A Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, em parceria com o Ministério da Educação, quer reduzir os índices de seroprevalência em crianças ainda em idade escolar. O programa tem a duração de três anos e pretende alcançar, até Dezembro, mais de 400 mil raparigas.
São, para muitos, grupos vulneráveis, mas não a doença que ainda se acredita que afecta só a pessoas adultas (dos 15 anos em diante). Entretanto, os dados do Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/SIDA realizado em 2015 vem provar que não ao apontarem para existência de 120 mil crianças com idades compreendidas entre 10 e 14 anos vivendo com o vírus do HIV no país.
Deste número, a província da Zambézia lidera as estatísticas com 32 mil crianças seropositivas, seguida de Sofala com 14 mil e Gaza com 13 mil.
Apesar de não serem dados tão recentes, a sociedade civil mostra já uma preocupação.
E é com o objectivo de contrariar esta realidade que a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, em parceria com o Ministério da Educação, está a implementar o programa “Viva Mais” que visa, acima de tudo, munir as crianças de ferramentas que lhes possibilitem se proteger do HIV/SIDA. Numa primeira fase, serão capacitadas mais 466.617 de 332 escolas em todo o país.
“Isto significa que as crianças dos 10 aos 14 anos não têm nenhum preparo sobre a actividade sexual que vão iniciar a partir dos 15 anos”, começou por explicar Adelino Xerinda, um director da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, acrescentando que o país decidiu fazer essa intervenção (de sensibilização) de uma maneira muito precoce “para garantir que as crianças, ao chegarem aos 15, já tenham alguma informação de como se comportar e de como adoptar comportamentos que não sejam d risco e que não ponham em causa a sua própria vida”.
O programa tem a duração de três anos, ou seja, é implementado desde Janeiro de 2018 tem o seu término previsto para Dezembro de 2020 e consiste na formação de professores em matéria de saúde sexual e reprodutiva além da disponibilização de material didático. Já no último da primeira fase, os resultados são positivos e o Ministério da Educação agradece.
“Do ponto de vista comportamental, temos verificado alguma alteração na atitude”, reconheceu Arlindo Folige, director para área da Saúde Escola no Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, mas diz não ser suficiente “porque, na verdade, o que nós pretendemos é o resultado final que é a inversão da incidência, mas de qualquer modo, nas zonas onde há intervenções conseguimos observar que os beneficiários, que são os nossos alunos, têm tido uma atitude positiva”.
E para o caso das adolescentes que, muito cedo ficaram mães, a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade tem levado a cabo acções de resgate para devolvê-las à escola.