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Falta de equipamento condiciona fisioterapia no HCM

Foto: O País

Há falta de equipamento no Departamento de Medicina Física e Reabilitação do Hospital Central de Maputo (HCM). A situação fez com que os pacientes ficassem muito tempo à espera por atendimento.

Nos primeiros seis meses deste ano, o Departamento de Medicina Física e Reabilitação do Hospital Central de Maputo atendeu perto de cinco mil pacientes contra três mil e quinhentos no igual período de 2021.

Há quatro anos, Cláudia Muiambo teve seus movimentos limitados depois de complicações do parto e busca naquela unidade sanitária, através de exercícios de reabilitação, fortalecer os músculos.

“Eu só conseguia mexer o pescoço e virar a cabeça, os outros membros do meu corpo ficaram imobilizados. Quando comecei o tratamento, estava numa cadeira de rodas, depois consegui deixar e passar para o andarilho e agora já consigo andar”, disse a paciente.

Assim como a jovem de 30 anos, milhares de pacientes passaram pelo ginásio do Departamento de Medicina Física e Reabilitação do HCM com o objectivo de recuperar a mobilidade completa.

Armando Mavila pretende utilizar próteses, após suas pernas terem sido amputadas em 2018. Sem poder movimentar-se, a não ser com recurso a uma cadeira de rodas, o paciente diz-se limitado.

“Para ir à casa de banho, a família é que me deve carregar. Não posso andar se não tiver a carrinha de rodas”, lamentou Mavila, que espera que a situação melhore nos próximos dias.

A fisioterapia é um recurso em caso de doenças, acidentes e má-formação genética. Entre as principais razões da procura pelos serviços, na maior unidade sanitária do país, estão os casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), tal como aconteceu com Bonifácio Banze, no mês de Fevereiro deste ano.

“Eu estava a trabalhar quando comecei a sentir-me mal. Conduzi a minha viatura até à casa. Quando cheguei, desci e pisei, apercebi-me de que tinha alguma diferença nos meus membros inferiores”, contou o paciente.

Desde então, os dias de Banze nunca mais foram os mesmos. Mecânico de profissão, já não consegue fazer o seu trabalho. “Estou a lutar pela melhoria da minha vida, porque a minha profissão depende do meu esforço e da força que eu tenho.”

Os acidentes de viação são a outra causa da procura por serviços de fisioterapia no Hospital Central de Maputo. Deste grupo, faz parte Elídio Ricardo, que faz tratamento há cerca de um ano.

“Eu conduzia, mas agora já não posso. Gostaria de melhorar e conseguir voltar a fazer o meu trabalho”, referiu Cossa.

Segundo a directora do Departamento de Medicina Física e Reabilitação, Teresa Tiago, a procura pelos serviços de fisioterapia no HCM aumentou na ordem de 44,4 por cento, nos primeiros seis meses deste ano.

“O maior problema que leva os pacientes até esta unidade sanitária são os traumas, as sequelas que os acidentes de viação deixam, problemas neurológicos, porque há muitos casos de acidentes vasculares cerebrais e que actualmente afectam até as populações mais jovens”, explicou Tiago.

Com o aumento da procura, a falta de equipamento tem-se tornado mais evidente e é um problema que afecta os serviços de fisioterapia.

“O nosso desafio é ver se conseguimos ter equipamento suficiente porque, muitas vezes, os nossos doentes devem ficar horas à espera porque não temos equipamento em quantidade”, referiu a directora do Departamento de Medicina Física e Reabilitação.

A 8 de Setembro de cada ano celebra-se o Dia Mundial da Fisioterapia, uma data de sensibilização sobre o papel dos profissionais na recuperação da mobilidade.

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