Morreu, ontem, aos 103 anos, vítima de doença, o cardeal Dom Alexandre José Maria dos Santos. Dom Alexandre foi o primeiro sacerdote e cardeal católico moçambicano.
Natural de Zavala, província de Inhambane, Alexandre Maria dos Santos foi ordenado padre em 1953, tornando-se o primeiro cidadão negro moçambicano, na função e foi designado cardeal-presbítero em 1988 pelo Papa João Paulo II.
Entre 1975-2003, desempenhou as funções de Arcebispo de Maputo, tornando-se arcebispo emérito em 2003.
Participou activamente no processo de pacificação do país que culminou com a assinatura do Acordo geral de paz em 1992, e na criação da Universidade São Tomás de Moçambique.
PADRE LATIFO FONSECA- DIOCESE DE PEMBA
“Deixou um vazio porque é um homem que ensinou-nos muito e o que cada um de nós deve fazer neste momento é buscar o seu legado, viver a justiça, promover a paz, ser testemunha nessa luta pelo bem-estar do povo moçambicano, e devemos nos juntar, neste momento, em orações para que ele descanse em paz, tenha a vida eterna e interceda por nós junto do Pai”.
DOM DINIS SENGULANE – BISPO EMÉRITO DA DIOCESE DE LIBOMBOS
É aquela passagem de São Paulo, “combati um bom combate, completei a caminhada e guardei a fé”, esta é a afirmação que é própria para Dom Alexandre, agora continua e só lhe resta uma coisa, chegar ao céu e receber a coroa que foi preparada para ele.
O Cardeal morre numa altura em que a paz por que estávamos a trabalhar foi conseguida, mas estávamos a trabalhar, para consolidá-la de várias maneiras porque ainda há muitos sinais de que precisamos de uma paz que transborde.
Ele foi sempre a favor e trabalhou pelo ecumenismo que é a colaboração entre as várias igrejas e podemos ver que ele se preocupou com a educação, essa e uma relíquia que ele nos deixa.
REVERENDO JOÃO DAMIÃO
Ensinou-nos que nunca se deve correr com as coisas, é preciso ter muita calma e procurar sempre auxilio divino e sempre cumprindo esses ensinamentos conseguíamos sucesso no que esperávamos.
É uma grande perda para Moçambique e para África. Ele foi o primeiro presbítero moçambicano. É um herói na área religiosa, ele foi um grande líder.
No meio dos portugueses, numa época difícil ele foi selecionado e isso mostra que foi escolhido por Deus.
DOM FRANCISCO CHIMOIO
Quando alguém morre é sinal que de chegou o momento dele, nascemos, crescemos, envelhecemos e depois partimos, este é um acto de vida que o Senhor nos dá.
É perda sim, mas para quem tem fé não deve se apagar totalmente a isso, pois é uma pessoa que partiu e vai interceder por nós junto do Pai, temos aqui o testemunho de uma vida bem passada e que agora está a descansar e está a colher os frutos maduros do seu trabalho. Está é uma passagem para verdadeira vida, devemos seguir o seu exemplo para que um dia possamos deixar este mundo em paz, como ele. Nos alegramos por aquilo que ele fez e por aquilo que ele foi.
HÉLIO FILIMONE – JORNALISTA E ESCRITOR
Ele dizia que era preciso perdoar. Falava muito do perdão e sobre saber ouvir. Tanto é que ele, nalgum momento, esteve envolvido no processo de paz. É um homem de diálogo e reconciliação, procurando fazer com que as pessoas se entendessem. Aprendi que a gente não perde nada quando somos ofendidos, desculpar e não retaliar. Ele defendia muito a questão de família e saber atender os problemas dos outros porque podemos constatar que, na vida, nem todos estão bem, mas com a nossa ajuda podemos estar com eles e fazer com que não se sintam sós.
ANTÓNIO MUCHANGA – EX COLEGA DE DOM ALEXANDRE NO CONSELHO DE ESTADO
Ele era um homem muito reservado, falava quando necessário e demonstrava ser um homem de muita inteligência. Chegado este momento que vai repousar, não nos resta mais nada senão agradecermos por tudo quanto fez pelo país e pela sua família, rogando a Deus e receba sua alma no paraíso.