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Ndambi, Matusse, Leão e Do Rosário subfacturaram contrato com Privinvest para obter mais subornos

Efigénio Baptista afirmou que recusa de Ndambi Guebuza em partilhar os 50 milhões de dólares de subornos, que deveria compartilhar com António Carlos do Rosário e Gregório Leão, no primeiro contrato com a Privinvest, foi a razão que fez com que os três, associados a Manuel Renato Matusse, tivessem a ideia de alterar o contrato inicial, com o objectivo de subfacturar o preço dos equipamentos para ganhar mais dinheiro no negócio. O juiz disse ainda não ter dúvidas de que Renato Matusse, então assessor de Armando Guebuza, participou nas referidas negociações.

O contrato de financiamento celebrado entre a ProIndicus e o Credit Suisse para compra de equipamentos para protecção da Zona Económica Exclusiva sofreu dois aumentos em 2013, e Efigénio Baptista não tem dúvidas sobre as razões disso. “Da associação dos factos e circunstâncias que se apuraram até a este ponto, é fácil concluir com toda a certeza que o motivo das alterações do contrato inicial da ProIndicus foi a recusa do réu Ndambi Guebuza em partilhar os 50 milhões de dólares com os co-réus António Carlos do Rosário e Gregório Leão”, referiu Baptista tendo, de seguida, explicado que os réus agiram, com ajuda do Credit Suisse e da Prinvivest.

“Como o contrato de financiamento já estava celebrado, a única forma que encontraram para obter dinheiros adicionais de suborno foi alterar o contrato de fornecimento e, por consequência, alterar o contrato de financiamento. Este plano criminoso foi orquestrado pelo réu António Carlos do Rosário, em coluio com o réu Ndambi Guebuza, Jean Boustani, Gregório Leão José e Manuel Renato Matusse. Com efeito, Andrew Pearse, do Credit Suisse enviou, a 19 de Abril de 2013, um e-mail para os réus António Carlos do Rosário e Manuel Renato Matusse com cópia para Jean Boustani. No dia 22 de Abril de 2013, o réu António Carlos do Rosário reencaminhou para o co-réu Ndambi Guebuza um e-mail com assunto ‘empréstimo da Credit Suisse à ProIndicus’ com o seguinte teor: Exmos senhores, fui contactado pelo senhor Jean Boustani, que mencionou que vocês têm algumas questões relativas ao aumento de 200 milhões de dólares americanos de um empréstimo do Credit Suisse à ProIndicus. Gostaria de reiterar que o aumento proposto será providenciado pelo Credit Suisse”, detalhou.

O juiz dissipou dúvidas sobre a participação do antigo assessor particular de Armando Gebuza no esquema.

“Dúvidas não restam de que o réu Manuel Renato Matusse fazia parte do grupo criminoso que decidiu alterar os contratos da ProIndicus para poder obter dinheiro adicional para pagamento de subornos. Com efeito, o e-mail com assunto ‘empréstimo da Credit Suisse à ProIndicus’ foi enviado ao réu António Carlos do Rosário e também ao réu Manuel Renato Matusse”, esclareceu.

O juiz da causa disse ainda que a Privinvest não usou seu dinheiro para subornar os réus, mas que tais valores eram provenientes do subfacturamento dos custos dos meios, isto é, o Grupo Privinvest pagou os subornos com o dinheiro do Estado moçambicano.

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