O economista João Mosca diz que os ganhos da Zona de Comércio Livre continental africana, que vigora desde sexta-feira, serão a longo prazo. Diz também que para Moçambique, maior vantagem será nas importações. Já Luís Magaço defende que este acordo vai garantir maior fortalecimento das economias e maior mercado para os produtos.
A Zona de Comércio Livre em África vigora desde o primeiro dia do ano e o economista João Mosca vem a público explicar, em termos práticos, como funciona.
“As relações comerciais entre os países são feitas de forma livre, isto é, sem pagamento de tarifas alfandegárias e com os procedimentos administrativos e leais reduzidos. O que pode haver é apenas o registo de pessoas, dos bens e efeitos estatísticos do comércio externo”, cujos ganhos serão a longo prazo, segundo João Mosca.
“Falo de 40, 50 ou mais anos. A união europeia foi constituída nos princípios da década 70 e só agora 60 a 70 anos depois é que o mercado livre está a funcionar quase que plenamente, ainda não totalmente. Os resultados são de muito longo prazo, caso existam vontades políticas, caso existam reformas profundas legais e caso o tecido económico também tenha transformações importantes”, refere o economista, acrescentando que a falta de uma indústria forte em Moçambique poderá limitar os ganhos do comércio livre para o país.
“Para Moçambique, quanto muito se beneficiará das importações e de investimentos. Os investidores nacionais poderão beneficiar-se de produtos importados mais baratos de outros países”, mas que poderão comprometer a competitividade do produtor moçambicano.
“Tem a desvantagem de que a concorrência dos produtos importados poder travar ou dificultar o crescimento económico pois o tomate virá competir com os agricultores moçambicano que terão, em princípio, pouca capacidade de oferecer o mesmo bem a preço competitivo e portanto, o moçambicano não terá a capacidade de colocar a sua produção no mercado devido às situações de preços e outras condições”.
Já Luís Magaço lembra que este acordo foi assinado por quase todos os países do continente, embora 24 é que o tenham ratificado, entre eles Moçambique. Este tem um prazo seis meses de preparação.
Para Magaço, “a importância desse acordo é fundamentalmente porque amplia o mercado para os produtos que são produzidos em África. Certamente que esse acordo irá fortalecer as economias e as empresas e, quiçá, a nossa participação no comércio internacional”, pois, os países do continente terão no mercado amplo a maior vantagem para fazer negócios.