Em meio à austeridade e a questão mal-parada das chamadas “dívidas ocultas” que empurraram Moçambique para o descrédito no panorama internacional, 2018 fica marcado pela queda severa do IDE, segundo as contas apresentadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.
No seu World Investment Report 2018, divulgado esta segunda-feira, em Genebra, a UNCTAD revela uma queda em 26%, para 2,3 biliões de dólares, do volume do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no ano em referência, face a 2017.
Antevendo, no entanto, um cenário promissor a longo prazo, uma vez que o país espera contar com o potencial de gás natural liquefeito a ser explorado a partir de 2023 e receitas internas. O carvão é outra matéria-prima que irá alavancar os investimentos em Moçambique.
Sobre a indústria do carvão, em particular, a UNCTAD aponta o consórcio de investidores chineses, britânicos e sul-africanos, cujos projectos estão em seu estágio inicial.
A queda do IDE no país é o reflexo da África Austral no seu todo. Nesta região, o relatório indica que houve queda em 66% no ano passado.
Na África do Sul diminuiu 41%, para 1,3 bilião de dólares, influenciado pelos baixos preços das principais commodities de exportação e incerteza política.
Neste país vizinho, os investidores dos Estados Unidos continuam sendo a maior fonte de IDE, em paralelo investidores europeus, liderados pela Alemanha e Reino Unido, permaneceram muito activos na África do Sul, por meio de iniciativas como reaproveitamento de fábricas da BMW.
Na Zâmbia, um contraste com a restante realidade da África Austral, com o IDE a aumentar em 65%, para USD 1,1 bilião, devido ao crescimento da indústria de cobre. O governo deste país, está empenhado em diversificar a sua economia para além do cobre, tendo anunciado a construção de uma fábrica de cimento no valor de USD 548 milhões e indústria alimentar.
ACORDO DO COMÉRCIO
Em Março de 2018, pelo menos 44 economias membros da União Africana (UA) assinaram o acordo de facilitação do comércio livre entre os países africano, conhecido por AfCFTA. Nigéria e África do Sul são grandes ausentes desse acordo.
Os sul-africanos, por exemplo, só assinaram a Declaração de Kigali (que é o documento que estabelece o AfCFTA). Se ratificado e implementado com sucesso, será o maior acordo do comércio desde a criação da Organização Mundial do Comércio em 1995.
O impacto do AfCFTA no IDE será principalmente em investimentos que não procuram commodities.