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Empresariado optimista com possível retoma da TotalEnergies mesmo com ideia de manter os custos

Foto: O País Económico

O presidente-executivo da petrolífera francesa TotalEnergies considerou que o regresso às obras em Cabo Delgado não pode ser apressado e vai depender parcialmente dos custos de exploração do gás natural. O sector privado diz estar optimista com as declarações de Patrick Pouyanne, no sentido de que o empresariado deve começar a preparar-se para a retoma do projecto.

Patrick Pouyanne, responsável da petrolífera francesa que lidera o projecto de investimento de mais de 20 mil milhões de dólares na província de Cabo Delgado, deixou, assim, claro, na semana passada, que os custos serão importantes na decisão que está a ser avaliada sobre o regresso a Moçambique.

Reagindo às declarações, o empresariado nacional, representado pelo presidente do pelouro de hidrocarbonetos e energias da CTA, Simoni Santi, diz que a provável mexida em alta dos custos é estratégica para a multinacional francesa e que o sector privado deve começar a preparar-se para o arranque do megaprojecto.

“No meu ponto de vista, é, claramente, uma posição estratégica porque, se a gigante francesa declarar que vai iniciar com os subcontratos, pode elevar os preços e impor novas condições. Isto mais pelas variações que o mercado sofreu nos últimos meses. Os custos não foram estáticos”, explicou Simoni Santi.

O sector privado diz estar confiante nas negociações dos custos em caso do regresso da gigante francesa. “ Como sector privado, vamos defender a melhor renegociação possível, sem dúvidas.”

Já o consultor de petróleo e gás, José Mendes, afirma que a declaração do CEO da TotalEnergies é uma mensagem para o Governo, no sentido de alertar sobre o cenário inflacionário global e de transmitir a ideia de que não pretendem reduzir a sua rentabilização.

“Acho que quem deve acautelar-se é o Governo, para tentar perceber quais são [as propostas] que poderão ser trazidas à mesa por parte da TotalEnergies e garantir que não percamos mais do já perdemos. Sabemos que existe um decreto especial para a Bacia do Rovuma, que dá muitos benefícios às petrolíferas, e o histórico mostra que conseguem tirar dividendos quando pressionam com este instrumento. Como é que a rentabilidade do projecto não vai ser acfectada com os custos a subir? Alguém vai ter de ser prejudicado e elo mais fraco parece-me que seja o nosso Governo”, afirmou José Mendes, consultor de petróleo e gás.

Os intervenientes falavam, esta quarta-feira, no programa Noite Informativa da Stv Notícias.

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