Alguns jovens da cidade e província de Maputo têm na prática dos exercícios físicos um pretexto para sair de casa, alegadamente, porque têm estado cansados com o confinamento. Ao findar da tarde de cada dia, muitos aglomeram-se em alguns locais, onde nem sempre a ginástica é principal intenção
Caminhar, correr ou praticar outros exercícios físicos ao ar livre é uma prática que intensificou-se em tempos de COVID-19. E o grande desafio tem sido a observância das medidas de prevenção face à pandemia, tais como o uso da máscara, e o distanciamento.
Entretanto, exercícios físicos a parte. Em muitos locais da cidade ou província de Maputo, onde ao findar da tarde vê-se pessoas a praticar ginástica, a intenção nem sempre tem sido essa.
“Estou aqui, mesmo para melhorar a minha performance em várias actividades, que não tem a ver, exactamente, com a corrida. Actividades da vida quotidiana”, confessou ao “O País” Ezerónio Bila, jovem que na companhia de amigos estava no Estádio da Machava, trajado de atleta.
“As vezes cansa ficar em casa. Quando viemos aqui é para nos divertirmos um pouco”, afirmou Carla, que mesmo com visual que apontava para a prática dos exercícios, essa não era a intenção.
No entanto, para muitos jovens não têm sido fácil estar em alguns locais, mesmo com o pretexto da prática de exercícios físicos. No Estádio da Machava, um dos pontos da cidade da Matola, onde ao entardecer torna-se em autêntico “ponto de encontro”, as autoridades interditam a permanência.
“Impedem-nos de ficar aqui. Mas nós temos vindo e dado algumas voltas e quando vimos polícias corremos”, relatou Carla.
Mas nem sempre tem sido fácil correr, por isso, a melhor opção dos que têm estado em locais proibidos é fugir, porque as viaturas de patrulha da polícia são muito bem conhecidas. “Sim, conhecemos muito as viaturas Mahindra”, disse um dos jovens que na Machava se encontrava sob pretexto de exercícios físicos, que teve de interromper a entrevista para pôr-se em fuga porque, por coincidência, uma viatura “Mahindra” já se aproximava carregada de cerca de meia dúzia de agentes da polícia.
E ao chegar do “Mahindra” ninguém mais estava. Todos já tinham fugido. Uma resistência contínua de quem quer estar fora de casa a todo custo, mesmo com as restrições impostas pelo novo coronavírus e os alertas dados pelas autoridades de saúde contra a aglomeração.