A fraqueza do mercado de capitais em Moçambique compromete o desempenho financeiro de algumas empresas não-financeiras do país. Esta é uma das conclusões da tese defendida, ontem, pelo primeiro Doutor em Gestão, da Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane, Valter Manjate.
É a primeira vez em que alguém defende uma tese para obtenção do grau de Doutoramento na Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane. O júri, composto por Professores moçambicanos e portugueses, atribuiu uma nota de 17 valores ao trabalho.
Valter Manjate obteve essa pontuação ao defender a tese sobre o desempenho financeiro das empresas do sector não-financeiro. Na sua pesquisa, o académico concluiu que um dos grandes problemas das empresas é o não uso de empréstimos com longos períodos de maturidade, e isso corrói o desempenho.
“As empresas optam por financiamentos de curto prazo pela falta de um mercado de capitais robusto no país; o ideal seria financiamento através da Bolsa de Valores”, disse Manjate.
Além disso, Valter Manjate deparou-se com a falta de dados concisos sobre o sector não-financeiro das empresas. “Por que ser um doutor de Gestão em Moçambique?”, perguntámos. “Gestão porque o país precisa; porque ela nos oferece a possibilidade de gerir, com eficiência, os recursos que temos disponíveis”.
Valter Manjate é só o primeiro de muitos que a Faculdade de Economia espera para o futuro, tal como testemunhou Fernando Lichucha, director da Faculdade. “Este faz parte da primeira edição. Estão em andamento a segunda e a terceira edições, e pensamos que isso será importante para a formação dos docentes da Faculdade de Economia”.
E não só para a Faculdade de Economia, como o próprio director disse. “A Faculdade de Economia vai passar a produzir conhecimento, participar e organizar conferências sobre economia”.
Este doutoramento foi feito em colaboração com Instituto Superior de Economia e Gestão de Portugal, onde, enquanto doutorando, Valter Manjate foi fazer estágio.