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Mutola: “Foi um dia histórico para o país”

É de longe a melhor e a mais bem-sucedida atleta moçambicana de todos os tempos. Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália, em 2000, e bronze, em Atlanta, em 1996, nos EUA, Mutola recorda com nostalgia o içar da bandeira multicolor do país e entoar o hino nacional em pleno dia 25 de Setembro. Ouro sobre azul.

“Recordo-me como se fosse ontem. Foi um dia histórico não só para mim mas também para o país. Foi, repito, um dia histórico porque não é fácil uma atleta moçambicana, que saiu do Parque dos Continuadores, preparar-se todos estes anos e chegar ao pódio de uma olimpíada”, recuou no tempo a “menina de ouro”.

Em acresceu: “Foi um momento em que, de facto, senti-me como uma atleta completa. Já havia ganho quase tudo que havia por ganhar desde os mundiais de pista coberta e aberta e Golden League e só faltavam os Jogos Olímpicos. Em mim, sinceramente, veio o sentimento ou mesmo pensamento de que já havia conquistado tudo e não podia falhar naquele momento. Tinha que dar tudo”.

Sempre sonhou com a medalha de ouro. Viveu nos Estados Unidos da América 17 anos, treinava lá, mas naquela que era tida como “cartada” nas olimpíadas, foi forçada a mudar para a Austrália. Mutola teve que fazer as malas para ficar lá seis meses. E a treinadora, recorda Lurdes Mutola, disse na altura: “Este ano não podemos falhar”. E não falhou!

“Eu já havia falhado em Atalanta, onde conquistei a medalha de bronze. Embora tenha sido uma medalha, não contou muito. O que contava, em Sydney, era não falhar. Já dei várias entrevistas a falar da minha preparação que foi um bocado difícil pois tive que mudar faltando poucos meses para a competição. Estive lá a treinar com objectivo de conquistar a medalha nos Jogos Olímpicos”, recordou Lurdes Mutola.

Lurdes Mutola mantém vivo o sonho de ver a bandeira do seu país voltar a ser içada no maior evento desportivo planetário.

E o seu contributo para alterar o actual cenário de crise no atletismo pode mesmo passar por uma candidatura à presidência da Federação Moçambicana de Atletismo.

“Há muita pressão nesta altura, muita gente quer me ver como Presidente da Federação de Atletismo, ainda estou a pensar, estou a refletir, acho que o tempo dirá, estou aberta para tudo mas como já havia falado gostaria de ver mais atletas da parte do atletismo a representar o nosso país”, precisou Lurdes Mutola.

Há alguns anos, Lurdes Mutola ficou desencantada pelo facto de ter falhado o projecto de reabilitação da pista do Parque dos Continuadores, construção de uma piscina de 50 metros e  um edifício para a Federação Moçambicana de Atletismo,  num investimento avaliado então em   660 mil dólares.

O tempo não volta atrás, certo, mas há que pensar na formação de campeões olímpicos ou mesmo mundiais.

“Não digo que faria campeões olímpicos e mundiais mais iria tentar à minha maneira desenvolver a modalidade e isso é que seria mais importante para o nosso país, mas o tempo dirá tudo, mas gostaria de ver outros atletas a seguirem os meus ossos e termos uma equipa maioria representar o atletismo além fronteiras”, frisou.

 

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