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Novas tarifas do transporte causam confusão na Cidade de Maputo

Foto: O País

O primeiro dia laboral do ano 2022, em alguns terminais da Cidade de Maputo, foi marcado por caos. Enchente e confusão à mistura marcaram as primeiras horas desta segunda-feira, devido à entrada em vigor das novas tarifas de transporte. Os passageiros dizem que, mesmo com a subida, ainda persistem os velhos problemas, como o encurtamento de rotas

É que com o agravamento do preço do transporte público de passageiros ficou complicado prover trocos a todos e este é o actual desafio dos cobradores. A confusão estava instalada. Enquanto gravávamos a nossa reportagem, um cidadão recusava-se a soltar as calças de um cobrador, porque ele não tinha os seus trocos.

“Estes novos preços só vieram para criar confusão. Nós não temos trocos para dar aos passageiros e, quando assim acontece, somos agredidos”, contou um motorista de transporte semi-colectivo de passageiros, que opera na rota Praça dos Combatentes – Anjo Voador, em Maputo.

O agravamento é de dois meticais para até 10km e três para quem viaja acima de 10 Km, isto é, onde era cobrado 10 passa a custar 12 Mt; onde custava 12 passa para 15 e assim vai.

A opinião dos munícipes continua a mesma. O custo de vida está alto e o transporte é um dos vilões nas contas mensais, conforme defendeu Domingos Tonela, um dos passageiros.

Opinião contrária é defendida por um transportador, que considera insignificante a subida e diz que nada irá mudar.

“A vida está complicada em vários aspectos. Agora, com mais este aumento, será mais sufocante ainda. Eu vivo no bairro Mateque e trabalho no centro da cidade. Todos os dias passo a gastar entre 70 e 80 meticais”, disse.

Júlio Pamirene, um passageiro que concedeu uma entrevista à nossa equipa, é trabalhador público. Por dia, gasta cerca de 100 Mt só de transporte e tem de repetir o mesmo exercício por mais 30 dias.

Quem também reclama é Muaché Aliace. Para a idosa, mais do que agravar o preço, é preciso que se melhore o atendimento.

“Saí de Mapulene para Controlo e paguei 12 meticais. Do Controlo para aqui [Xiquelene] são 12 meticais e agora vou para Mavalane e terei que voltar a pagar 12 meticais, um total de 36 só para ida. Somando com o valor da volta, fica insuportável”, contou Muaché Aliace.

Sobre este assunto, a Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários chama os munícipes a serem vigilantes para que mudanças ocorram.

“É verdade que existem transportadores mal-intencionados, que continuam com as más práticas de encurtamento de rotas e de selecção de passageiros, mas nós queremos apelar aos passageiros para denunciarem estas situações”, disse Baptista Macuvele, vice-presidente da FEMATRO.

Macuvele disse ainda que, com este aumento, os transportadores que tiverem paralisado as actividades poderão retomar e, assim, garantir aumento da disponibilidade de transporte aos cidadãos.

O agravamento das novas tarifas dos transportes foi decidido pela Assembleia Municipal da Cidade de Maputo, a 17 de Dezembro, depois de várias solicitações dos transportadores que se sentiam lesados com as anteriores tarifas.

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