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O trajecto do conhecimento deve ser da academia às indústrias

O professor e pesquisador brasileiro Carlos Henriques de Brito Cruz diz que só é possível levar o conhecimento produzido nas instituições de ensino para as indústrias quando existirem actividades de pesquisa em ciência e tecnologia nas empresas, organizações governamentais e nas universidades.

Moçambique teve, em tempos, na Universidade Eduardo Mondlane, uma referência institucional de credibilidade que “pulava o cerco nacional” e estendia-se pelo mundo a fora, “ombreando” com grandes instituições de ensino tanto em África como no resto do mundo.

Por razões diversas, nos últimos anos, a Universidade Eduardo Mondlane e grande parte das instituições de ensino do país tem perdido parte das “credenciais”, o que é acompanhado por uma redução considerável de produções científicas, principalmente ligadas à tecnologia.

Mesmo assim, o que é produzido pelas academias não tem estado a disposição da indústria, que muito precisa desses conhecimentos para melhorar os processos produtivos e adicionar valor aos seus produtos e serviços.

Com passos mais avançados, o Brasil, através do professor Carlos Henriques de Brito Cruz, partilhou, durante mais um debate na 7ª edição da MOZTECH, parte da sua experiência sobre como é que o conhecimento pode ser colocado à disponibilidade da indústria.

“Essa conexão é possível quando existe actividade de pesquisa em ciência e tecnologia nas empresas, nas organizações governamentais e nas universidades”, defendeu o professor e pesquisador que interveio directamente da “terra do samba”.

Carlos Cruz alertou que muitas empresas têm demasiados contabilistas e advogados e não engenheiros ou pesquisadores, o que pode trazer “enormes dificuldades em obter conhecimento de universitários ou de qualquer outro lugar”.

Segundo o interveniente, contabilistas e advogados “não são pessoas com treinamento e especialização para trabalhar com criação do conhecimento como um pesquisador é”.

Com número reduzido de pesquisadores nas empresas há que incentivar a mudança de paradigma. Para tal, governos têm papel chave, explicou o professor brasileiro.

“Uma das principais maneiras é o governo criar um ambiente económico no país, que favoreça e que estimule a competição entre as empresas” a outra é “garantir um sistema de propriedade intelectual, no qual aqueles que têm uma boa ideia possam ser recompensados” por isso. O terceiro elemento, de acordo com Carlos Cruz, é “manter uma certa estabilidade das regras económicas do país”.

O país precisa de, igualmente, impulsionar o crescimento de startups, que são na verdade um ponto de partida de pesquisa e produção tecnológica no mundo.

“Essas empresas, startups, bem-sucedidas nascem em torno de excelentes universidades, que buscam seguir os melhores referências mundiais”, disse o professor e pesquisador.

Carlos Cruz defendeu também que cada Estado deve ter o seu plano de actuação e garantir que o mesmo gere benefícios para a sociedade.

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