Mais um ano, no mesmo lugar, mesmos problemas e sobre as mesmas pessoas.
É assim que se pode definir a situação das inundações urbanas na Cidade de Inhambane, que, ano após ano, afectam várias famílias do Bairro Chalambe, na capital da Terra da Boa Gente.
Mas, desta vez, quando todos pensavam que o perigo já tinha passado, a “dor de cabeça”, ou melhor, a chuva chegou e pegou todos de surpresa.
Segundo as famílias que falaram ao “O Pais”, tudo começou de noite, depois que a chuva começou a cair por volta das 17 horas.
Sandia Bangal, uma das pessoas ouvidas no local, conta que despertou depois da meia-noite, quando ouviu o grito das suas crianças e quando foi a correr para o quarto delas, foi aí que percebeu que a água já estava dentro da sua casa. Ela conta que levou os seus filhos para o seu quarto, sendo que apenas a sua cama estava alta o suficiente para evitar que eles molhassem.
Mas, naquela situação, dormir era uma missão impossível, de tal modo que aquelas famílias passaram a noite sentadas à espera que a água baixasse.
Aliás, quando o “O País” esteve em Chalambe, a água nunca mais baixava e até as 17 horas de quarta-feira, o cenário que se vivia era de casas inundadas completamente e anunciava uma noite de incertezas.
O problema já é conhecido, por isso foi instalado naquele bairro um tubo para drenar as águas, mas não está operacional.
É que segundo apuramos no local, a referida tubagem de drenagem está entupida e deixou de exercer a sua função.
De outro modo, no ano passado, algumas famílias foram retiradas dali para zonas seguras no bairro Muelé 3, entretanto as chuvas desta semana revelaram que nem todos que deviam sair, foram reassentados.
Márcia José é residente naquele bairro há muitos anos e conta que em 2021 houve um levantamento das famílias que deveriam sair de Chalambe para Muelé 3. Entretanto, depois do levantamento nada mais foi dito, sendo que apenas viram alguns dos seus vizinhos serem reassentados.
No Bairro Balane, o “O País” encontrou uma rua que deu lugar a uma espécie de lagoa. Ninguém se atreve a colocar a viatura ali, e os que tentam passar a pé, só, têm de se ajeitar.
O assunto é tão antigo que a região ganhou o nome de “Xitalamati”, uma expressão em língua citsua que se traduzida significa uma zona que enche de água.
Já foram apresentadas várias propostas para resolver o problema daquele lugar, mas nenhuma delas foi executada. A única coisa em curso, neste momento, é o uso de uma motobomba para drenar água até à praia, mas nem isso pode acontecer enquanto estiver a chover.