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Falta de esperança no futuro leva jovens a aderirem ao terrorismo, diz Igreja Católica

A Igreja Católica expressou hoje preocupação e indignação pela situação vivida pelos milhares de cidadãos obrigados a abandonar as suas terras por causa do terrorismo na província de Cabo Delgado.

Através de uma Carta Episcopal, emitida nesta sexta-feira, os bispos católicos descrevem o terror vivido pela população e apontam a falta de esperança, como um dos factores que atrai os jovens ao terrorismo.

“Em Cabo Delgado pessoas indefesas são mortas, feridas e abusadas. Eles veem os seus bens pilhados, a intimidade dos seus lares violada, suas casas destruídas e cadáveres de seus familiares profanados” descrevem, através de um comunicado.

Para a Igreja Católica, está cada vez mais claro que, por detrás do que se vive em Cabo Delgado, estão interesses de grupos que se querem apoderar da nação e dos seus recursos.

“Trata-se de recursos que, em lugar de serem postos ao serviço das comunidades locais, e tornarem-se fontes de sustento e desenvolvimento com a construção de infra-estruturas, serviços básicos, oportunidades de trabalho, são subtraídos, na total falta de transparência, alimentando a revolta e o rancor, particularmente no coração de jovens e tornando-se fontes de descontentamento, divisão e luto”, dizem na carta.

Para os Bispos Católicos, a adesão dos jovens aos grupos é motivada por frustrações relacionadas com a falta de esperança no futuro.

“Reconhecemos que um dos motivos fortes que move os nossos jovens a se deixarem aliciar e juntarem-se às várias formas de insurgência, desde a criminalidade ao terrorismo, ou também, aquela outra insurgência, não menos nociva, do extremismo político ou religioso, assenta na experiência da ausência de esperança num futuro favorável por parte dos nossos jovens. Sentem que a sociedade, e quem toma decisões ignoram o seu sofrimento e não escutam a sua voz”, salienta a carta episcopal.

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