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Filipe Nyusi inteira-se do funcionamento dos órgãos descentralizados em Tete

Tete é a segunda província do país receber, desde ontem, a visita presidencial do Presidente da República, Filipe Nyusi. A porta de entrada foi o norte da província, no distrito de Chifunde, onde inaugurou o Palácio da Justiça. Seguiu depois para centro, concretamente no distrito de Cahora Basssa, onde na vila Sede, Chitima, inaugurou a Conservatória Distrital de Registos e Notariado e, depois, a Delegação Distrital do Instituto Nacional de Segurança Social. Todas foram cerimónia muito rápidas, marcadas por visitas às instalações

 

Terminados esses eventos, o Chefe de Estado foi à cidade de Tete, onde reuniu primeiro com o Conselho Executivo Provincial e depois com o Conselho dos Serviços de Representação do Estado, em separado. Filipe Nyusi explicou o objectivo da visita presidencial, que é de conhecer pessoalmente os quadros que compõem os órgãos e depois saber como eles estão a funcionar no novo figurino de governação provincial, para além de saber das dificuldades e do estágio de implementação do Plano Económico e Social (PES) para o presente ano e, por fim, como é que as províncias estão a lidar com a crise causada pela pandemia da COVID-19.

Na reunião do Conselho de Representação do Estado, o Chefe de Estado pediu que cada um dos membros se apresentasse. Pediu igualmente que cada um falasse do que está a ser esta experiência de governação bicéfala na província. Todos fizeram-se de rogados, mas Filipe Nyusi não. Decidiu colocar algumas perguntas a alguns deles. E começou com o director das Actividades Económicas, ao qual quis saber do estágio de fiscalização da pesca ilegal na Albufeira de Cahora Bassa.

O titular do pelouro respondeu que a mesma ocorre mas com algumas dificuldades devido ao reduzido número de fiscais. O Presidente da República retorquiu questionando se as multas aplicadas não compensariam maior esforço, tendo o director respondido positivamente.

Na ocasião, o director das Actividades Económicas disse que o sector que que dirige tinha três barcos para fiscalizar toda a albufeira que tem mais de 200 quilómetros de extensão. Mas o Chefe de Estado considerou que tal não devia ser problema, porque é uma área circunscrita, se comparado com as outras províncias que são banhadas pelo oceano.

Outra preocupação de Filipe Nyusi teve a ver com a produção agrícola, procurou saber se Tete era auto-suficiente na batata-reno, no tomate e na cebola e se esses produtos abasteciam as grandes superfícies comerciais. O respectivo responsável da área respondeu que apenas era auto-suficiente no tomate e que a província importa alguma quantidade de batata e cebola, e o que é localmente produzido não era comercializado nos supermercados devido à suposta fraca qualidade e à regularidade do fornecimento do produto.

Filipe Nyusi não gostou de ouvir e questionou se não era possível produzir atendendo esses requisitos e se a província não tinha algum plano para reverter essa situação, e sentenciou que Tete não pode nem deve mais importar os produtos acima referidos.

Disse ainda que durante a sua passagem por Chifunde foi confrontado a questão relacionada com a inexistência da ponte sobre o rio Tsandzo, que tem estado a dificultar a circulação de pessoas e bens naquele distrito. Questionou se estava sob alçada do Governo Provincial e ou da Secretaria do Estado, ao que o director das Infra-estruturas respondeu que a rede viária terciária está na responsabilidade do Governo Provincial. No entanto, não sabia qual seria a extensão da ponte e sugeriu ao Presidente que o delegado da Administração Nacional de Estradas (ANE) desse mais detalhes. Neste contexto, o delegado da ANE disse que a mesma teria uma extensão de 86 metros, mas não sabia quanto é que haveria de custar ao Governo a sua construção.

O Presidente da República ficou indignado, porque considera que é urgente resolver aquela situação até porque o seu Executivo está a encomendar a construção de pontes metálicas que poderia ser a solução para o caso vertente.

Nyusi falou ainda com a comandante Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), à qual questionou sobre o controlo da imigração ilegal, pois diz ter informações de que há pessoas que usam as fronteiras de Tete para irem até ao norte do país ilegalmente. A dirigente respondeu que a Polícia que guarnece a fronteira tem estado a fazer esforços para controlar a migração mas a exiguidade de meios, principalmente circulantes, tem dificultado o trabalho. Recordou ainda que Tete tem fronteira com três países, nomeadamente Zimbabwe, Zâmbia e com Malawi, daí que controlar essas fronteiras a pé tem sido difícil.

Nyusi continua a trabalhar, esta quinta-feira, em Tete, onde deverá lançar o projecto Sustenta, do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural.

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