O País – A verdade como notícia

Apenas 45% dos agregados familiares consome sal iodado no país

Moçambique tem cerca de 430 salineiros que produzem por cerca de 136 mil toneladas por ano. Apesar da produção, o sal ideal para o consumo ainda é novidade para muitas famílias, uma vez que apenas 50% do sal moçambicano é iodado.

As pessoas que vivem nas áreas do interior ou montanhosa têm deficiência de iodo e, como consequência, manifestações clínicas resultantes da deficiência de hormonas tiroideias.

Uma vez que a principal fonte de iodo para o organismo humano é a dieta alimentar, é necessário garantir o aporte dele, atráves de uma alimentação equilibrada, com o consumo de alimentos de origem marinha, consumo de ovos, fígado, leite, iogurte natural, desde que oriundos de animais que tenham pastado em solos ricos em iodo ou alimentados com rações que contenham este nutriente.

Segundo o ministro da Saúde, Armindo Tiago, a desnutrição crónica e a deficiência de micronutrientes, como é o exemplo da Vitamina A, do Ferro e do Iodo, contribuem para o aumento da mortalidade infantil, limitação do desenvolvimento individual das crianças e das comunidades, bem como o progresso económico do país.

Armindo Tiago revelou que o consumo do sal iodado em Moçambique ainda é baixo, uma vez que apenas 45% dos agregados familiares consomem o sal iodado. Há, por isso, necessidade de garantir que todos os moçambicanos consumam o sal iodado.

O governante alertou ainda que a falta de iodo tem consequências em todas as faixas etárias. No entanto, ela é maís grave na gravidez e na primeira infância.

A deficiência de iodo na gravidez contribui para o aumento do risco de abortos, nados mortos, aumento do risco da mortalidade materna e aumento do número de recém-nascidos com baixo peso.

Ademais, a deficiência de iodo na infância pode resultar em atraso mental, surdez, mudez assim como a deficiência intelectual.

A deficiência de iodo é a principal causa evitável de dano cerebral em fetos e em crianças, assim como de retardo do desenvolvimento psicomotor.

No adulto, com a falta de iodo podem ser observadas manifestações características do hipotiroidismo e bócio.

Em 1993, a OMS e o UNICEF recomendaram a iodização universal do sal, como uma estratégia segura, rentável e sustentável para alcançar a erradicação e o controlo de distúrbios por deficiência de iodo.

O sal é o veículo mais recomendado para a provisão de iodo na cadeia alimentar humana, por ser um dos poucos produtos consumidos por toda a população em quantidades estáveis durante todo o ano.

Para minimizar os efeitos da deficiência de iodo na população, no ano 2000, o Governo aprovou o Diploma Ministerial nº. 7/2000, de 05 de Janeiro, que estabelece a obrigatoriedade da integração do iodato de potássio (KIO3) no sal alimentar.

Em Abril de 2016, foi aprovado um novo decreto, que aprova o regulamento de fortificação de alimentos com micronutrientes e estabelece a obrigatoriedade de adição dos referidos micronutrientes nos veículos nele previsto. Todas estas acções visam prevenir a chamada fome oculta que resulta da deficiência de micronutrientes.

Os distúrbios mais comuns são o cretinismo, surdo-mudez, as malformações congénitas, bem como a manifestação clínica mais visível o bócio.

Porém, a deficiência mental, embora muitas vezes não seja visível, é a consequência mais grave da deficiência do iodo. A deficiência de iodo está ainda relacionada com altas taxas de nados-mortos e nascimento de crianças com baixo peso, problemas no período de gestação e aumento do risco de abortos e mortalidade materna.

Associada a esses problemas, a deficiência de iodo contribui para o aumento do gasto com o atendimento em saúde e em educação, uma vez que aumenta as taxas de reprovação e de desistência escolar, e ainda proporciona a redução da capacidade para o trabalho.

A deficiência de iodo, associada à desnutrição crónica, que afecta 43% de crianças menores de cinco anos de idade em Moçambique, faz com que se perpetue o ciclo de pobreza que impede o desenvolvimento humano.

Esta informação foi tornada pública por ocasição do Dia Mundial do Sal Iodado, comemorado a 29 de Outubro.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos