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Mia Couto retido por cinco horas no Aeroporto Humberto Delgado em Portugal

O escritor moçambicano, Mia Couto, e mais três mil pessoas estiveram retidas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, capital de Portugal, este domingo, devido ao fluxo de passageiros que o terminal registou na manhã daquele dia, com a chegada de mais de três mil passageiros.

O escritor chegou a Portugal, mas a recepção não foi das melhores. Conforme narrou, as filas quilométricas caracterizavam a zona da chegada, onde não havia cadeiras, nem água, muito menos assistência às pessoas com necessidades especiais, idosos, mulheres grávidas e com crianças.

Mia Couto diz que foi submetido a um tratamento desumano e “como se fosse gado”. Ao fim de horas de espera, a solução encontrada pelos passageiros era sentar-se no chão.

“Não é só um caos, aquilo é totalmente inadmissível, uma situação de desrespeito à dignidade das pessoas”, desabafou e contou que “ao meu lado, estava um senhor de 80 anos com uma prótese, tivemos nós (os passageiros) que nos associar para ajudar aquele senhor a sentar-se no chão, não havia qualquer preocupação de atendimento para pessoas com necessidades especiais que ficaram cinco horas de pé.”

Segundo disse, indignado, a situação é completamente inaceitável, seja qual for o motivo e o país deve arranjar soluções para receber os visitantes “bem” e não daquele jeito.

O escritor pediu, mais do que justificações, soluções para que incidentes do género não ocorram, comprometendo, assim, a viagem e o compromisso e saúde dos passageiros.

“Portugal perde tanto com isto, e não é com explicações sobre origem do problema que vai resolver a situação, deve encontrar soluções de maneira que receba de braços abertos as pessoas que vêm fazer turismo, trabalhar ou ver amigos. Ninguém aceita uma explicação depois de passar o que nós passamos”, sublinhou.

 

AEROPORTO HUMBERTO DELGADO UM “CAOS” HÁ SEMANAS

O Aeroporto Humberto Delgado tem vivido situações do género nas últimas semanas, mas este domingo foi pior com o pico de passageiros nas chegadas, com cerca de três mil passageiros por controlar, mas sem recursos humanos suficientes e falta de meios dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Em comunicado, a instituição justificou, esta segunda-feira, que não foi possível atender, em tempo útil, aos passageiros devido ao elevado fluxo e por questões operacionais e foi necessário o reforço de mais inspectores.

“Não foi possível preencher, temporariamente, as posições adequadas ao elevado fluxo de passageiros, tendo, por questões operacionais, sido necessário reforçar a segunda linha com inspetores, em detrimento dessas posições, face ao muito elevado número de passageiros interceptados no controlo da primeira linha e que aguardavam entrevista para elaboração de relatórios de ocorrência e decisão sobre a entrada ou a recusa no país”, lê-se na nota.

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