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“Função Pública está doente” e com “corrupção tubarão”, diz Brazão Mazula

Brazão Mazula disse que a Função Pública está doente. O antigo reitor da Universidade Eduardo Mondlane considerou que os funcionários públicos não sabem o que é um Estado e como gerir o bem público.

Foi num seminário sobre transparência na Função Pública que Brazão Mazula partilhou o seu pensamento sobre corrupção e a prestação de serviços nas instituições do Estado.

Será que o Estado rouba? Questionou Mazula. “Em princípio não! Alguém retrocava, referindo-se às instituições do Estado e todos os serviços distritais, como de educação que subtraem da folha do vencimento dos professores, uma quantia considerável do seu salário como contributo do partido no poder.

“Por outro lado, os partidos de oposição obrigam as autarquias em seu poder a retirar do orçamento público um certo valor para os seus partidos”, acrescentou Brazão Mazula.

Os desvios, segundo Mazula, são interpretados como excesso de zelo e, por isso, não são processados nem punidos, porque não são tidos como crimes. O académico entende que os vários casos de corrupção denunciam falta de formação moral e ética dos funcionários e pessoas envolvidas.

“Podemos dizer que a Função Pública está doente? Sim, podemos afirmar que ela está doente”, reiterou.                     

O também antigo Presidente da Comissão Nacional de Eleições critica ainda os dirigentes públicos e entende que “não têm a consciência da responsabilidade de ser dirigente de uma instituição do Estado. O mais grave é que esse tipo de dirigentes são os primeiros a discursar sobre a corrupção e falam da democracia, apresentando-se como santos da Função Pública, quando, por trás, estão a esconder a corrupção e talvez adiar o julgamento dos seus actos”.

Para o reitor da Universidade Pedagógica de Maputo, Jorge Ferrão, a corrupção em Moçambique nasce da construção do Estado e que tudo começou depois de 1975, quando se lançava o projecto de criação de um Estado socialista.

“Imediatamente, os focos de corrupção iniciaram-se porque o país deu muitas oportunidades para a corrupção do que para se ser moral devidamente”, explicou.     

As reflexões foram partilhadas esta quinta-feira e tinham como pano de fundo a integridade e transparência no serviço público, o desafio para a satisfação do cidadão. 

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