Mais de quatro mil alunos da Escola Primária de Matlemele têm as aulas suspensas, devido às águas das chuvas, que inundaram as instalações do estabelecimento. Devido à situação, a escola recebeu, neste arranque de ano, mais de 300 pedidos de transferência de alunos para outras instituições de ensino.
É o culminar de uma situação que se arrasta há um ano, na Escola Primária Completa de Matlemele, na Província de Maputo. Construída na década de 70, o estabelecimento de ensino tem sido, desde o mesmo período do ano passado, assolado por inundações, segundo avançam encarregados de educação e, inclusive, a direcção da escola.
Para pais e encarregados, o cenário é preocupante. “A escola não tem condições. Estas crianças são menores, vão sofrer. O que nós, como pais, pedimos é ajuda a quem de direito, para se aproximar e ajudar a resolver esta situação”, pediu a encarregada de educação, Filipa Zitha.
É sobre pedras, com botas ou até enfrentando riscos que alunos e pais acedem à escola para tratar dos seus expedientes, seja para inscrever pela primeira vez, seja para renovar a matrícula.
O ano lectivo de 2024 arrancou há cinco dias, mas os mais de quatro mil alunos da Escola Primária de Matlemele não sabem, para já, quando vão começar a ter aulas.
“Antes de chegar aqui à escola, levei as minhas filhas para o espaço onde nos foi dito que os alunos vão estudar. Mas ainda se está a limpar o espaço, em que ainda não há tendas para os alunos lá estudarem.
A encarregada reclama do facto de as tendas destinadas a acolher os alunos estarem em mau estado e serem poucas. “O pior é que não se sabe quando vão começar as aulas, por causa desta inundação”, partilhou a encarregada Flora Muianga, que tem três filhas inscritas na escola.
O cenário fez com que a escola autorizasse o pedido de encarregados, de transferência de mais de 300 crianças para outros estabelecimentos de ensino. Mas há pais que se dizem sem alternativa, devendo, assim, sujeitar-se às condições existentes.
A situação é complicada, entende Rosário Alberto, que, apesar de ver um cenário desafiador para o seu educando, diz que não vai desistir de matricular o filho. “Não tenho como desistir, vou esperar e ouvir a solução da escola”.
O professor Francisco Alicene, que dirige a escola desde 2017, conta que as inundações no local foram provocadas por chuvas de Fevereiro do ano passado. Na altura, recorreu-se ao aterro de Matlemele, local para onde regressam um ano depois.
“Estamos nesta situação desde Fevereiro do ano passado, ou seja, há um ano. Com a última chuva, a escola ficou ainda mais cheia de água.”
“As aulas só vão iniciar-se assim que terminarmos de limpar o terreno onde as crianças vão estudar, ou seja, estamos a criar as devidas condições para colocarmos lá as salas. Contamos com a colaboração de pais e encarregados de educação. As salas serão feitas de chapas. A princípio, estudariam em tendas, mas viu-se a necessidade de fazê-las de chapas”, detalhou o director da Escola Primária Completa de Matlemele.
E nas salas com cobertura de chapa, os alunos deverão ficar até à construção de uma nova escola. “A estrutura do bairro, a direcção da escola, os serviços distrital e provincial e o próprio ministério identificaram um espaço para erguer uma nova escola”, referiu Francisco Alicene.
Só para este ano, a Escola Primária de Matlemele, disponibilizou mais de 800 vagas para os novos ingressos da primeira classe, tendo sido preenchidas, até aqui, 560. As matrículas, na instituição, ainda estão em curso.