O Juiz Efigénio Baptista começou por ler as acusações que pesam sobre Inês Moiane, sublinhando que a ré podia ou não responder.
Logo de início, Inês Moiane disse que negou ter sido subornada e que recebeu um espaço do Conselho Municipal de Maputo entre 2010 e 2011 (não pôde precisar) próximo a ATCM.
O espaço em causa, segundo a ré, era propício para grandes apartamentos e/ou hotéis de até 33 andares, pelo que ela não teria capacidade para tal investimento. Saiu, então, à procura de investidores e foi daí que começaram os contactos com Jean Boustani.
Boustani mostrou-se interessado em construir um hotel no espaço em causa e, caso tal se efectivasse, ela teria em troca, cinco apartamentos, mas Inês Moiane queria mais que isso – uma associação. Contudo, Boustani não queria associação e preferiu dar-lhe dinheiro para adquirir outros apartamentos.
Para este processo, Boustani queria fazer um pagamento através de uma empresa e depois cuidaria do projecto de construção. É nesta parte da história em que entra o seu amigo, Sérgio Namburete, pois ele estava ligado ao ramo da imobiliária.
Mais adiante, a ré afirmou que conheceu o potencial investidor Jean Boustani num dos encontros com o então Presidente da República, Armando Guebuza, no seu gabinete de trabalho. Foram mais de cinco vezes em que estiveram reuniões.
E porque o negócio era uma certeza, Inês Moiane já tinha o DUAT em mãos. O valor para a transferência de terreno, 877.500 euros, não caiu na conta da ré, porque Boustani queria que tal se fizesse através de uma empresa.
Foi daí que celebrou o contrato com a firma SEN Consultoria e a Logistic Abu Dhabi, mas o mesmo não faz menção da cláusula sobre a transferência. Sobre o projecto concebido para o terreno em causa, Inês Moiane diz desconhecer. Aliás, diz nunca ter visto.
Para a transferência do terreno a Jean Boustani, a ré disse que não tinha dado entrada a nenhum documento, mas o espaço estava na posse de Jean Boustani através de uma procuração.
Inês Moiane comprou dois imóveis. Um em seu nome e outro das filhas. Quem tratou das casas e de tudo que fosse necessário foi o filho da sua irmã, Elias Moiane. De seguida, disse-lhe que havia localizado o imóvel e pediu para mandar o dinheiro. Transferiu o valor do imóvel, dando-lhe a liberdade de tratar de tudo.
Dos dois imóveis adquiridos por Inês Moiane, um está em seu nome e outro em nome das suas filhas.