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Tribunal Judicial de Sofala promete ser implacável contra crimes passionais

Foto: DW

Ciúmes e inconformismo com o fim de uma relação são apontadas como as principais causas de assassinatos de mulheres na província de Sofala. O Tribunal Judicial de Sofala prometeu ser implacável no combate a este fenómeno, num dia em que mais um homem foi condenado a 24 anos de prisão por ter assassinado a sua esposa, depois de ser rejeitado devido à violência doméstica.

Em finais de 2022, começaram a ser registados na província de Sofala, e de forma particular na cidade da Beira, casos de assassinatos de mulheres de forma violenta. As estatísticas apontam para mais de 50 casos em cerca de 20 meses, envolvendo homens que mataram as suas esposas ou namoradas.

O Ministério Público, o Tribunal Judicial de Sofala e o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) concluíram que a maioria dos assassinatos ocorreram devido a situações passiociúmes e inconformismo com o fim das suas relações amorosas.

“É muito preocupante. E 90% dos casos que tratamos aqui tem a ver com o namorado, ex-namorado, o marido ou ex-marido. Sempre pelas mesmas razões, neste caso ciúmes e inconformismo pelo fim da relação porque lhes deixaram. Se não está comigo não fica com mais ninguém”, explicou Martins Mucheguerra, Juiz do Tribunal Judicial de Sofala.

Os órgãos de justiça garantem que, nos últimos meses, têm sido implacáveis com os autores destes crimes para inverter o cenário.

“Parece que virou uma peste. Todas as semanas, temos casos de assassinatos de mulheres. Portanto, a Cidade da Beira está a ficar famosa por mortes misteriosas de mulheres. E, nós como Tribunal e Ministério Público e outras autoridades judiciais, não podemos ficar impávidos e serenos perante este cenário bastante deplorável.

ualquer indício, portanto, nestas situações, não podemos ser tolerantes. Temos que ser implacáveis”, prometeu mão dura o Juiz do Tribunal Judicial de Sofala.

Mucheguerra falava no final de um julgamento no qual condenou um homem a 24 anos de prisão, depois de ter morto a ex-mulher.

O Tribunal Judicial de Sofala concluiu que o indivíduo matou a ex-esposa usando um objecto contundente e, depois, foi lançar o corpo numa mata, pelo facto desta ter terminado uma relação para evitar agressões físicas.

 

O CASO DO ASSASSINATO NA MANGA

Um homem de 40 anos foi detido, em Abril último, na 7ª Esquadra de Alto da Manga, na cidade da Beira, acusado de assassinar a sua esposa por asfixia utilizando um lençol. O crime ocorreu na zona da Manga-Mascarenhas.

Dércio Chacate, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, disse, na altura, que o homicídio era considerado um crime passional.

O suspeito chegou mesmo a admitir o crime, mas alegou que não tinha a intenção de tirar a vida da esposa.

O indiciado disse que, durante uma discussão, não conseguiu controlar a situação quando a mulher proferiu palavras ofensivas contra ele.

“O conflito começou em casa de madrugada. Ela atacou-me, houve luta e acabou nesta tragédia”, disse o suspeito.

Após o crime, o homem entregou-se à esquadra mais próxima, assumindo a responsabilidade pelos seus atos e demonstrando arrependimento.

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