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Gregório Leão diz que não sabe com quem Do Rosário viajou para Alemanha e Abu Dhabi

Foto: O País

No 21º dia do julgamento do “caso das dívidas ocultas”, Gregório Leão esteve sentado no banco dos réus, na Cadeia de Máxima Segurança da Machava, na província de Maputo. Depois de uma manhã toda dedicada a questões prévias, no princípio da tarde, o réu respondeu às questões colocadas pela Procuradora Ana Sheila Marrengula. Sobre uma das questões, o réu afirmou que, quando era Director-Geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), não teve informação de que Teófilo Nhangumele, Bruno Langa, Armando Ndambi Guebuza e António Carlos do Rosário integram a delegação que viajou a Alemanha em missão do SISE.

Segundo clarificou Gregório Leão, apenas soube da viagem feita por António Carlos do Rosário, a quem deu autorização de viajar para cumprir uma missão, com os quadros da sua área, mas não tinha detalhes sobre com quem iria fazer a viagem. Leão afirmou que no SISE, o Director-Geral, no seu caso, dá autorização para as viagens e, por sua vez, os directores das áreas tratam dos pormenores da missão.

Ana Sheila Marrengula quis saber se na viagem feita a Alemanha, António Carlos do Rosário teria produzido um relatório de viagem. Gregório Leão respondeu que não recordava. Na insistência da Procuradora, o réu realçou que não conhece o relatório que a magistrada disse ter sido elaborado. “Se o relatório não tem a minha assinatura ou o meu visto, significa que não chegou às minhas mãos. Eu, enquanto Director-Geral do SISE, tudo que me passava pelas minhas mãos, tinha de colocar assinatura. Se não tem a minha assinatura, não vi”, afirmou.

A Procuradora Ana Sheila Marrengula quis saber o que António Carlos do Rosário reportou a Gregório Leão em relação à viagem a Alemanha. Leão respondeu que o seu colega no SISE respondeu, dizendo “missão cumprida. Eu tinha confiança nele. Confio nele até que se prove o contrário”.

Do mesmo modo, Gregório Leão disse que não teve conhecimento de uma viagem para Abu Dahbi, com a composição de Armando Ndambi Guebuza, Bruno Langa, Teófilo Nhangumele e António Carlos do Rosário. Mas, confirmou que Do Rosário efectou várias viagens para Abu Dhabi para tratar de assuntos de segurança do Estado. Numa das viagens, o objectivo era ir ver in loco os equipamentos que o país devia adquirir, o que incluiu visita a estaleiros. “Ele deu-me o relatório e disse que tinha ficado satisfeito. Com base na confiança que sempre tive com os meus directores, dava aval para prosseguir”.

 

ZONA ECONÓMICA EXCLUSIVA

O Ministério Público interrogou Gregório Leão sobre a Zona Económica Exclusiva. Essencialmente, quis respostas sobre quando, como, com quem e em que circunstâncias o projecto da Zona Económica Exclusiva chegou a si. O réu disse que não se recordava, mas isso aconteceu no SISE. Gregório Leão lembrou que essa informação lhe foi entregue, porque se preparava para ir a uma reunião do Comando Conjunto, eventualmente, pelo staff do seu gabinete.

Na sequência dessa resposta, Gregório Leão reiterou que a primeira vez em que ouviu falar do Grupo Privinvest foi com António Carlos do Rosário. E, quando a Procuradora Ana Sheila Marrengula perguntou “Terá levado informação sobre a Privinvest ao Presidente da República?”, o réu respondeu que o assunto foi discutido no Comando Operativo, e, depois, avançou para o Comando Conjunto. A pergunta que se seguiu: “Qual foi a orientação do Comando Conjunto?”. O réu respondeu, dizendo que o Comando Conjunto apreciou o documento, sendo que o SISE recebeu instruções do Comandante-em-Chefe para aprimorar alguns detalhes, envolvendo outras instituições, como os Ministérios dos Transportes, das Finanças e das Pescas, e os titulares dos ministérios foram convidados e cada um se pronunciou.

Durante o interrogatório, Gregório Leão recusou-se a partilhar informações do Comando Conjunto, alegando que não tem autorização para o efeito.

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