Ferroviário de Maputo conquistou, esta terça-feira, o título de campeão nacional de basquetebol sénior feminino, ao vencer o Costa do Sol (56-44) no jogo 2 do “play-off” da final da Liga Sasol 2023. As “locomotivas” fizeram o 2-0 na série a melhor de três jogos, depois de, no domingo, terem vencido por 56-47 no jogo 1. Odélia Mafanela foi determinante com um duplo-duplo: 15 pontos e igual número de ressaltos em 35:00 minutos na quadra.
O soar dos apitos, ao compasso da dança de ouro, ressalvavam a euforia de uma equipa que, no afã de recuperar a sua hegemonia no basquetebol nacional, passou por cima das limitações em termos de opções no plantel (sobretudo na zona pintada), para se colocar novamente no olimpo da modalidade. É mister dizer que, depois de fazer um 1-0 na série, o Ferroviário de Maputo entrou para a quadra do pavilhão do Maxaquene com o objectivo de resolver, desde logo, as contas do título e não ter de ir à decisão à negra num jogo que podia ser desgastante.
O Costa do Sol, esse, tinha de convocar todos os seus argumentos e fazer ou…morrer. Mas como alcançar o desiderato traçado? Clarividência ofensiva, agressividade defensiva e maior discernimento nos momentos de maior pressão.
Nasir Salé e Leonel Manhique foram, de resto, fiéis aos cinco com os quais iniciaram o jogo. Senão vejamos: o Costa do Sol optou por Benezita Muchave como base, tendo ainda as extremos Ingvild “Inga” Mucauro, e Shelsea “Sheshe” Rafael, e as postes Deonilde “Nucha” Cuamba, no cinco inicial.
O Ferroviário de Maputo, esse, lançou Sívia “Naná” Veloso, para posição 1, e Stefânia “Papelão” Chiziane e Anabela Cossa como extremos, e Odélia “Mafa” e Mafanela e Ornília Mulhui na zona pintada.
Com melhor rotação defensiva (defesa homem a homem), privilegiando trocas defensivas e ajudas, o Ferroviário de Maputo entrou melhor para o jogo, conseguindo um parcial de 9-4 com cinco minutos por se jogar no primeiro quarto. Sem uma abordagem clarividente nos ataques, onde os postes não se revelavam com capacidade para criar os desequilíbrios e partir a defesa quando ajustasse, o “coach” do Costa do Sol, Leonel “Mabê” Manhique solicitou um desconto de tempo. Aliás, a equipa de “Mabê” sentia dificuldades em canalizar o jogo para o interior.
Feitos os ajustes, as campeãs nacionais já conseguiram condicionar o seu adversário e explorar transições rápidas, fechando o primeiro quarto a perder por 13-12.
No segundo quarto, e com Odélia Mafanela com duas faltas, havia que ter maior atenção para gestão de uma jogadora estóica, combativa e fundamental na área restritiva. Do outro lado, neste caso Costa do Sol, havia que encontrar soluções para condicionar os ataques do Ferroviário de Maputo, forçando-o a uma crise de raciocínio. Sem um jogo exterior funcional (Costa do Sol fechou a primeira parte com apenas um tiro exterior concretizado em dez tentados), a solução passou para 1×1, onde Ingvild “Inga” Mucauro” e Eleutéria “Formiga” Lhavanguane podiam desequilibrar. O Costa do Sol cometia, no entanto, muitos “turnovers” nos seus ataques (14 no final da primeira parte contra nove do Ferroviário de Maputo) a tardava em ser mais assertivo debaixo das tabelas, onde Carla e Vilma Covane (irmãs) falhavam cestos fáceis. O parcial de 13-9, no entanto, favorecia a um Costa do Sol que explorava melhor transições rápidas. Ainda assim, o Ferroviário de Maputo foi ao intervalo a vencer por seis pontos: 30-26.
Nesta etapa, o conjunto de Nasir “Nelito” Salé concretizou 11 em 29 lançamentos de campo (37,9%) contra 7 em 28 lançamentos do seu adversário (25,8).
Nos tiros exteriores, os dois conjuntos não tiveram melhor aproveitamento, porquanto o Ferroviário de Maputo teve um registo de 2 em 7 (28,9%), enquanto o Costa do Sol ficou-se por 1 em 10 (10%).
Na linha de lances livres, indicava a folha de jogo, o CFvM converteu 6/16 (37,5%).O Costa do Sol, esse, converteu 11 em 17 (64,7%).
Havia, no intervalo, que fazer melhor leitura dos “targets” e corrigir o que não estava muito bem. Mas o terceiro quarto começou mal para o Ferroviário de Maputo que viu a sua base principal, Sílvia “Naná” Veloso ser averbada duas faltas (ficando condicionada com quatro), situação que forçou Nasir Salé a trocá-la por Bruna Argelo. Ainda que limitado, o Ferroviário de Maputo soube fazer exploração de ataques em posição, e situações de 1×1 para fugir no resultado para 14 pontos com 8:22 por se jogar no no terceiro quarto. As “canarinhas”, com dificuldades no transporte da bola (Benezita Muchave e Eleutéria Lhavanguane eram as senhoras indicadas para o efeito) tinham mesmo que ir buscar o resultado. Na zona pintada, Deonilde “Nucha” Cuamba e Carlva Covane não conseguiam “criar dor” de destacar-se. No final desta etapa, o marcador indicava 42-34, vantagem para o Ferroviário de Maputo.
Ciente de que, para forçar o jogo 2 era necessário ter maior esclarecimento ofensivo, explorando o interior e também transições, o Costa do Sol continuou a dar luta no último quarto. Nelito voltou a lançar Sílvia Veloso, mas foi Anabela Cossa com um tiro exterior que colocou ordem na quadra. Já com uma base de raiz na quadra, Amélia Massingue, o Costa do Sol procurou ser mais forte nos ataques em posição, mas os erros em termos de finalização e perdas de bola penalizaram a equipa. Odélia Mafanela e Ornília Mulhui, com combinações, e Stefânia “Papelão” Chiziane a evidenciar-se no 1×1, foram determinantes para o CFvM controlar o jogo. Odélia Mafanela foi determinante com um duplo-duplo: 15 pontos e igual número de ressaltos em 35:00 minutos na quadra, tendo sido secundada por Ornília Mulhui com 14 e cinco ressaltos.
Estava, desta forma, resgatado o título. Ao nível individual, Sílvia Veloso foi nomeada MVP (jogadora mais valiosa), Odélia Mafanela melhor ressaltadora (79 ressaltos), Anabela Cossa melhor triplista (20 tiros exteriores concretizados) e Iolanda Francisco, jogadora do Ferroviário da Beira, melhor marcadora (96 pontos). O Ferroviário de Maputo encaixou 600 mil Meticais com o título, enquanto o Costa do Sol ficou com 250. A Lázio, equipa sensação da competição, ficou em terceiro lugar após vencer a A Politécnica no jogo 2 do “play-off” da final.