Alguns munícipes da cidade de Maputo já começaram a intensificar as medidas de prevenção, devido ao receio dos efeitos de uma terceira vaga da doença. O “O País” constatou que algumas famílias recorrem ao uso de eucaliptos e outros métodos para se protegerem da doença.
Enquanto uns se têm desleixado em relação à prevenção, outros decidiram recuperar as folhas de eucalipto para inalação do vapor, conhecido, também, como bafo.
No bairro 25 de Junho, “O País” encontrou João Manhique que, com ajuda de um pau, arrancava as folhas de eucalipto para levar para sua casa. Segundo o munícipe, “as folhas são para espantar a gripe e a COVID-19; dizem que são muito boas para isso. Fervemos e fazemos bafo, depois tomamos banho com a água e colocamos as folhas no interior da casa”, explicou.
Segundo Manhique, a táctica ajuda a “afastar” a doença, mas outra estratégia usada é o confinamento em casa, e as saídas são feitas em casos extremos.
“Nós, os adultos, saímos mais para trabalhar e, nos dias em que não vamos ao trabalho, não saímos de casa. Hoje, por exemplo, estou aqui fora, porque tinha de vir arrancar essas folhas; as crianças também saem, porque vão à escola, mas, sempre que saímos, levamos a máscara e o álcool para desinfecção das mãos”, garantiu.
Sagida Cassamo, outra munícipe, falou de bafos, não só através das folhas de eucalipto, mas também através das do limoeiro e acrescentou que o consumo da vitamina C é outra estratégia da família neste período.
“Laranja é uma fruta que não falta aqui, em casa, estamos sempre a consumir, sempre a fazer sumo, porque também ajuda a manter-nos saudáveis”, afirmou.
A fonte acrescentou, ainda, que “somos muçulmanos, a nossa família é extensa e como estamos sempre juntos, à entrada aqui, em casa, sempre se lavam as mãos e já não fazemos aquela saudação tradicional, um Salama já é suficiente”.
A prevenção estende-se, também, para lugares públicos. O Conselho Comunitário de Segurança do Bairro 25 de Junho tem realizado, de duas em duas semanas, palestras de sensibilização para os chefes do quarteirão, que depois são responsáveis por passar a mensagem aos moradores do bairro.
Hoje, por exemplo, foi o dia da reunião e, segundo Elias Mazive, porta-voz do conselho, a prática voltou a ganhar espaço por conta da situação actual que o país atravessa.
“Além dessa educação cívica, temos feito sensibilização para as pessoas que passam por aqui sem máscaras. Fazemos esse trabalho também nos mercados com os vendedores e com os clientes, tentamos mostrar-lhes a gravidade da situação e a necessidade de se prevenirem”, avançou Mazive.
A fonte lamentou o facto de serem poucas as pessoas que cumprem as medidas preventivas, dizendo que “infelizmente, as pessoas só percebem a gravidade da situação quando acontece com elas ou alguém da família”.
Depois de dois meses de redução dos casos, nos últimos dias, o país tem registado, em média, 400 casos diários de novas infecções pelo novo Coronavírus.