Uma estrada avaliada em cerca de 80 milhões de Meticais, com cerca de 12 quilómetros de extensão, foi abandonada pelo empreiteiro. A obra, iniciada em 2020, liga vários bairros da Matola, Marracuene e Moamba, na Província de Maputo. Agastados, os utentes exigem explicações.
Quando a construção da estrada começou, até parecia um alívio para os moradores dos bairros Boquisso, Mukatine e Vundissa. Mas toda a expectativa está a esvaziar-se, uma vez que a prometida obra está sem fim à vista.
Castro Novela, transportador, viu-se forçado a desembarcar todos os passageiros, porque a sua viatura avariou em plena marcha, devido às péssimas condições da via.
“O carro parou e eu vinha com passageiros. A viatura partiu rótulas e amortecedores. Neste momento, estou a desembarcar os passageiros e tenho de procurar o material para fazer a reparação. O material é caro, mas vou comprar para repor o carro”, desabafou.
É uma vida difícil para os utentes e moradores que precisam da via em condições para desenvolverem as suas actividades. Os produtos de primeira necessidade, esses, são caros devido ao mau estado da estrada, e o acesso ao transporte é o principal obstáculo para os moradores.
“É isto que estão a ver, a estrada parou, a obra foi abandonada e nós passamos mal com isto; tudo fica complicado; a nossa vida está muita cara”, reclamou.
E nos dias de chuva a situação complica-se ainda mais, já que os transportadores encurtam as rotas ou encarecem a tarifa.
Ao longo do troço onde ainda não foi colocado o pavê, a transitabilidade quase não existe. Miguel Mulhovo, que conduz o seu “txopela” para colocar pão em cima da mesa, diz que trabalhar naquela via é um verdadeiro sacrifício.
E para quem deve trabalhar com mototáxi, ou seja “txopela”, o esforço não compensa. “Não compensa mesmo, há riscos de avarias, mas estamos aqui. Eu prefiro não trabalhar aqui, mas enfim, é nossa estrada.”
Dado o abandono da obra, os sinais de trânsito, de velocidade e de direcção, estão no chão. Uma parte do pavê está a ser danificada e há indivíduos desconhecidos que roubam o material. A via é da responsabilidade da Administração Nacional de Estradas, delegação da Província de Maputo, que ainda não se pronunciou, mesmo depois de vários contactos.