O antigo Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, endereçou uma mensagem de condolências ao seu homólogo Filipe Nyusi, pelo falecimento de Marcelino dos Santos, na última terça-feira, em Maputo, vítima de doença.
Segundo o estadista cabo-verdiano, com esta perda de Marcelino dos Santos, Moçambique e o seu povo ficaram privados de uma das suas referências maiores do combate árduo e paciente pela dignidade e libertação da dominação colonial.
Marcelino dos Santos (Kalungano) era “portador idealista dos sonhos da igualdade, da fraternidade e do progresso equitativo para todos os moçambicanos e africanos, no geral”, refere um comunicado enviado ao “O País”.
“Por esta perda irreparável, apresentamos à Vossa Excelência, e, também por vosso intermédio, à família enlutada e à Nação moçambicana, na sua plenitude, as nossas condolências entristecidas e manifestamos-vos a nossa solidariedade fraterna, nesta ocasião de consternação e de dor, representada pela morte do vosso Herói Nacional, com quem tivemos o privilégio de partilhar uma longa caminhada de desassossego, de combate intenso de insucessos e, finalmente, de grande vitória emancipada”, lê-se na mensagem enviada ao Presidente Nyusi.
Para o antigo Presidente cabo-verdiano, Marcelino dos Santos pertenceu à geração pioneira e visionária dos grandes patriotas africanos, originários das antigas colónias de Portugal, entre os quais se destacavam as figuras épicas de Amílcar Cabral, Eduardo Mondlane, Agostinho Neto, Viriato Cruz, Lúcio Lara e Mário Pinto de Andrade, que juntos e, solidariamente, souberam forjar os caminhos difíceis do combate pertinaz, solidário e duro, que culminaram com a libertação e as independências dos países e povos, então, oprimidos e humilhados.
“Para com estes grandes africanos, a nós, os seus companheiros e herdeiros, fica-nos a dívida moral, a cumprir, de lealdade, de reconhecimento e de respeito de memória”, sublinha o ex-governante, e acrescenta que “neste momento de pesar, também de meditação, da partida do último companheiro daquela geração de fundadores, inclinámo-nos, em companhia dos seus admiradores moçambicanos, cabo-verdianos, angolanos, guineenses, são-tomenses e africanos, no geral, perante a figura épica de um combatente de liberdade intrépido e de homem de Estado lúcido e probo, que foi Marcelino dos Santos, a quem rendemos a homenagem de companheiro de combate, de correligionário de causas e de amigo de todos momentos da caminhada de luta e sonhos que foi e tem sido a nossa vida”, acrescenta o comunicado da Presidência.