Trata-se de uma investigação que foi liderada pelo Instituto Nacional de Saúde (INS) e o Instituto Nacional de Estatística (INE). O relatório revela ainda que os maiores causadores dessa violência são antigos e actuais parceiros íntimos.
Intitulado inquérito sobre violência contra a Criança em Moçambique, o estudo revela que as mulheres são as principais vítimas de violação sexual no país. Descreve o estudo que uma em cada sete mulheres e um em cada doze homens sofreram violência sexual antes dos 18 anos.
No referido estudo, foram incluídas quatro formas de violência sexual nomeadamente: toque sexual indesejado; tentativa de sexo forçado; sexo coagido ou pressionado e sexo fisicamente forçado. Alguns participantes, no estudo, revelaram terem passado por mais de um incidente da mesma forma de violência sexual ou por mais de uma forma de violência sexual.
Segundo o documento, responderam ao inquérito 878 homens e 2.129 mulheres. Do universo, entre as mulheres que sofreram violência sexual na infância 39,1% tiveram o primeiro incidente com idades entre os 14 e 15 anos e 40,7% entre os 16 e 17 anos. Já os homens, 75,5% sofreram o primeiro incidente com idades entre os 16 e 17 anos.
Entre as mulheres, os agressores comuns do primeiro incidente de violência sexual foram os actuais ou antigos parceiros íntimos com uma percentagem de 60,3% dos casos, outros tipos de agressores com uma percentagem de 24,3% e um amigo, colega de classe ou escola com percentagem de 20,1%.
Entre as mulheres que sofreram violência sexual na infância, uma em cada quatro indicou que estava presente mais do que um agressor durante o primeiro incidente.
A investigação realizada pelo Instituto Nacional de Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde revela ainda que prevalece o receio de denunciar casos de violência no país. Sendo que entre as mulheres e os homens que sofreram violência sexual na infância, apenas 32,2% das mulheres e 28,7% dos homens contaram a alguém sobre a sua experiência.
O relatório descreve que os agressores tendem a ser indivíduos com cinco ou mais anos de idade em relação a vítima e que as agressões acontecem na sua maioria de noite, tendo-se ainda registado uma considerável percentagem de casos que ocorreram de dia.
No estudo 1.101 participantes consentiram fazer o teste de HIV, sendo que 35 testaram positivo. Cinquenta e sete participantes reportaram terem tido previamente um diagnóstico positivo para o HIV.
Como consequência desses actos, os investigadores revelaram que as mulheres entre os 18 e os 24 anos de idade que sofreram violência sexual na infância foram propensas a ferirem-se intencionalmente e revelaram ter pensado no suicídio.
Trata-se de um inquérito realizado em 2019 e que foi divulgado esta semana. É o primeiro estudo do género a ser realizado num país de Língua portuguesa e os investigadores acreditam que a investigação pode auxiliar o Governo na elaboração de políticas sobre o fenómeno.