Aqui estou
no meu rico e empobrecido continente.
Vocês sabem que nunca vos pedi asilo nenhum
nem por terra, nem pelas nuvens, nem pelos mares.
Sei que só os fracos o fazem,
e mesmo estes quando vos demandam
vão à busca do espólio e dos bustos dos seus antepassados.
Em contrapartida, eu, aqui, sou milhões de braços
intrépidos e robustos…
Vezes sem conta culpam-me vocês de todas
as contrariedades do mundo,
e até dizem que o infortúnio tem a cor da noite,
só porque eu sempre soube da exacta posição das estrelas,
muito antes de vocês próprios.
Embora me tenham desenganado quando eu quis,
acreditaram então que o mundo era somente Partícula,
quando eu já remava no anverso da Onda do universo.
Agora que sei o que vocês sequer imaginam
jamais apelarei à vossa falsa bondade
nem mesmo à vossa estranha e obsoleta
amizade e solidariedade!
Armando Artur