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Geny, a surpresa que foi trunfo de Rúben Amorim

O internacional moçambicano marcou, segunda-feira, aos 37′, o primeiro golo do Sporting na vitória diante do Boavista, por 2-0, em jogo da nona jornada da Liga Portuguesa de futebol.

Três pontos de diferença para os seus mais diretos rivais na liderança isolada do Sporting, depois da importante vitória no Bessa, onde o Benfica tinha deixado a sua primeira e até agora única derrota. Importante, por ser um jogo tradicionalmente difícil, importante porque superou a pressão de ter de voltar a ser líder e ainda importante porque aproxima muito a equipa do objetivo anunciado por Rúben Amorim, que sonha em chegar ao derbi, na Luz, isolado, à frente do campeonato.

Não foi, porém, uma vitória fácil, nem sequer uma vitória controlada. O Sporting procurou ser uma equipa racional, sem impôr ao jogo um ritmo muito intenso, chegou ao primeiro golo com naturalidade e lógica, numa fase de maior domínio, mas teve momentos em que se viu obrigado a saber sofrer e em que viu o adversário andar nas bermas do empate.

A SURPRESA DE GENY

Rúben Amorim apostou numa surpresa para trunfo maior no jogo. Colocou Geny Catamo como titular e com a particularidade de jogar na ala direita, não tanto como um lateral adiantado no habitual sistema de 3X4X3 dinâmico, mas um verdadeiro ala, o que obrigou uma dupla função de Diomande a fechar o corredor defensivo desse lado e à constante movimentação de Edwards para as zonas interiores do terreno.

Veloz, criativo, audaz, Geny Catamo tornou-se na principal figura desequilibradora do Sporting, oferecendo ao seu treinador a prenda mais desejada, de um golo magnífico, em remate de primeira e numa situação em que apareceu liberto de marcação na área do Boavista.

Em vantagem, no intervalo, o Sporting conseguia um primeiro e essencial objetivo, obrigando o Boavista a fazer as despesas do jogo na segunda parte, tomando iniciativa, arriscando e abrindo espaços para contra ataques letais.

Como se veria, o jogo estava longe de estar jogado. Petit mandou a sua equipa jogar mais subida, arriscou, de facto, com uma pressão alta sobre a primeira fase de construção do Sporting e causou evidentes incómodos e momentos de muita intranquilidade.

Surgia, porém, cedo, um lance que poderia ter liquidado, de vez, a ambição do Boavista e o jogo. Um erro de Abascal ofereceu a Edwards uma oportunidade de golo em bandeja de prata. O avançado do Sporting desperdiçou o lance numa finalização caricata.

Pressentiu-se, na altura, que esse acabaria por ser um lance decisivo, caso se mantivesse a tradição futebolística que nos diz que quem não mata acaba por morrer. E assim teria sido se o excelente remate de Bozenik (76 minutos) não tivesse acontecido apenas 27 centímetros à frente do traço mortal do VAR.

E em dois lances se terá jogado, pois, a sorte das duas equipas no jogo. Nada de estranho em futebol.

E Pote mata o jogo

O golo anulado não roubou ânimo nem esperança ao Boavista. A equipa acreditava que, mesmo que não conseguisse virar o jogo, haveria de chegar ao empate. Pressionou mais, obrigando os centrais do Sporting a jogarem longo, sem pretenderem guardar a bola, e abriu o seu ataque com alas junto à linha e mais gente com presença na área.

O jogo estava, pois, em aberto quando Pote, num gesto de maestro da filarmónica de Nova Iorque, fez do cruzamento de Esgaio um golo definitivo. Aos oitenta e cinco minutos de jogo, tudo se resolvia a contento de Rúben Amorim. O golo marcou o fim da discussão. O Boavista desistiu, o Sporting respirou de alívio e conseguiu, enfim, exibir-se. Poderia ter feito mais golos nesse período final, mas seria demasiado cruel, se é que os deuses do futebol alguma vez aceitarão os frágeis sentimentos dos pobres humanos.

No fim da história, uma conclusão feliz para o leão que viu reforçar a sua posição de rei no campeonato. É só à nona jornada? É verdade. Muito jogo ainda está por jogar, mas ser líder anima muito.

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