A autoridade bolsista dos EUA acusou, hoje, a mineira Rio Tinto e dois antigos executivos de fraude por inflacionarem o valor de activos de carvão mineral adquiridos por 3,7 mil milhões de dólares em Benga, na província de Tete, noticia a imprensa internacional.
A queixa foi apresentada a um tribunal federal em Manhattan, em Nova York nos Estados Unidos de América, pela autoridade que regula as Bolsa de Valores norte-americanas contra a empresa Rio Tinto e contra o ex-presidente executivo, Thomas Albanese, e o ex-diretor financeiro, Guy Elliott, por alegadamente terem desrespeitado os padrões e as políticas da empresa para avaliarem e escriturarem devidamente os seus activos.
Em 2011 a mineradora Rio Tinto adquiriu uma mina de carvão em Benga na província de Tete a Riversdale, por 3,7 mil milhões de dólares. Três anos depois a Rio Tinto decide vender a mina por 50 milhões de dólares a uma empresa indiana.
Em causa estava a descoberta de que a mina não tinha a quantidade de carvão inicialmente prevista, e mais, a empresa chegou à conclusão de que não conseguiria extrair o carvão e transportar a baixos custos como previa, pois o Governo recusou a sua proposta de usar barcaças pelo rio Zambeze para o transporte do carvão. Apesar de dispor desta informação os executivos da mineradora dissimularam os dados, o que permitiu que a Rio Tinto divulgasse declarações financeiras enganadoras, dias antes de emissões bolsistas para captar 5,5 mil milhões de dólares da bolsa de valores. Cerca de três mil milhões desse valor terá sido obtido depois de Maio de 2012, já depois de os executivos da Rio Tinto Coal Mozambique, terem informado Albanese e Elliott que esta subsidiária deveria ter um valor negativo de 680 milhões de dólares. Na queixa entregue ao tribunal, aponta-se que Albanese repetiu e enfatizou as perspectivas positivas, apesar das bases falsas, para o projecto, em declarações públicas.
Esta alegada fraude prosseguiu até janeiro de 2013, quando um executivo do Grupo Tecnologia e Inovação, incorporado na Rio Tinto, descobriu que os activos de carvão estavam registados por um valor sobrestimados nas declarações financeiras da empresa. Depois de uma auditoria interna, desencadeada alegadamente pelo relato daquele executivo ao presidente da Rio Tinto, foi anunciado que Albanese tinha resignado e a empresa reduziu o valor dos seus activos em carvão em mais de três mil milhões de dólares, que representou uma redução superior em 80%.
A queixa submetida ao tribunal diz ainda que os executivos agiram dolosamente para salvar as suas carreiras, porque a aquisição da mina de Benga em Tete tinha sido comprada para tentar superar pesadas perdas associadas a uma outra aquisição em grande escala, a mina de Alcan.