É ilegal e perigoso vender cimento em locais não autorizados como contentores e ruas, avisa a Inspecção Nacional de Actividades Económicas (INAE). Nos últimos nove dias, a INAE apreendeu 220 toneladas de cimento vendido em locais impróprios e em condições não recomendadas.
É uma batalha que só está a começar. De 13 a 21 de Janeiro, 250 estabelecimentos de venda de cimento foram inspecionados e os resultados são alarmantes. É que, em quase todas as ruas e esquinas do país, há uma pessoa a vender cimento, e afinal, muitos deles não devem estar lá por não reunirem os requisitos mínimos decretados, como local em condições e devida arrumação.
“Foram apreendidos e cativados cerca de 220 toneladas de cimento. A que se deveu essa apreensão ou cativação de cimento? Venda ilegal, sem licença. Não tem licença, não pode vender, isso é número 1. Numero 2, as condições em que estão a ser vendidos os produtos, se está a vender no passeio, se está a vender na via pública, na banca, o produto é apreendido”, disse a inspectora-geral do INAE, Rita Freitas.
É também nesses locais não autorizados onde o INAE diz haver especulação de preços, daí que recomenda a compra do cimento em revendedores autorizados, embora, muitas vezes, este estejam em locais distantes dos compradores, factor que agrava os custos devido ao transporte.
Os proprietários do cimento apreendido têm um mês para regularizar a sua situação. Passado o período, o produto será encaminhado ao tribunal competente para que haja desfecho do caso.
Já a Cimentos de Moçambique explica que de Agosto de 2020 a Janeiro corrente aumentou cerca de 15% o preço de cimento na fábrica para cobrir seus custos que subiram 25% devido à depreciação do metical face ao dólar, facto que encarece grande parte das matérias-primas importadas, e por causa da subida da tarifa da energia eléctrica na ordem dos 16%.
“São factores que impuseram ao sector cimenteiro uma conta pesada e o sector decidiu, por conta dos problemas da pandemia, que nós não faríamos o ajuste durante o período crítico da pandemia, foi um período de calamidade em Moçambique que ficou vigorando ali até finais de Agosto. Em Setembro, Sua Excia. Presidente da República deu um passo atrás a essa situação e foi aí que nós fizemos o nosso primeiro ajuste de preço”, disse o director geral da Cimentos de Moçambique, Edney Vieira.
Por seu turno, Sidónio dos Santos, director nacional da indústria, explica que a produção de cimentos nas 14 indústrias existentes no país aumentou cerca de dois por cento em 2020, apesar das diversas dificuldades enfrentadas pelas fábricas.
O director revela ainda que a capacidade anual instalada para a produção de cimento, no país, é de 5.7 milhões de toneladas. Os responsáveis falavam nesta sexta-feira numa conferência de imprensa conjunta que visava apresentar acções para travar a especulação do preço de cimento.