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Réus dizem que Ministério Público não provou as acusações e pedem absolvição

Foto: O País

Em sua última tentativa de se defender, os réus, quase todos, disseram que o Ministério Público não foi capaz de provar os crimes de que eles foram pronunciados e, por isso mesmo, pediram absolvição.

O primeiro réu que lhe foi dado espaço para dizer as suas últimas palavras foi o antigo director-geral do SISE, Gregório Leão, que começou por dizer que não conhecia todos os quadros da instituição que dirigia.

“Eu despachava com os directores das áreas e, por isso, eu não conheço todos os quadros da instituição (SISE). Estamos a falar de 500 ou 600, vários quadros que o SISE tem a nível nacional”, afirmou Gregório Leão.

O antigo director-geral do SISE disse ainda ter notado deficiências na investigação do Ministério Público e muito do que se falou não foi provado. “Levou muito tempo para o MP trazer a prova de que nós não estávamos casados em regime de comunhão de bens, como vinha na acusação e só foi possível graças à intervenção do meu ilustre advogados, mas eu penso que este trabalho devia ter sido simples, mas o MP levou três anos a investigar, mas em situações como estas tão básicas, não trazer informações sobre o nosso regime de casamento”, disse, para depois reagir pela negativa às palavras de que o Estado foi capturado.

“O MP é uma instituição do Estado e eu disse, na minha audiência, que respeito as instituições do Estado e não volto atrás daquilo que eu disse, pois é tudo verdade. O SISE não foi capturado, ninguém vai capturar o SISE”, referiu.

A seguir a ele, o Juiz Efigénio Baptista deu espaço a Elias Moiane, sobrinho de Inês Moiane, antiga secretária do ex-Presidente da República, Armando Guebuza. O réu disse que não se provou que ele tivesse praticado qualquer crime e, por isso, pediu que fosse absolvido.

Passaram sete meses desde o início do julgamento do “caso dívidas ocultas”, mas Mbanda Buque disse que ainda não entendeu nada. “Não sei por que estou sentada aqui”, na cadeira dos réus.

Esta foi a terceira oportunidade que Zulficar Ahmed teve para provar que não fez branqueamento de capitais, ao receber 100 mil dólares. Desta vez, trouxe um documento para desmentir a tese da acusação, segundo a qual, ele teria aberto uma conta só para receber o valor da Privinvest.

Já Sidónio Sitoi, o homem que entrou no suposto esquema de lavagem de dinheiro de Gregório Leão, decidiu esclarecer aos moçambicanos de uma vez por todas. “Há uma pergunta que aqui houve e tenho ouvido lá fora também: comeu ou não comeu dinheiro do povo, dinheiro do Estado? Meritíssimo, eu não comi nem um tostão que não fosse algo fruto do meu trabalho. Aqui, no Tribunal, não foi provado isso de que eu tinha conhecimento da origem do valor. Não há um documento sequer e já mais existirá do que eu sabia da origem do valor”.

O ex-funcionário da Africâmbios, Khessaujee Pulchand, mostrou fé na absolvição, mesmo porque, segundo ele, nada ficou provado.

O homem que teria desenhado o projecto de Protecção da Zona Económica Exclusiva, Cipriano Mutota, garantiu que não mentiu em nada e que não fez nada com intenções criminais. “Algumas vozes quiseram acusar-me de ter iniciado o projecto, mas isso não é verdade. Eu cumpri ordens superiores”.

O filho do antigo Presidente da República, Armando Ndambi Guebuza, fora dizer que não se prova o seu envolvimento criminal no projecto e disse que está lá por motivações políticas.

“Enquanto estivermos a ver neste ciclo de perseguição. Vai sair este Presidente e este ciclo vai continuar, só se o próximo for forte e o partido FRELIMO conseguir impor-se, mas eu acredito que vai, sim, impor-se para começar uma nova era”.

Quando a oportunidade foi dada a outros réus, a tónica foi a mesma, até chegar Salvador Fabião Mabunda, dono da M-Moçambique Construções, que teria sido um dos mecanismos usados para branqueamento de capitais. Isso porque assinou um contrato do qual resultou o pagamento de altas somas em dinheiro, porém não se realizou o objecto.

Teófilo Nhangumele, o homem que sempre assumiu os seus actos, que lhe renderam 8.5 milhões de dólares, foram parte de um trabalho honesto, como, aliás, sempre o fez.

Dentre os destinos dados ao dinheiro recebido pelo réu, consta a aquisição de viaturas que não foram registadas em seu nome e Nhangumele explicou que isso não pode ser prova de crime algum.

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