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FNB prevê economia moçambicana a “boleia” do carvão e gás

Os investimentos substanciais nos sectores de carvão e gás de Moçambique irão ajudar a manter a economia no “bom caminho” este ano, apesar do efeito dos dois ciclones que o país sofreu em Março e Abril.

Uma análise do First National Bank (FNB) tornada pública esta terça-feira, prevê que Moçambique cresça mais rapidamente do que os seus vizinhos, embora admita que “levará tempo para avaliar o impacto global dos ciclones Idai e Kenneth”.

A equipa de pesquisa de mercados globais do FirstRand, o maior grupo financeiro em África por capitalização bolsista, do qual o FNB Moçambique faz parte, espera que o crescimento de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB) registado no primeiro semestre deste ano se mantenha até ao final do ano.

Para a economista Celeste Fauconnier, economista do RMB (braço do Grupo FirstRand) para a África Subsaariana, refere que a médio e longo prazo, a economia moçambicana irá beneficiar dos investimentos no sector de hidrocarbonetos e pelo início das exportações de gás em 2023.

Já o administrador-delegado adjunto do FNB Moçambique, Paulo Pereira, sublinha o forte compromisso e confiança do FirstRand em relação à economia moçambicana, através do forte investimento que os accionistas estão a fazer num ambicioso plano de transformação e reposicionamento no mercado, envolvendo um alinhamento de toda a sua estrutura e competências, sistemas, processos críticos e rede de distribuição.

Lembrando, que em meados de Maio, o Executivo de Maputo aprovou o desenvolvimento do projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL) da Bacia do Rovuma, liderado pela Eni e pela Exxon Mobil, que irá gerar USD 46 biliões.

Uma vez tomada a Decisão Final de Investimento prevista para o final do ano na Área 4 do Rovuma, o trabalho na fábrica irá começar. Em Junho, a Anadarko decidiu prosseguir com a construção de um terminal de liquefacção e exportação de gás para explorar um dos campos offshore (mar) de GNL na Área 1 da Bacia do Rovuma, um projecto avaliado em USD 25 biliões.

Como resultado desses desenvolvimentos, a taxa de crescimento do PIB de Moçambique irá chegar a dois dígitos até 2023-24 e, nos próximos cinco anos, espera-se que ultrapasse de longe a taxa de crescimento anual média da África Subsaariana de 3,9%.
Este potencial irá apoiar a atractividade dos activos moçambicanos e do metical a longo prazo.

 

DANOS CAUSADOS PELO CICLONE

Escrevendo no último informe semestral para África Subsaariana do RMB, Fauconnier diz que os ciclones recentes afectaram principalmente o sector agrícola de Moçambique, porque as culturas e a infra-estrutura necessária para o transporte de produtos agrícolas foram danificadas.

O ciclone atingiu na véspera de uma colheita crítica de milho do país, causando estragos em milhares de hectares de colheitas.
A agricultura é o maior empregador do país, portanto, a demanda do consumidor também será afectada negativamente.

“Os danos nas estradas, pontes e casas ao redor da Beira, causados pelo ciclone Idai, aumentaram a pressão sobre os preços, principalmente nos alimentos, que têm a maior ponderação no índice de custo de vida”, realçou a economista.

Acrescentando, que é provável que isso leve a inflação de seu nível baixo actual de 3,9% em 2018 para uma média de cerca de 6% este ano.

Em 2020 e 2021, a expectativa das equipes de pesquisa de mercados globais do FNB e RMB é que  a depreciação do metical, os efeitos de base e um sector agrícola fraco contribuam para que se mantenham as pressões inflacionárias, ainda que com efeitos contidos.

 

POLÍTICAS DE INTERVENÇÃO

O Banco de Moçambique reduziu a taxa básica de juros para 12,25% em Agosto, em resposta à desaceleração da inflação e à procura pouco acentuada, elevando os cortes acumulados para 900 pontos base desde 2017.

Isso, segundo ainda os economistas deste departamento, ajudou a apoiar o crescimento da procura de financiamento.
No entanto “o espaço para novos cortes nas taxas de juros é limitado. É improvável que a política monetária seja mais restringida nos próximos dois anos, para evitar que o crescimento económico seja prejudicado”.

Na ausência de apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), e como o Governo moçambicano enfrenta a necessidade de gastar em reconstrução, espera-se que o défice fiscal atinja 6,5% do PIB em 2019 e 6% em 2020. Deverá diminuir até 2023, com base nas receitas do sector de petróleo e gás.

TENDÊNCIAS DA MOEDA

As equipas de pesquisa de mercados globais do FNB e RMB acreditam que o potencial de longo prazo de Moçambique como exportador de gás irá ajudar a mitigar a desvalorização do metical, com alguma pressão de curto prazo podendo ser gerida por via da utilização das reservas estrangeiras.

Recentemente, o metical valorizou-se devido à redução da demanda em dólares, reflectindo as intervenções políticas, as conversões de investidores e doadores, e o facto de os importadores terem adiado as compras de divisas antecipando uma taxa mais favorável.

Embora haja alguma fraqueza na moeda a curto prazo, quando a produção e as exportações de gás começarem em 2023, a expectativa do FNB e RMB é que o metical se fortaleça.

 

 

 

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