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Governo continua incapaz de resolver problema de raptos mas promete dias melhores

O ministro do Interior reconheceu, esta terça-feira, na conferência de imprensa após a sessão do Conselho de Ministros, que o Governo ainda enfrenta dificuldades para responder ao problema de raptos no país. Diante do problema, Pascoal Ronda disse que “dias melhores virão”.

É uma promessa insípida para um país que é, há 13 anos, amargamente dilacerado por uma onda de raptos sem precedentes.
O ministro do Interior, que falava numa conferência de imprensa após uma sessão do Conselho de Ministros, deu o panorama histórico dos raptos no país.

De 2011 a esta parte 185 pessoas foram raptadas, entre elas nacionais e de origem asiática. Em conexão com o caso, foram detidos 268 suspeitos.

No ranking das províncias com mais casos de raptos, segundo Ronda, está a Cidade de Maputo, com 113 casos, seguida pelas províncias de Maputo e Sofala, com 41 e 18 casos respectivamente.
O governante avançou, ainda, que a principal motivação para a prática de raptos no país é a cobrança de resgate.

 

MAS A PERGUNTA DE FUNDO É: QUEM SÃO OS MANDANTES?

A esta questão, Pascoal Ronda respondeu destemidamente, dizendo que “os autores morais continuam escondidos algures, mas que esforços decorrem para a sua localização”. Só que alguns desses autores, segundo o governante, não se encontram em Moçambique; comandam os raptos a partir de outras geografias.

Para resolver este paradoxo territorial, o Governo intenta recorrer à “cooperação bilateral e multilateral a nível internacional para que possamos ter resultados e possamos levar à justiça aqueles que organizam e mandam cometer crimes”.

O governante explicou, ainda, que o crime de rapto é complexo quanto à sua investigação, uma vez que, geralmente, o que rapta não é o interessado pelo resultado, mas podem estar em cadeia seis indivíduos por trás, que vão recebendo “o produto” até chegar ao mandante.

Questionado sobre a razão de serem, geralmente, cidadãos de origem asiática raptados, o ministro disse haver necessidade de se investigar, mas adiantou que “estamos num mundo de negócios, e pode haver negócios… há negócios ilícitos e há negócios ilícitos. Por vezes, há cobranças entre os que estiverem em negócios juntos e que a partilha de resultados não foi a mais correcta”.
Ainda assim, Pascoal Ronda garantiu que estudos estão em curso com base em inteligência criminal para apoiar o porquê de serem sequestrados cidadãos de uma origem em detrimento de outros.

 

AFINAL, AS CÂMERAS MONTADAS NAS ESTRADAS AJUDAM OU NÃO?

O jornal O País procurou perceber do ministro do Interior se as câmeras de vigilância montadas em várias avenidas da Cidade de Maputo estavam a contribuir para o esclarecimento dos raptos, uma vez que uma delas terá captado, inclusive, os rostos dos raptores numa das suas acções criminosas na avenida Filipe Samuel Magaia.

Pascoal Ronda não fala da contribuição deste equipamento no presente, mas sim no futuro, o que leva a questionar a sua instalação, visto que foi feita há alguns anos.

As câmeras “vão oferecer melhores serviços nos próximos tempos. Teremos resultados muito bons com base nas condições tecnológicas que esses meios vão oferecer.

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