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“Gaza tem que se desenvolver como outras províncias”, defende Nyusi

Foto: O País

As palavras foram proferidas, na última sexta-feira, durante a inauguração oficialmente da fábrica de exploração de areias pesadas de Chibuto, na província de Gaza. O investimento está orçado em cerca de 700 milhões de dólares americanos.

A cerimónia marcou a concretização de um projecto cujo sonho começou a ser edificado em 1997, com os primeiros estudos de prospecção e pesquisa de areias pesadas em Chibuto. Entretanto, foi em 2014 em que a empresa chinesa Dingsheg assinou com o Estado moçambicano o acordo de concessão para explorar a área de mais de 10 mil hectares.

De 2020 a esta parte, a empresa estava em fase experimental. Na sexta-feira, foram inauguradas duas unidades de processamento, de um total de dez a serem construídas pela empresa. “Com a entrada em funcionamento destas duas unidades, teremos a capacidade de produzir mais de um milhão e oitocentas toneladas de minérios por ano. Para dizer que este é apenas um ponto de partida e gradualmente iremos construir mais linhas de produção, sendo que, no final, teremos a capacidade de produzir mais de oito milhões de toneladas”, referiu a representante da empresa.

No seu discurso, Filipe Nyusi recordou que muitos não acreditaram neste projecto. “Já passaram por Chibuto várias empresas que desqualificavam as areias deste local. Algumas até diziam que não tinham nenhum valor comercial e nós não desistimos. Encorajamos essa empresa a trabalhar e, hoje, notámos que estamos perante um projecto que tem pernas para andar”, referiu o Chefe de Estado, para quem é hora de Gaza também se desenvolver.

“Gaza tem que se desenvolver, como está a acontecer noutras províncias. Este projecto absorveu, durante a fase de construção, mão-de-obra nacional e estrangeira. Consta que, neste momento, a empresa emprega 500 pessoas, sendo que, na sua maioria, são moçambicanas. Ficaram ainda beneficiados com este projecto as mais de 300 famílias que foram reassentadas no âmbito da sua implementação”, regozijou.

O Presidente da República referiu que o Governo está à procura de mais investidores para transformar aquele local num parque industrial. “Temos vindo a trabalhar com o Governo da China para ver se conseguimos mobilizar mais investidores. Sentimos que, a qualquer momento, esta cintura será uma área industrial por excelência e continuaremos a trabalhar para que tenhamos aqui pequenas industrias”, garantiu.

O Chefe de Estado referiu ainda que a indústria extractiva está a crescer e a contribuir para a economia do país.

“No nosso país, tem-se registado um crescimento assinalável da indústria extractiva no Produto Interno Bruto, cuja estrutura percentual passou de 1,8% em 2011 para 10% em 2021, uma situação que evidencia uma evolução que irá atingir maior preponderância com exportação do Gás Natural Liquefeito, a partir dos empreendimentos na Bacia do Rovuma. Esta tendência reflecte-se mais nas contas externas, em que se regista um aumento considerável do volume de exportações no mesmo período, de 360 milhões de dólares americanos em 2011 para 2,4 mil milhões de dólares americanos em 2021”, destacou.

Além de empregos que já estão garantidos pelo projecto, o Estado moçambicano deverá encaixar, anualmente, mais de 38 mil milhões de dólares em impostos.

 

UM POTENCIAL DE MAIS DE DOIS BILIÕES DE TONELADAS EM MATÉRIA-PRIMA

O distrito de Chibuto em Gaza tem uma das maiores reservas de areias pesadas do mundo. Só na área concessionada à empresa Chinesa Dingsheng Minerais, há um potencial de mais de dois biliões de toneladas de matéria bruta.

“Temos aqui um grande potencial. As areias pesadas ocorrem, regra geral, ao longo da costa. Em tempos passados, passava o mar, por isso temos esse depósito. Esta é uma das maiores reservas do mundo com cerca de 2,6 biliões de toneladas de matéria bruta”, destacou Cândido Rangeiro, director nacional de Geologia e Minas.

Os três minérios (ilmenita, zarcão e rutilo) extraídos no local têm utilidade em grandes indústrias e tem como destino a Ásia e Europa. “Esses minérios deverão ser exportados para os mercados asiático e europeu e usados na indústria como matéria-prima para produção de tintas, plásticos cosméticos e para fabricação de componentes para aeronaves”, referiu Filipe Nyusi.

Carlos Mesquita, ministro das Obras Públicas, espera que o empreendimento viabilize o Porto de Chongoene, uma infra-estrutura prometida pelo Governo, como forma de facilitar o escoamento desses minérios. “Não sei se a quantidade de produto que esta empresa está a produzir é suficiente para viabilizar o Porto de Chongoene. Na altura, recordo-me de que o Zimbabwe e o Malawi estavam interessados em escoar o carvão através do sistema ferro-portuário.”

Lembre-se que, para viabilização deste projecto de exploração de areias pesadas, em Chibuto, foram reassentadas 371 famílias. O acordo de concessão entre o Estado moçambicano e a empresa chinesa Dingsheng Minerais, assinado em 2014, tem duração de 25 anos.

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