O treinador da equipa masculina de basquetebol do Ferroviário de Maputo, Milagre Macome, diz que parte para a Liga Africana de Basquetebol triste com o cenário actual de falta de competições no país, o que faz com que a equipa esteja sem ritmo competitivo.
Falando em conferência de imprensa, Milagre Macome diz estar “com muita mágoa, muita tristeza”, tendo em conta que “infelizmente nós vamos participar nesta primeira edição da Liga Africana de Basquetebol fora daquilo que seria o ideal em termos competitivos e de ritmo”.
É este o sentimento que Macome leva para a Liga Africana de Basquetebol, sem perspectiva de fazer milagres em Kigali. Aliás, segundo Macome, “se em condições normais, com competição regular, treinos regulares, sem o condicionalismo de COVID-19, temos muitas dificuldades a nível internacional, imagine agora sem competição nenhuma e só a treinar individualmente, vai ser difícil, mas prontos, vamos lá para participar até onde for possível chegar”.
Ainda assim, Milagre Macome garante que os “locomotivas” da capital do país vão à maior prova de basquetebol profissional Africana de clubes para representar condignamente o país. “Temos que ir firmes, cabeça levantada, representar o país, cientes das dificuldades que vamos enfrentar e vamos jogar até onde pudermos”, disse o treinador da equipa principal masculina de basquetebol dos “locomotivas” de Maputo.
Até porque a equipa está compenetrada e unida para disputar a primeira edição da prova, segundo garantias do próprio técnico, Milagre Macome.
JOGADORES COMPROMETIDOS COM O CLUBE E COM A NAÇÃO
A falta de competição no país não deve ser um entrave para quem quer alcançar a glória, é como defende Custódio Muchate, em representação dos seus colegas, movido pelo espírito de profissionalismo e persistência.
Para Muchate “há um compromisso individual e colectivo daquilo que é o compromisso que temos com o Ferroviário de Maputo e com o país no seu todo. Por isso queremos representar o clube e o país de forma condigna”.
O sentimento do capitão, que falava em nome de todos os jogadores, é de que “o facto de não termos competição há cerca de 12 meses não significa que devemos claudicar e deixar que as coisas aconteçam do nada. Há um esforço que teremos que fazer. Ainda bem que o treinador está ciente das limitações que temos e como é uma pessoa que gosta de ganhar, nos leva a termos esse mesmo pensamento também”, disse.
Relativamente ao estado anímico dos jogadores, Custódio Muchate não tem dúvidas de que todos estão motivados, apesar do condicionalismo imposto, no entanto “estamos a trabalhar por forma a representar condignamente o clube e o país nesta competição e tentar passar para a outra fase”.
Sem competições, os treinos internos são a maior motivação dos jogadores que pretendem puxar para si a razão e o desejo de se mostrar a África e ao mundo através desta competição.
Mas o facto de alguns jogadores não poderem se juntar ao grupo de trabalho, é outro entrave, já que dificilmente haverá o entrosamento desejado para formar um conjunto forte e capaz de ombrear de igual para igual com os restantes adversários.
QUATRO REFORÇOS ESTRANGEIROS PARA ENFRENTAR BAL
Assim, o campeão nacional de basquetebol masculino procura melhorar os índices competitivos ainda em Maputo, mesmo sem poder com os quatro reforços estrangeiros, que por imposição da organização tinham que ser contratados. Trata-se do espanhol Álvaro Manso, já conhecido pelos moçambicanos, porquanto tem estado a apoiar Ferroviário de Maputo há dois anos, o alemão-americano, Demarcus Holland, o costa-marfinense, Adejhi Baru, e o nigeriano-americano Uchechi Obgonna.
Milagre Macome assume que as exigências da Liga Africana de Basquetebol obrigaram a contratação destes jogadores, que não foram a primeira, nem a segunda e nem a terceira opção do clube. “Eles enviaram uma lista de mais de 50 jogadores que deviam ser contratados pelas equipas que vão disputar a prova. Mas devido a falta de condições não foi possível contratar os melhores e acabamos levando estes mesmos”, começou por dizer Macome, para quem “estes são os jogadores do Ferroviário de Maputo porque aceitaram assinar com o clube”.
O treinador diz acreditar no potencial de cada um deles, por isso mesmo confiou a estes para que possam dar a sua contribuição na boa prestação que se espera deles. “Já vimos a actuação de todos eles e achamos que são jogadores que merecem a nossa confiança e temos certeza de que vão ajudar o clube”, disse Milagre Macome.
Actualmente o clube trabalha no país e já está a criar todas condições para participar na Liga Africana de Basquetebol, tendo já cumprido sete testes de COVID-19, uma das exigências da organização. “Já fizemos sete testes e agora falta o oitavo e último teste que deverá ser feito dois dias antes da viagem. Ou seja, devemos realizar todos estes testes para podermos entrar na bolha da BAL. Na próxima sexta-feira a equipa vai entrar em estágio e a viagem está prevista para dia 3 de Maio”, esclareceu Isidro Amade, director desportivo do Ferroviário de Maputo.
BOLHA DA BAL PARA CONTORNAR COVID-19
A Liga Africana de Basquetebol, BAL, vai decorrer de 16 a 30 de Maio em Kigali, no Ruanda. A FIBA-África e a NBA projectam confinar as 12 equipas participantes na prova numa bolha, numa unidade hoteleira de Kigali, que irá decorrer de 4 a 30 de Maio, devendo logo após a chegada das equipas ser observada uma quarentena de 6 dias.
De 11 a 14 de Maio as equipas realizam sessões de treinos para dois dias depois, 16, iniciar a disputa da fase de grupos que se estenderá até dia 23. Os quartos-de-final da BAL vão decorrer entre os dias 25 a 26 de Maio, sendo que as meias-finais serão disputadas no dia 28. Um dia depois deverá ser conhecido o terceiro classificado da prova e o grande vencedor desta primeira edição será encontrado no dia 30 de Maio.
As 12 equipes estarão divididas em dois grupos, sendo o Nilo a qual pertence o Ferroviário de Maputo será ainda composto pelas equipas do River Hoopers (Nigéria), US Monastir (Tunísia), Zamalek (Egipto), FAP (Camarões) e Patriots (Ruanda).
O grupo denominado Sahara contará com as equipas do Petro Atlético de Luanda (Angola), GS Petroliers (Argélia), AS Police (Mali), GMN Basket (Madagáscar), AS Douanes (Senegal) e AS Salé (Marrocos).