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João Chissano: 39 dias e uma taça com a cumplicidade de Jeitoso

Foto: O País

O Ferroviário de Maputo sagrou-se vencedor da Taça de Moçambique, ao derrotar o seu homónimo da Beira por uma bola sem resposta. O único golo da partida foi apontado por Jeitoso.

A história da conquista da Taça de Moçambique pelo Ferroviário de Maputo poderia começar de uma outra maneira, sobretudo pelas incidências do jogo. Mas é preciso inverter a pirâmide dos acontecimentos, buscando elementos que reforcem o momento.

Apresentado no dia 2 de Novembro como novo treinador dos “locomotivas” da capital, em substituição do belga Jean Losciuto, João Chissano assumia uma equipa descaracterizada e já sem possibilidade para conquistar o Moçambola.

Ciente disso, falando na apresentação do novo “maquinista”, o presidente do Ferroviário de Maputo, Teodomiro Ângelo, lançou um repto para Chissano, que passava pela conquista da Taça de Moçambique, tal como disse, como forma de salvar a época.

João Chissano assumiu o desafio e, na tarde de ontem, cumpriu o desiderato do clube, conquistando a segunda maior prova futebolística nacional.
Voltando ao jogo.

As duas equipas desceram para o relvado do Estádio Nacional do Zimpeto com praticamente um desejo comum: a necessidade de vencer o jogo e, por isso mesmo, terminar a época em grande, depois de uma imagem pálida no Moçambola.

Apesar da vontade das duas equipas, foi o Ferroviário de Maputo que mostrou sinais de vitalidade, sobretudo na forma como abordava o jogo, obrigando o seu adversário a missões defensivas.

Fruto dessa entrada avassaladora, os “locomotivas” da capital chegaram ao golo, através de Jeitoso que surgiu na grande área aproveitar-se de uma sobra para rematar para o fundo das malhas. Um golo, diga-se, que premiava a boa exibição do Ferroviário de Maputo.

O Ferroviário da Beira viu-se obrigado a mudar o seu estilo de jogo, tendo em vista chegar ao golo de empate e relançar a partida, algo que, no entanto, não veio a acontecer. Os treinados de João Chissano poderiam ter dilatado o marcador ainda na primeira parte, todavia os seus atacantes, mormente o Maxwell, foram perdulários.

A primeira metade da partida terminou com o Ferroviário de Maputo em vantagem, fruto, como já o dissemos, do golo de Jeitoso.

CORRER ATÉ O ÚLTIMO MINUTO

A segunda parte foi uma espécie de papel químico da primeira, tendo em conta que o Ferroviário de Maputo voltou a entrar melhor. Ainda assim, foram os “locomotivas” do Chiveve que criaram a primeira oportunidade de golo. Em posição privilegiada, Leonel consegue espaço para rematar, valendo a atenção de Franque.

A resposta do Ferroviário de Maputo só veio aos 61 minutos, por intermédio de Maxwell, que, de cabeça, obrigou César Machava a uma defesa de recurso. O jogo baixou de intensidade, ainda que o Ferroviário da Beira corresse mais, visto que estava em desvantagem.

Essa postura obrigou os “locomotivas” da capital a redimensionarem o seu jogo, passando a apostar em ataques mais pausados. Os dois treinadores começaram a mexer nas suas equipas.
Se, por um lado, Wedson Nyerenda introduzia elemento do ataque com o objectivo de chegar ao golo de empate, por outro João Chissano apostava em unidades mais defensivas, até porque o resultado lhe era favorável.

Aos 80 minutos, Yude, um dos jogadores lançados na segunda parte, surge em posição privilegiada, mas não teve a calma necessária para bater César Machava.

O Ferroviário da Beira jogava o tudo ou nada, lançando todas as bolas para a defensiva do adversário. Porém, não conseguia chegar ao tão almejado golo, em parte, pela forma organizada com que o Ferroviário de Maputo se defendia.

O jogo viria a terminar com a vitória dos treinados de João Chissano, conquistando a sexta Taça de Moçambique e com o direito de representar o país na Taça Nelson Mandela. A última vez que o Ferroviário de Maputo havia vencido esta competição foi em 2011, tendo, na final, derrotado o Chingale de Tete, por 3-0.

“MERECÍAMOS GANHAR”

O treinador-adjunto do Ferroviário de Maputo, Carlos Baúte, diz que a sua equipa merecia ganhar a Taça de Moçambique, justificando pelo facto de, segundo ele, os jogadores se terem esforçado bastante na partida da final.

“Esta conquista é muito saborosa para nós, pois conseguimos fechar a época em grande. Estamos todos de parabéns por isso. Agora vamos desfrutar o momento”, disse Baúte. Autor do único golo, Jeitoso considera que o Ferroviário de Maputo foi impecável, na medida em que lutou até ao último minuto.

“Estou feliz por ter contribuído com o meu golo para a conquista da Taça [de Moçambique]. Mas o mérito não é só meu, pois somos um conjunto. Todos deram um pouco de si para que ganhássemos o jogo”, explica Jeitoso, que, por sinal, é o jogador mais antigo do plantel.

Por seu turno, o presidente da Liga Moçambicana de Futebol, Ananias Coana, considera que foi uma final muito bem disputada, pois as duas equipas apresentaram um bom futebol.
“Mas, em futebol, sempre tem de haver um vencedor. Parabéns ao Ferroviário de Maputo pela conquista, mas também ao da Beira que soube honrar a final”, felicitou o presidente da LMF.

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