O Centro de Saúde do Zimpeto, na Cidade de Maputo, está a funcionar sem água há dois dias. O problema obrigou a unidade sanitária a adiar exames médicos e fechar os sanitários dos utentes.
Quem vai ao Centro de Saúde do Zimpeto deve preparar-se para não ter de usar os sanitários nem fazer testes que envolvam exames de urina, que estão temporariamente encerrados devido ao roubo da bomba, mecanismo usado para canalizar a água naquela unidade sanitária.
Elisa Francisco, paciente, lamenta o facto: “É necessário haver água aqui no hospital, porque, sem o líquido, até os que estão internados vão sofrer. Não faz muito mal para nós, os que frequentamos o hospital e voltamos para casa. Os internados nem têm água para beber e estão a sofrer”.
“Esta situação é muito crítica para nós; nem todos saem de casa com água e, quando vão à casa de banho, não podem lavar as mãos”, explicou, Lirson Paiva, que também esteve na fila de espera naquela unidade sanitária.
Maria Atália, de nome fictício, teve de fazer as suas necessidades biológicas atrás da casa de banho, que permanece fechada. “Estamos a fazer necessidades lá fora, porque não há água, e isso pode trazer outras doenças, e nem há água para lavar as mãos”.
Atália vai ao longe ao afirmar que a situação tem sido recorrente. “Levanto os meus medicamentos aqui, de três em três meses. Desde que comecei a ser atendida neste centro, é assim mesmo”, acrescentou com voz tristonha.
Por sua vez, a directora do Centro de Saúde do Zimpeto, Rute Saiose, salienta que a unidade sanitária tem passado por diversos roubos nos últimos tempos. “Sofremos constantes vandalizações. Desta vez, foi o sistema de abastecimento de água, assim como outros bens da instituição”.
Para garantir a funcionalidade do centro de saúde, os funcionários do hospital tiveram de tirar água das redondezas para abastecer a unidade sanitária.
“Requer muito esforço da parte dos funcionários e existem alguns exames que não podem ser feitos por falta de água ou com água que não tenha uma fonte segura”, explicou a directora do Centro de Saúde do Zimpeto, Rute Saiose.
Mas a medida não agrada à directora do centro, uma vez que não compreende a proveniência da água. “O centro de saúde tem um sistema de abastecimento de água próprio e faz-se, regularmente, uma avaliação do conteúdo biológico desta água, porém não temos como fazer isso agora”.
Até à saída da equipa do reportagem do “O País”, na tarde desta sexta-feira, mais de 10 de dez pacientes tiveram seus exames médicos adiados devido a falta de água.