O Arcebispo de Maputo diz que a paz em Moçambique é bastante frágil e precisa de ser constantemente cultivada, através da reconciliação e aceitação das diferenças. Dom João Carlos falava, hoje, em Maputo, num encontro inter-religioso, que visava orar pela paz em Moçambique.
A celebração dos 32 anos de paz em Moçambique reuniu, esta sexta-feira, em Maputo, várias confissões religiosas para orar pelo bem-estar do povo. O Arcebispo de Maputo, Dom João Carlos vê uma paz constantemente beliscada e que precisa de ser protegida.
“No nosso país enfrentamos nossos próprios desafios da paz. Além disso, a nossa história recente nos mostra que a paz é frágil e deve ser constantemente cultivada e protegida. Imaginar a paz é um exercício de esperança e de fé. Devemos visualizar um mundo, um país, onde a dignidade humana é respeitada, onde as diferenças são celebradas e onde a justiça prevalece”, apontou o Arcebispo de Maputo, Dom João Carlos.
O conflito em Cabo Delgado está entre os problemas que mancham a paz. Para a comunidade mahometana, a união de todos moçambicanos pode ser um caminho ideal para resgatar a tranquilidade.
“No nosso país, em Cabo Delgado, enfrentamos o desafio de violência onde famílias e comunidades são forçadas a abandonar suas casas. O nosso querido amado profeta disse para nós que nenhum de vós é verdadeiramente crente até que deseje para o seu próximo aquilo que deseja para si mesmo. Devemos nos unir como um só corpo para apoiar as vítimas de violência e restaurar a paz e a dignidade das pessoas afectadas.”
A paz não é um princípio apenas dos cristãos, mas de todas as religiões, por isso, Nuro Tuque, da Comunidade Mahometana diz, “o Islam nos encoraja a buscar soluções baseadas no diálogo e na mediação. A paz não é algo que vem do alto, mas deve ser trabalhada e cultivada entre todos nós” exortou.
Na mesma perspectiva de preservar a paz, a comunidade Hindu recomenda que cada moçambicano colabore com o amor ao próximo.
“Pôr de lado o que divide e procurar o que nos une. Que do 4 de outubro, venha uma lição sempre actual de continuar a aplicar e fazer render o empenho de todos. A paz deve ser construída na atitude de cada um. É no individual que começa a paz coletiva e efectiva. Que a paz e a harmonia estejam no coração de cada um de nós” disse Samuel Levy, em representação a comunidade hindu.
O encontro inter-religioso organizado pela comunidade de Santo Egídio de Moçambique, esteve subordinado ao “lema: imaginar a paz”.