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“Estado deve aumentar a produção e alargar a base fiscal para deixar de estar sufocado com despesas de salário”

Foto: O País

Amade Camal diz que o Estado deve aumentar a produção e alargar a base fiscal para deixar de estar sufocado com despesas de salário. O gestor empresarial diz também que o Estado moçambicano teve a oportunidade de ter independência financeira quando houve corte do apoio internacional ao Orçamento do Estado.

Em dia de estreia como comentador no Noite Informativa, programa televisivo da Stv Notícias, esta quarta-feira, o empresário Amade Camal falou do corte de água nos hospitais e em outras instituições em Quelimane, na Zambézia, dizendo que tal revela mediocridade na gestão, isto porque, no seu entendimento, houve desvios de aplicação por parte dos gestores das instituições devedoras à empresa Águas da Região Centro

Amade Camal abriu o Noite Informativa (como comentador), falando de uma das coisas que mais passou a vida a fazer: gestão.

Abordou um dos temas actuais, o corte no fornecimento de água às instituições públicas na Zambézia, com destaque para hospitais.

Primeiro apurou alguns dados e soube que, afinal, a Águas da Região Centro tinha proposto que as dívidas fossem pagas a partir de Janeiro, num modelo que fosse o mais conveniente para os devedores. Mas tal não aconteceu.

Por isso, entende que nada mais a empresa podia fazer, até porque precisa de ter receitas para continuar a garantir o fornecimento de água aos clientes cumpridores.

“Se esta empresa tem que comprar electridade, produtos químicos, fardamentos, tem que pagar salários, como é que vai fazer se os seus maiores consumidores não pagam? E, depois, pões em risco um milhão de pessoas. Há algum hospital que vai conseguir resolver o problema sanitário de um milhão de pessoas que bebem água não potável? Não. E porque não pagam? Desvios de aplicação”, diz o empresário de 49 anos de experiência como empresário, que acrescenta que que o desvio de aplicação pode ser sinal de outros problemas. O comentador é conciso ao defini-los: “Mediocridade na gestão”.

Bom, esta é uma parte da gestão, mas a olhar para o funcionamento de toda a Administração Pública, o Estado debate-se com mais problemas. 54% Das despesas de funcionamento são com salários. Para este desafio, Amade Camal aponta possíveis saídas para reverter o cenário.

“A maneira de resolver isto é aumentar a produção, a produtividade e a base tributária”, tendo como argumento o facto de, dos contribuintes do Estado, apenas 18% serem os que pagam impostos.

Fora o aumento da produção e base fiscal, o empresário diz que a despesa deve reduzir. E como reduzir, sendo que acima da metade desta despesa destina-se aos salários? Amade Camal diz que o salário tem o pressuposto de prestação de serviço com qualidade, o que, segundo diz, não acontece na Função Pública.

“Se perguntarmos a maioria dos moçambicanos, eu diria que 66% dirá que não está satisfeita com os serviços. Portanto, se está a pagar salários a pessoas que não produzem o que devem”.

E o empresário aponta o dedo ao Estado que contrata, afirmando que este não fiscaliza, nem dá metas para poder exigir dos seus contratados.

O comentador do Noite Informativa fala igualmente da crise que o país viveu quando, na sequência do despoletamento do caso das dívidas ocultas, houve corte do apoio ao Orçamento do Estado. Afinal, para ele não era crise, era sim oportunidade para o país aumentar a produção e garantir ser autossustentável sem depender de apoios.

Depois da sua estreia no Noite Informativa, Amade Camal passa a ser um dos rostos do programa como convidado toda a quarta-feira.

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