidatura do membro do órgão, Samora Machel Júnior.

“A minha candidatura é fundamentada nos princípios da busca pela paz, pelo respeito pela diversidade e pela diferença, promoção da inclusão e igualdade, dignidade humana e assegurar o crescimento económico de Moçambique para garantir um ambiente propício ao desenvolvimento económico e social, com especial atenção à criação de empregos para jovens e assistência aos mais necessitados. A minha candidatura é um misto de inquietações, mas também de esperança, visando dar respostas aos problemas e desejos dos moçambicanos”. É assim que começa a sua carta, que mais parece um manifesto.

Na carta a que o jornal “O País” teve acesso e que sabe que já foi recebida pelo partido, “Samito” diz entender que o país vive momentos de mudança social, política e global e, por isso, “o nosso desafio não é apenas o de desenvolver Moçambique; é de levar Moçambique a encontrar o lugar a que tem direito no concerto das nações”.

Segundo ele, o seu compromisso baseia-se em princípios fundamentais que refletem os valores mais nobres do Partido Frelimo do povo moçambicano. Assim sendo, divide o seu pensamento em busca pela paz, respeito à diversidade e à diferença, crescimento económico, inclusão e assistência social e priorização dos sectores sociais.

“Juntos, deveremos moldar um Moçambique onde a paz, o respeito pela diferença, o crescimento económico e oportunidades para os jovens se entrelaçam para formar uma sociedade justa e próspera. Esses princípios não são apenas promessas, são alicerces para uma nação mais justa e solidária. Juntos ainda, poderemos construir um país onde a inclusão é a norma, e a assistência aos mais necessitados é um compromisso inabalável, valores que são a base do nosso partido Frelimo”.

Por falar na Frelimo, Samora Machel Júnior, em muitos momentos, do que se pode chamar o seu manifesto, recorda de outros tempos, os tempos passados. “O nosso partido sempre foi de massas. Ele deve representar as aspirações do povo. Quero promover a unidade na diferença. Todos os moçambicanos devem ter acesso às mesmas oportunidades. A terra, o mar, os rios, as jazidas minerais que demandam o solo, e o subsolo, o gás natural, entre outros recursos, são dos moçambicanos, por isso, devem estar a disposição dos mesmos para o bem-estar comum, promoção do desenvolvimento e construção de infra-estruturas”.

O filho do primeiro Presidente do país constatou que a trajectória de Moçambique e a do seu partido têm uma relação muito forte, por isso propõe que, nesse contexto, também se façam mexidas na organização. “Acreditamos que são necessárias reformas internas no partido visando o reconhecimento da justiça e adequar-se ao momento histórico e de avanços tecnológicos. O nosso partido teve na sua trajectória bons e maus momentos, pelo que, é necessário saber reconhecê-los para que juntos, possamos corrigi-los e caminhar com o povo”.

Ele já pensou em como vai fazer este processo de mexidas internas. “Vamos estabelecer mecanismos transparentes para garantir a representação equitativa, a prestação de contas e a participação democrática. Vamos também construir uma estrutura partidária que promova a inclusão e dê voz a todos os membros, reforçando os alicerces da verdadeira democracia. Vamos juntos resgatar o ‘bom nome’ do partido, valorizar os esforços da Luta Armada de Libertação Nacional e da Independência Nacional. Naturalmente, este desiderato passa pela valorização dos recursos humanos do partido através da criação de um sistema de carreiras e remuneração atractivo e compensatório”.

O que Samora Machel Júnior propõe, na verdade, são mudanças e “não há mudança sem esperança. Combateremos a impunidade daqueles que não estão ao lado da lei e do povo, pois é um imperativo moral da classe política perante toda a Nação. E é também o caminho inevitável para que a cultura do mérito vingue sobre a cultura do privilégio. Sonho iluminar a vida de cada moçambicano que não está conformado e vou fazê-lo com o orgulho e a responsabilidade de me tornar a voz principal de um partido que recusa ficar calado. Não é possível construir um futuro quando um povo perde a capacidade de sonhar. Compete, portanto, ao Presidente de Moçambique erradicar as razões que minam a nossa força de acreditar”.

E assegura que fazer isso é um compromisso que assume. “O meu compromisso é inabalável, não vou descansar enquanto houver concidadãos que dormem sem comer e enquanto os nossos irmãos sofrerem com os horrores do terrorismo, privando-os de uma noite digna de sono. Vou implementar políticas emergenciais para garantir a segurança de todos e promover iniciativas sociais que assegurem que ninguém seja deixado para trás. Juntos, superaremos esses desafios, construindo um país mais justo e seguro para todos os nossos irmãos”.

Para que não restem dúvidas, antes de terminar, apresenta-se. “Está na memória viva dos moçambicanos que eu sou filho da Luta de Libertação Nacional. Nasci e cresci, forjado pela Frelimo, vivendo os valores que o nosso povo preza, tais como a unidade – crítica e autocrítica, a Unidade Nacional, a luta contra o subdesenvolvimento e a promoção da paz, que são valores definidos pela Frelimo, desde o camarada presidente Eduardo Mondlane, Samora Machel, meu pai, Joaquim Chissano, Armando Guebuza e Filipe Nyusi, que acreditavam e acreditam, num mesmo ideal e nestes valores, que estão na minha essência e nos quais acredito profundamente”.

É importante que se recorde que, recentemente, Samora Machel Júnior escreveu pelo menos duas cartas, nas quais deplorava o comportamento do seu partido nas últimas eleições autárquicas. Nas autárquicas de 2018, Samito foi cabeça-de-lista pelo movimento AJUDEM, depois de ter sido preterido pelo seu partido, o que espera que não aconteça desta vez. “Ciente de que está em vossas mãos a nobre missão patriótica de propor e apreciar os nomes de “candidatos a candidato” a Presidente da República e sob a Liderança da FRELIMO, gostaria de manifestar a minha disponibilidade para contribuir na edificação do nosso “belo Moçambique”; nas funções de Presidente da República, certo de que juntos faremos a diferença”.

Agora, tanto a sociedade, assim como Samora Machel Júnior ficam à espera da resposta do Comité Central que se vai reunir-se já na sexta-feira e no sábado.

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