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Chuva deslocou 121 famílias no bairro das Mahotas na Cidade de Maputo

Foto: O País

Há famílias que estão em centros de acomodação há mais de um ano, no bairro das Mahotas na Cidade de Maputo. A chuva que caiu no mês de Fevereiro aumentou o número de famílias deslocadas para 62. A edilidade diz que não tem espaço para reassentar as famílias.

A chuva que caiu há cerca de um mês transbordou uma lagoa no bairro das Mahotas, Cidade de Maputo.

Segundo contam os moradores, em questão de minutos, a água bloqueou ruas de acesso e inundou centenas de casas.

Os moradores do bairro dizem-se cansados da situação, que começou com as inundações do ano 2000. A situação tende a piorar sempre que a chuva cai, pois a lagoa vai “engolindo” mais casas.

A equipa do “O País” esteve, este sábado, no mesmo local em que, em Fevereiro de 2022, era uma rua transitável, mas que actualmente se transformou num rio.

Em conversa com Aniceto Chambal, uma das vítimas de inundações, ficamos a saber que há famílias que já abandonaram as suas casas por não suportar a situação.

“Na passada segunda-feira, estivemos no círculo do bairro, para obter respostas sobre a nossa situação, para pedirmos, mais uma vez, ajuda, porque já o fizemos diversas vezes, mas até hoje estamos à espera deles para que tragam, pelo menos, uma pá escavadora para a abertura de uma vala, de modo a direccionar as águas”, disse o entrevistado.

Mas porque o pedido não foi atendido, os moradores decidiram pôr as mãos na massa, aliás, na água.

“A nossa ideia era fazer um trabalho mais acabado: uma vala de drenagem, mas os recursos são escassos. Para não pararmos, contribuímos dinheiro, entre os moradores do bairro, e compramos tubos que foram canalizados para drenar água na vala dos CFM, ao longo da linha férrea.

A motobomba foi alugada há uma semana e custa, diariamente, três mil meticais, para poder bombear a água para uma vala próxima.

“Nós já não estamos a conseguir suportar a compra de combustível. Aqui é todos os dias contribuições, dívidas. Por isso pedimos que as autoridades nos ajudassem  com uma solução rápida”, disse Rafael Zandamena.

Das 121 famílias afectadas pelo transbordo da lagoa, 62 foram reassentadas num espaço pertencente à Igreja Católica, no bairro Romão. Ali falta quase tudo.

“Sítio para dormir é apertado. Não há condições aqui. Apenas nos trouxeram estas tendas”, Fonseca Cezar.

Num espaço sem janelas, com camas uma colada a outra que dormem pouco mais de 200 pessoas, algumas delas fora de casa há mais de um ano.

“Estou aqui há três semanas. Tenho um ano fora de casa, no círculo do bairro. Desde já não há resposta de nada. Aqui quando trazem comida apodrece guardada ou molhada durante a vinda. Quando chega nos dão 1 copo para uma família, não é possível assim. Eu não quero voltar mais para onde estava. Que o Governo nos dê espaço. Apenas isso”, disse Teresa Mbeve.

Para além de residências, na Escola Primária Completa Hitacula, três das 13 salas de aulas ficaram inundadas.

São salas recentemente construídas, numa área considerada alta, mesmo para evitar inundações, mas sem sucesso.

A estrutura do bairro conhece o problema, mas diz que a edilidade não tem terrenos para reassentar as famílias afectadas.

A Secretária do Bairro das Mahotas, Maria Gume garante que as pessoas estão sendo bem acolhidas, de acordo com as condições existentes, porém nada avança sobre a permanência ou retirada das famílias no “Senti Nhama”.

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