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“Maldição de Alberto Lário”: cabeça de Kamal Badrú está a prémio

Foto: O País

Atletas exigem a demissão do presidente da Federação Moçambicana de Atletismo (FMA), Kamal Badrú. Para forçá-lo a sair, um grupo de atletas amotinou-se defronte das instalações do órgão que tutela o atletismo nacional com dísticos empunhados e a marchar sobre a pista do Parque dos Continuadores.

Parecia estar tudo a postos para o arranque dos campeonatos nacionais de atletismo. Parecia, também, que as águas estavam brandas, até que um grupo de atletas decidiu organizar uma manifestação.

Mas antes recuemos a fita! Uma semana antes do arranque dos já anunciados “nacionais”, os atletas lançaram um aviso à navegação, a dizer que não participariam na prova. Eles exigem a demissão de Kamal Badrú e do seu respectivo elenco.

Para fazer eco à sua voz, os atletas lideraram uma manifestação no Parque dos Continuadores, como forma de pressionar Badrú a abandonar a federação, uma vez que entendem que ele não tem contribuído para o desenvolvimento da modalidade.

Entre outros “pecados” do timoneiro do organismo reitor do atletismo nacional está o facto de, segundo os atletas, não dar ouvidos aos verdadeiros fazedores do atletismo nacional, a falta de competições regulares, bem como a suposta gestão danosa.

A manifestação forçou o adiamento dos “nacionais” do atletismo, cujo arranque passa para a próxima segunda-feira, no Parque dos Continuadores. As delegações que farão parte do maior campeonato de atletismo no país já se encontram em Maputo.

Os atletas, não só exigem a saída de Kamal Badrú, assim como já têm um nome para o substituir. Consideram que Lurdes Mutola é a pessoa certa para dirigir o atletismo moçambicano, uma vez que tem enorme bagagem e é conhecedora da modalidade.

O porta-voz da Federação Moçambicana de Atletismo, Titos Mulinga, diz que, apesar da pressão que os atletas têm exercido, o elenco que dirige os destinos da modalidade no país não vai demitir-se.

POLÍCIA APAZIGUA A SITUAÇÃO

Para conter os ânimos dos manifestantes e permitir o arranque seguro dos “nacionais”, a Polícia da República de Moçambique (PRM) destacou um contingente para o Parque dos Continuadores.

Para além de exigir calma, a PRM apelou aos manifestantes para seguirem os procedimentos legais para transmitirem as suas preocupações.

Após o apelo, os atletas realizaram 30 voltas na pista do Parque dos Continuadores, como forma de registar o acto que para eles é um marco na história do atletismo nacional. Os “nacionais” de atletismo vão contar com a participação de 300 atletas, entre nacionais e estrangeiros.

O receio, neste momento, é que a Cidade de Maputo não participe na prova, tendo em conta que é uma das agremiações que têm, de forma aberta, questionado a liderança de Kamal Badrú.

A reivindicação dos atletas acontece numa altura em que faltam dois dias para a realização da Assembleia-geral Ordinária da Federação Moçambicana de Atletismo, encontro que, dentre vários assuntos arrolados, vai analisar o pedido de demissão de Kamal Badrú submetido por seis associações provinciais, tendo à cabeça a da Cidade de Maputo.

O director-nacional do Desporto de Alto Rendimento na Secretaria do Estado de Desporto, Francisco da Conceição, reuniu-se com os atletas com o objectivo de compreender o que, de facto, estava a acontecer. No encontro, Conceição garantiu aos atletas que o problema que se vive no atletismo seria ultrapassado.

“MALDIÇÃO DE ALBERTO LÁRIO”

A detenção e posterior deportação do treinador português Alberto Lário veio destapar o véu sobre o ambiente nebuloso que se vive no atletismo nacional.

Alberto Lário, treinador responsável pela captação de talentos no país, com destaque para Verónica José, disse, na altura, que tinha sido Kamal Badrú a denunciá-lo ao Serviço Nacional de Migração (SENAMI), pelo facto de ele permanecer no país de forma ilegal.

A troca de farpas entre os dois acendeu vários debates em muitos círculos de opinião, com muitos prós e contras. Alberto Lário acusou, na altura, Kamal Badrú de ser uma pessoa nociva à modalidade de atletismo, pois em nada contribuía para que se lograssem resultados satisfatórios.

“Um dia, vais sair da federação”, disse Alberto Lário na conta pessoal do “facebook”. A verdade é que, saindo ou não da federação e do atletismo, Kamal Badrú não tem tido momentos de paz, desde a detenção de Alberto Lário. Em conferência de Imprensa, Kamal Badrú garantiu que não tinha a ver com a detenção e posterior deportação de Alberto e que estava disposto a provar isso.

Depois da primeira manifestação levada a cabo pelos atletas e treinadores no dia em que o SENAMI anunciaria a deportação do técnico português, seis associações fizeram um abaixo-assinado, em que exigiam a saída de Kamal Badrú da Federação Moçambicana de Atletismo.

As seis associações entendem que o timoneiro da federação retarda o desenvolvimento da modalidade, assim como cria um ambiente turvo entre os seus fazedores.

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